Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Apesar das quedas recentes no preço da ação da Vale, causadas principalmente pela volatilidade nos preços do minério de ferro, o BTG Pactual continua a defender que o papel está barato, sobretudo considerando os dividendos esperados.
Além disso, o banco aponta que, mesmo em um cenário em que o minério de ferro custaria US$ 100 por tonelada, a ação continuaria barata.
O BB-BI, por sua vez, aponta como fatores positivos para a performance da companhia a demanda consistente de minério de ferro pela China, o retorno gradual do minério ao patamar normalizado, a perspectiva de retomada da capacidade produtiva de 400 Mtpa de minério, os preços mais altos do que o projetado para metais básicos, a manutenção dos impactos financeiros de Brumadinho dentro das estimativas, os avanços em ESG e a alta rentabilidade e geração de caixa.
O BTG recomenda Compra para os ADRs (NYSE:VALE) da companhia, com preço-alvo de US$ 30. O BB-BI, por sua vez, tem preço-alvo de R$ 125 para a ação negociada no Brasil (SA:VALE3), também com recomendação de Compra, enquanto espera que os ADRs alcancem US$ 24.
Em relação aos dividendos, o BTG espera o pagamento de US$ 5,3 bilhões no fim de setembro, além de dividendos extraordinários de US$ 2,7 bilhões, implicando em um yield de cerca de 8,5%. “Ainda que a maioria dos investidores pareça estar fixada na correção do preço do minério de ferro, acreditamos que há menos atenção a este ‘evento’ do que deveria”, argumenta o banco.
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Ainda nesta frente, o BTG ressalta que, com estes pagamentos, a Vale distribuiria quase US$ 20 bilhões em retorno aos acionistas em 2021, “o que consideramos substancial e sem paralelos na indústria”.
O banco aponta ainda que a gestão continua sinalizando que a maior parte da geração de caixa deverá ser devolvida aos acionistas e permanece disciplinada na alocação de capital. Além disso, o BTG espera cada vez mais progresso na agenda ESG.
O BB-BI, no entanto, também enumera riscos para o papel, como a desaceleração da atividade industrial global, uma queda significativa nos preços do minério, incrementos substanciais nos custos, atrasos relevantes na retomada de capacidade produtiva de minério, falha em proceder com a estratégia para metais básicos e novos eventos de rompimento de barragem.
Briquete verde
O BB-BI destaca também como ponto forte para a companhia a divulgação do novo produto, o briquete verde, com menor custo de produção e redução na emissão de gases de efeito estufa na produção de aço. A iniciativa, na análise do banco, faz parte da estratégia da companhia para liderar a mineração voltada ao atendimento da tendência de descarbonização da indústria siderúrgica.
“Em nossa visão, o anúncio foi bastante positivo, mostrando que, além da busca pela retomada da liderança global em volumes, a empresa deu um passo concreto em direção a se posicionar na liderança do mercado de minério de ferro de baixo carbono, para aumentar sua competitividade e assegurar a perenidade dos negócios frente à transformação da siderurgia e das cadeias produtivas no futuro”, diz o banco em relatório.