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Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrentará um teste decisivo em uma eleição local que poderá inviabilizar reformas econômicas ambiciosas, já que seu experimento de austeridade alimenta as tensões sociais.
Milei conseguiu domar a inflação descontrolada com um plano de austeridade implacável e pretende manter seu experimento econômico pouco ortodoxo, gerando mais confiança dos investidores e bloqueando qualquer lei que o atual Congresso, controlado pela oposição, possa aprovar e que afete as finanças do país.
Esse plano depende de uma vitória eleitoral nas eleições de meio de mandato em outubro.
Embora a perspectiva para outubro seja favorável a Milei, os analistas dizem que uma eleição local na província de Buenos Aires, em 7 de setembro, pode representar um desafio para o líder da direita radical. Seu partido enfrentará os poderosos peronistas de centro-esquerda em seu território, que atualmente é governado por eles e que também abriga 40% dos eleitores do país.
"O único ponto de interrogação é a província de Buenos Aires", disse Lucas Romero, analista da empresa de consultoria Synopsis, que afirmou que a eleição local pode ser uma indicação de como será a votação de outubro. A derrota em outubro "prejudicaria a capacidade (de Milei) de garantir ao mercado que suas mudanças econômicas podem durar anos".
"E o impacto da eleição de setembro lançaria dúvidas sobre essa eleição", acrescentou.
Embora muitos eleitores tenham comemorado a redução da inflação, que deve cair abaixo de 30% ao ano este ano, em comparação com os números de três dígitos no passado recente, os cortes drásticos nos gastos públicos provocaram protestos de aposentados, professores e médicos.
Uma pesquisa recente da empresa de consultoria D’Alessio IROL/Berensztein mostrou que o índice de aprovação de Milei caiu de 46% para 43%, enquanto a desaprovação aumentou de 53% para 55%.
A empresa de consultoria Trespuntozero destacou que a popularidade de Milei -- um fator-chave na campanha eleitoral do partido governista -- caiu quase 4 pontos, para 44%, em agosto.
"A província de Buenos Aires está em um empate entre o peronismo e o La Libertad Avanza (partido de Milei)", disse Shila Vilker, diretora da Trespuntozero, à Reuters, acrescentando que a intenção de voto no Libertad Avanza está um pouco abaixo dos 44%.
"O foco principal do governo é vencer as eleições de outubro", disse à Reuters uma fonte do governo que pediu para não ser identificada. "As eleições de setembro (em Buenos Aires) são difíceis de analisar: em algumas áreas temos uma vantagem, mas é mais complicado em outras."
Uma pesquisa realizada em agosto pela empresa de consultoria Analogias mostrou que o peronismo -- agrupado sob o nome de Fuerza Patria -- estava em 36,9% e La Libertad Avanza em 32,3%.
"Será uma eleição acirrada. Teremos um bom resultado em algumas áreas e eles terão um bom resultado em outras", disse Jessica Rey, ministra das Comunicações da província. "Queremos mostrar que a ’motosserra’ (símbolo das medidas de austeridade de Milei) não é a solução."