Taxas futuras de juros têm novo dia de alta no Brasil ainda sob efeito da inflação dos EUA

Publicado 11.04.2024, 16:55
Atualizado 11.04.2024, 17:00
© Reuters. Moedas de 1 real
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após a forte elevação da véspera, as taxas dos DIs fecharam a quinta-feira novamente em alta no Brasil, ainda sob a influência dos dados de inflação dos EUA, que fizeram as apostas de início dos cortes de juros nos EUA migrarem para julho ou setembro.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,07%, ante 10,033% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,215%, ante 10,159% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,53%, ante 10,486%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,85%, ante 10,817%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,34%, ante 11,296%.

Na prática, todos os vencimentos voltaram a apontar taxas de dois dígitos.

Na quarta-feira, os juros futuros no Brasil já haviam avançado de forma consistente, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA subir 0,4% em março, acima do esperado, disparando um forte movimento de reprecificação de cortes de juros nos EUA.

Nesta quinta-feira, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA trouxe alívio momentâneo, ao subir 0,2% em março, após aumento não revisado de 0,6% em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,3% no mês passado.

Durante o dia, os rendimentos dos Treasuries oscilaram entre altas e baixas, mas as apostas de um adiamento dos cortes de juros nos EUA permaneceram, o que continuou a sustentar a curva a termo no Brasil.

“Ontem (quarta-feira) foi de alta muito forte (na curva), que ainda reflete hoje. Saiu o CPI, muito forte, e depois alguns membros do Fed também se pronunciaram”, comentou Vitor Oliveira, especialista em renda fixa da One Investimentos.

Nesta quinta, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que "as perspectivas futuras são incertas e precisaremos continuar dependentes dos dados".

Já o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, disse que os últimos dados de inflação mostram que o banco central "ainda não está onde queremos", enquanto a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, afirmou que a força da economia dos EUA e o recuo desigual da inflação são argumentos contrários a um impulso de curto prazo para reduzir a taxa básica de juros.

No geral, o teor dos comentários foi cauteloso.

“O grande motivo da abertura da curva no Brasil é o risco de um alongamento de juros altos nos EUA”, pontuou Oliveira ao analisar o cenário.

O diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, também destacou em comentário enviado a clientes a importância do Fed para as próximas decisões do Banco Central do Brasil.

“Caso o Fed corte juros em setembro ou mais para a frente, a tese de corte de 50 bps em junho devido à inflação local benigna não deve acontecer. Aliás, será preciso repensar com base na movimentação do dólar até quando o Copom conseguirá cortar a taxa Selic”, afirmou Faria Júnior. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano.

Perto do fechamento desta quinta-feira a curva a termo brasileira precificava 72% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o BC. As apostas em corte de apenas 25 pontos-base já estão em 28% -- nos últimos dias, com a mudança no cenário norte-americano, essas apostas vêm aumentando.

No caso de junho, a curva precificava praticamente 100% de chances de corte de 25 pontos-base da Selic.

Nos EUA, apesar do vai e vem dos yields durante o dia, a precificação na curva seguia apontando para cortes mais adiante. No fim da tarde, conforme a ferramenta CME Fed Watch, eram 4,5% de chances de corte de juros em maio, 22,6% em junho, 48,2% em julho e 69,9% em setembro.

Às 16h49, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 3 pontos-base, a 4,938%. Já o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 1 ponto-base, a 4,568%.

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