Por John Irish
PARIS (Reuters) - O jogo de estreia do time de Israel contra a equipe do Mali nesta quarta-feira passou pelo primeiro grande teste de segurança antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, com torcedores dos dois lados tentando minimizar o contexto político e curtir a partida.
A França levou cerca de mil policiais em conjunto com o próprio time de segurança de Israel, Shin Bet, para receber milhares de torcedores para o chute inicial. Eles isolaram as ruas ao redor do Parque dos Príncipes, no oeste parisiense, e criaram um perímetro de alguns quilômetros ao redor do estádio.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 acontecem em meio a preocupações de segurança e aumento das tensões geopolíticas, incluindo a guerra de Israel contra o Hamas.
Os atletas israelenses estão sendo escoltados por unidades táticas de elite para os eventos, além de receber proteção 24 horas por dia durante a Olimpíada, afirmam autoridades.
O jogo do grupo D, que terminou em empate por 1 a 1, foi visto pelo ministro francês do Interior, Gerald Darmanin, e pelo presidente israelense, Isaac Herzog. Não houve nenhum grande incidente, já que os torcedores resolveram deixar a política de lado.
Bandeiras do Mali e de Israel eram vistas aos montes na torcida. Antes do jogo, torcedores estavam interagindo. Dentro do estádio, os torcedores do Mali pareciam em maior número e cantaram mais alto do que os adversários israelenses.
O hino nacional israelense foi vaiado no início, mas esses gritos foram abafados. Alguns torcedores tinham bandeiras palestinas.
Algumas pessoas, no início do jogo, ficaram próximas ao gramado com camisetas brancas escritas “Liberte à Palestina”. Após alguns minutos, os seguranças intervieram.
"Não me importo com a minoria que não quer Israel aqui", disse Michael Levy, 50, cujo sobrinho Ethan joga pelo time israelense. Ele afirmou que foi ao estádio para se divertir. "O antissemitismo é uma doença e não estou aqui para ser a cura".
Outros torcedores israelenses também disseram querer uma "trégua olímpica", para esquecer a guerra em Gaza e aproveitar as festividades.
País de maioria muçulmana, Mali cortou relações com Israel em 1973 depois da guerra de Yom Kippur. Antiga colônia francesa, Mali conta com uma grande diáspora na França, que foi em peso torcer pela seleção.
(Reportagem de John Irish; reportagem adicional de Yves Herman, Juliette Jabkhiro e Layli Foroudi)