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Por Olena Harmash e Dan Peleschuk
KIEV (Reuters) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, prometeu nesta quarta-feira manter a independência das agências anticorrupção, cedendo à pressão dos primeiros protestos de rua em tempos de guerra e às raras repreensões de aliados europeus.
Pelo segundo dia consecutivo, milhares de pessoas em todo o país -- de Kharkiv, no nordeste, à capital Kiev e a Lviv, no oeste -- saíram às ruas exigindo a reversão de lei que restringe a independência dos órgãos anticorrupção.
Em discurso noturno à nação nesta quarta-feira, Zelenskiy disse que deve apresentar um novo projeto de lei para garantir o Estado de Direito e manter a independência dos órgãos anticorrupção.
"É claro que todos ouviram o que as pessoas estão dizendo hoje em dia... nas mídias sociais, umas para as outras, nas ruas. Não está caindo em ouvidos surdos", disse Zelenskiy.
Milhares de pessoas compareceram a um segundo dia de protestos no centro de Kiev, próximo ao gabinete de Zelenskiy.
Nas primeiras manifestações do conflito, jovens, ativistas e veteranos de guerra cantaram "Vergonha" e "Veto à lei".
"É como uma facada nas costas, para ser sincera", disse à Reuters Maryna Mykhalchuk, de 26 anos, que tem amigos mortos na guerra e planeja entrar para o Exército em breve.
Parlamentares da oposição e autoridades europeias também pediram a reversão da lei, assinada por Zelenskiy durante a noite.
A lei dá ao procurador-geral nomeado por Zelenskiy mais poder sobre duas agências investigativas anticorrupção. Ela foi aprovada às pressas pelo Parlamento na terça-feira, um dia após a prisão de duas autoridades anticorrupção por suspeita de ligações com a Rússia.
Em uma declaração conjunta, as duas agências -- a agência anticorrupção Nabu e os promotores especializados Sapo -- disseram que queriam sua independência restaurada por meio da legislação.
A expectativa é que o Parlamento realize uma sessão de emergência na próxima semana para considerar o novo projeto de lei do gabinete de Zelenskiy, afirmaram diversos parlamentares.
CRÍTICAS
A lei fez com que alguns dos aliados europeus da Ucrânia fizessem suas mais fortes críticas ao governo de Zelenskiy desde a invasão da Rússia em fevereiro de 2022.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou forte preocupação a Zelenskiy e pediu uma explicação, segundo um porta-voz.
Os críticos da lei afirmam que o governo parece estar tentando controlar as agências anticorrupção para proteger autoridades.
Após décadas de corrupção endêmica na Ucrânia, a limpeza do governo tem sido considerada a principal condição para que o país se junte à UE, obtenha bilhões de dólares em ajuda externa e se integre de forma mais ampla ao Ocidente.
A questão corre o risco de antagonizar os aliados mais leais de Kiev em um momento em que o país busca suavizar o relacionamento com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, que frequentemente critica Zelenskiy.
"As instituições anticorrupção da Ucrânia são vitais para seu caminho de reforma. Restringi-las seria um retrocesso significativo", disse o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Caspar Veldkamp, em um post no X.
Benjamin Haddad, ministro de Assuntos Europeus da França, disse que não era tarde demais para reverter a decisão.
Analistas políticos ucranianos afirmaram que a legislação corre o risco de minar a confiança da sociedade em Zelenskiy em meio a um estágio crítico da guerra contra a Rússia.
(Reportagem adicional de Anastasiia Malenko)