Por Emmanuel Jarry e Dhara Ranasinghe
PARIS/LONDRES (Reuters) - O candidato independente e de centro Emmanuel Macron aparentemente consolidou seu favoritismo na corrida presidencial da França nesta quinta-feira, enquanto a poeira do rancoroso debate televisionado com a rival de extrema-direita Marine Le Pen baixava.
Três dias antes do segundo e decisivo turno da eleição francesa mais importante em décadas, o prêmio demandado por investidores para manter títulos franceses no lugar de alemães recuou para o menor nível em seis meses, refletindo a percepção de que Le Pen, cuja eventual Presidência os mercados veem como um pesadelo, perdeu sua última chance de desbancar Macron.
Em jogo estão duas visões diametralmente opostas da Europa e do lugar da França no mundo. Le Pen fecharia as fronteiras e descartaria o euro, enquanto Macron quer uma cooperação maior com o continente e uma economia mais aberta.
De acordo com uma pesquisa relâmpago do instituto Elabe para a BFMTV, 63 por cento dos telespectadores consideraram Macron o mais convincente dos dois candidatos no debate da noite de quarta-feira, reforçando seu status de favorito para ocupar o Palácio do Elysée.
Uma segunda sondagem da Harris Interactive revelou que 42 por cento das pessoas achou o político de 39 anos mais cativante no debate, durante o qual os oponentes trocaram farpas sobre a economia, o euro e o combate ao terrorismo.
Vinte e seis por cento considerou Le Pen, de 48 anos, mais persuasiva, enquanto 31 por cento não escolheu nenhum candidato, disse a Harris.
Já nesta quinta-feira, uma pesquisa de intenção de voto da Ifop-Fiducial mostrou Macron ampliando sua liderança sobre Le Pen – era de 60 a 40 por cento no dia anterior e passou para 61 a 39 por cento.
A primeira enquete sobre a eleição parlamentar de junho, publicada na quarta-feira, apontou o movimento criado por Macron há um ano, o En Marche! (Avante!), também encaminhado para emergir como o maior partido do Parlamento, levando a crer que ele conseguiria implementar seu programa.
Enquanto isso, a procuradoria da França iniciou uma investigação sobre as queixas da campanha de Macron a respeito de notícias falsas que estariam sendo disseminadas para influenciar a votação.
Macron negou anteriormente as alegações de que ele usou um paraíso fiscal estrangeiro, como divulgado nas mídias sociais e referido por Le Pen durante o debate. Ele a acusou de espalhar mentiras.
Separadamente, a campanha de Le Pen emitiu um comunicado dizendo que seu site vem sendo atacado frequentemente por hackers ao longo da corrida eleitoral e que fez uma queixa à polícia.
O ex-presidente norte-americano Barack Obama endossou Macron em uma mensagem de vídeo divulgada pelo En Marche! nesta quinta-feira, elogiando-o por apelar "às esperanças das pessoas, e não aos seus medos".