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Por Jennifer Rigby
LONDRES (Reuters) - A pressão das empresas de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados está impedindo que os governos implementem políticas de saúde que salvam vidas, disse a Organização Mundial da Saúde na quinta-feira.
As Nações Unidas dedicarão um dia ao combate de doenças não transmissíveis, como câncer e doenças cardíacas, na próxima quinta-feira, durante seu encontro anual em Nova York. A OMS, agência de saúde da ONU, afirma que os produtos contribuem para essas condições.
Em um relatório separado, a OMS concluiu que US$3 por pessoa investidos pelos governos em doenças não transmissíveis poderiam salvar mais de 12 milhões de vidas e gerar uma economia de US$1 trilhão até 2030.
Mas a declaração da OMS afirma que os governos geralmente enfrentam um intenso lobby dos setores que tentam bloquear, enfraquecer ou atrasar as políticas, que vão desde impostos sobre a saúde até restrições de comercialização para crianças.
"Muitas vezes, os governos enfrentam uma oposição feroz dos setores que lucram com produtos não saudáveis", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa na quinta-feira.
O médico Etienne Krug, diretor do departamento de determinantes da saúde, promoção e prevenção da OMS, afirmou: "É inaceitável que os interesses comerciais estejam lucrando com o aumento de mortes e doenças".
Representantes dos setores de alimentos, tabaco e álcool rejeitaram essa caracterização, dizendo à Reuters que saúdam a oportunidade de contribuir para a discussão sobre como reduzir os danos e que o diálogo é importante.
Na reunião da ONU, os governos devem chegar a um acordo sobre novas metas para doenças não transmissíveis e um roteiro de como chegar lá, mas grupos de saúde alertaram que o rascunho da declaração política já foi diluído.
Empresas de tabaco como a Japan Tobacco International, bem como associações do setor de alimentos e cerveja, disseram à Reuters que a ONU convida o setor a participar, e isso pode resultar em políticas mais eficazes.
A International Food and Beverage Alliance afirmou que era impreciso equiparar alimentos a tabaco e álcool.
"Discordamos veementemente da caracterização de nosso setor como obstrução ao progresso", acrescentou Rocco Renaldi, secretário-geral da aliança do setor, que representa empresas de alimentos e bebidas não alcoólicas.
As empresas de tabaco disseram que a discussão é importante. "A OMS não deve temer o diálogo -- deve acolhê-lo", declarou porta-voz da Philip Morris International.