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Conversa com Lula pedida por Maduro não tem prazo para ocorrer, dizem fontes

Publicado 02.08.2024, 17:59
Atualizado 02.08.2024, 18:00
© Reuters. Lula e Maduro no Palácio do Planalton29/05/2023nREUTERS/Ueslei Marcelino
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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O telefonema pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ainda não tem prazo para ocorrer, e só acontecerá após coordenação do líder brasileiro com os presidentes do México e da Colômbia, disseram nesta sexta-feira à Reuters três fontes que acompanham as negociações.

A ideia, explicaram as fontes, é que Lula, ao conversar com Maduro, seja um porta-voz da posição dos três países que têm adotado posição unificada sobre a crise pós-eleitoral na Venezuela, e não apenas do Brasil.

Lula conversou na quinta-feira com o mexicano Andrés Manuel López Obrador e com o colombiano Gustavo Petro antes da divulgação de um comunicado conjunto pelos três países. Na conversa, ficou acertado que os chanceleres de Brasi, Colômbia e México trabalharão em uma proposta de negociações para o governo e a oposição da Venezuela.

Os três presidentes concordaram em manter a pressão para que o governo Maduro apresente as atas de votação com detalhes das seções eleitorais, além de tentarem abrir um canal de negociação entre Maduro e o candidato oposicionista, Edmundo González, em uma tentativa de tentar evitar uma escalada de violência e repressão no país.

Depois da conversa entre os presidentes, os ministros das Relações Exteriores de Brasil, Colômbia e México fizeram uma reunião por videoconferência para iniciar as discussões sobre a posição a ser levada pelo trio a Maduro e à oposição.

Apenas depois disso Lula deve conversar com Maduro. O presidente brasileiro parte para o Chile, no domingo, em uma visita de Estado, voltando ao Brasil apenas na terça à noite. Antes disso não existe possibilidade dessa conversa ocorrer, disseram as fontes.

A intenção dos três países é colocar em uma mesa de negociações Maduro e González. A ideia de retirar dos holofotes Maria Corina Machado, a maior líder da oposição venezuelana, é deliberada, segundo as fontes. Apesar de ter o comando da maior parte da oposição, Machado não é aceita como interlocutora pelo governo Maduro, o que poderia trazer um elemento de dificuldade nas negociações.

"De qualquer forma, a ideia é que as conversas sejam entre os candidatos, e o candidato da oposição é o González, explicou uma das fontes.

Nesta sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgou os números de votos recebidos pelos candidatos e os percentuais, com 97% das urnas apuradas, mas ainda não divulgou as atas de votação, cobradas pela comunidade internacional.

Maduro, que está no poder desde 2013, foi declarado pelo CNE como vencedor da eleição, mas a oposição afirma que sua contagem mostra González com mais do que o dobro do apoio do atual mandatário -- patamar similar ao apontado por pesquisas independentes que foram conduzidas antes da eleição.

 

ESTADOS UNIDOS

© Reuters. Lula e Maduro no Palácio do Planalto
29/05/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino

A posição do governo dos Estados Unidos de reconhecer González como presidente eleito, divulgada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na quinta-feira, foi vista pelos três governos como um elemento complicador, segundo uma das fontes.

Na terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou a Lula para tratar da situação na Venezuela. Na conversa, ficou acertado que os dois países manteriam conversas sobre a questão, e concordaram na intenção de cobrar transparência na divulgação dos resultados.

As declarações de Blinken pegaram os presidentes de Brasil, México e Colômbia de surpresa. "A posição dos Estados Unidos tirou deles qualquer possibilidade de participar em uma negociação", avaliou um diplomata brasileiro.

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