Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A estratégia da Viveo nos últimos anos se traduz na expectativa de se tornar um "one stop shop" do setor de saúde. A empresa atua em segmentos que vão desde vacinas e medicamentos até utensílios como algodão e lenços, e também serviços de logística.
Desde 2017, a Viveo já realizou 19 aquisições, que ampliaram o market share e os segmentos atendidos pela companhia. A integração dessas novas empresas também ajudaram a Viveo a crescer organicamente 15% ao ano desde 2018. “Até 2024, a gente deve extrair R$ 111 milhões em sinergias”, diz Flávia Carvalho, diretora de Relações com Investidores e M&A, em entrevista ao Investing.com Brasil, .
A executiva afirma que atualmente o portfólio da empresa possui praticamente 100% de todos os medicamentos que um hospital consome, cerca de 60% dos produtos utilizados e também é líder em distribuição de medicamentos, com 25% do mercado privado.
Além disso, a Viveo possui uma frota própria para fazer a logística e distribuição para clientes e indústria e também atua na parte de gestão de estoques e serviços e oferece um programa de suporte ao paciente que é contratado pela indústria.
Carvalho traz mais detalhes sobre como a Viveo planeja aumentar o seu espaço no mercado, ajudando também na consolidação do setor de saúde que ainda é bastante fragmentado. Veja mais da entrevista:
Investing.com Brasil - A empresa fez 19 aquisições em 12 meses. Qual a estratégia por trás disso?
Flávia Carvalho - O M&A é meio e não fim. Então a gente acredita que a aquisição traz para a empresa tudo aquilo que se a gente construísse de forma orgânico ia demorar mais tempo. Então a gente compra uma empresa em alguma área que a gente já atua, ganha market share e ainda ajuda a acelerar a consolidação do mercado. Ou, também, fazemos negócios para entrar em mercados onde não estamos presentes e que, daí, já compramos uma empresa que tem o know-how
Inv.Br - Como a Viveo consegue fazer essa integração com as novas empresas?
FC - No "marco zero", todos os times já estão integrados. Por exemplo, compramos uma empresa que faz a distribuição de medicamentos. Mapeamos quais são todos os processos da empresa desde o momento em que a aquisição é fechada. Uma vez que a companhia está aqui dentro de casa, começamos a desenvolver um plano bem detalhado, com uma equipe multidisciplinar, para fazer a integração.
Inv.Br - Há mais alguma outra área dentro da cadeia de saúde que a empresa está de olho?
FC - O mercado de saúde é bem grande, então a gente está sempre olhando. Se uma empresa fizer sentido para aumentar o portfólio de produtos ou ganhar numa área específica, podemos analisar. As áreas onde estamos atuando ainda são muito fragmentadas e estamos sempre olhando o que tem de oportunidade.
Inv.Br - Como a empresa está observando o cenário econômico mais adverso? Isso irá impactar futuras aquisições?
FC - Hoje, estamos muito mais alavancado do que a gente estávamos há um ano atrás, porque estávamos com os recursos. Já tivemos uma alavancagem acima do que a que a gente tem hoje, mas, dado ao cenário de taxa de juros, não gostaríamos de ter uma alavancagem muito superior aos patamares do que estamos rodando hoje. Mas somos uma companhia que gera muito caixa e desalavanca rápido, e estamos comprando companhias boas. É claro, fizemos 19 aquisições nos últimos 18 meses, mas não vamos fazer 19 aquisições nos próximos 18 meses. O ritmo com certeza vai ser outro e, com certeza, seremos mais criterioso. Mas também não significa que a nossa agenda vai cessar por completo.
Inv.Br - A pandemia trouxe um momento atípico para as empresas de saúde, mas o mercado agora espera por uma normalização do setor. Como essa “normalização” afetará a empresa? Como a retomada das operações eletivas devem afetar a empresa?
FC - A beleza de ter um portfólio em áreas distintas e ser um ecossistema é que a gente consegue ser uma empresa bem resiliente. Quando estavámos em 2019, fomos fazer o orçamento para 2020 e, obviamente não tínhamos bola de cristal e ninguém saberia que ia ter uma pandemia. Mas quando a gente chegou no final de 2020, atingimos exatamente o orçamento que a gente tinha se proposto em 2019, só que com um mix muito diferente. Por exemplo, teve mais vendas de EPI em detrimento das cirurgias eletivas. Então, dependendo do momento que a gente está, vai ver uma divisão ou uma linha ou uma um produto que está sendo mais favorecido ou menos favorecido dependendo da dinâmica de mercado. Agora, vemos as cirurgias eletivas e tivemos também uma volta dos tratamentos, principalmente, quando se está falando de oncologia.