Contrariando suas próprias premissas de não ceder às pressões de índices de alta frequência e de principalmente não ceder às pressões da curva, o Banco Central decidiu no Copom ontem elevar os juros em 300 bp (150+150 contratados) e põe a taxa nos vértices da curva em território já contracionista, ou seja, acima da neutra.
Ao governo, crescem os desafios com o adiamento da votação da PEC dos precatórios.
Como citamos aqui, o aspecto da inflação brasileira é de difícil controle, pois a porção que reage à melhora da demanda e gradual retomada da atividade econômica não é majoritária e pior, está ainda em recuperação, a qual deverá se perder em partes para o próximo ano, ou seja, dependerá de estímulos do governo.
Setores que performaram positivamente até agora como imobiliário e agrícola podem sofrer pois, ainda que em diferentes dimensões, dependem de crédito abundante, com custos competitivos, o que já tem se dissipado na verdade, em vista às pressões nos juros a mercado.
A inflação local tem primeiramente um elevado peso da volatilidade e desvalorização cambial, a mesma que represou significativamente as pressões de preços no ano passado, mas que tinham o contraponto da pandemia para evitar o passthrough mais intenso e por fim, sofre com a inflação global e o choque de ofertas ainda sem completa resolução, em especial dos países asiáticos.
Outro ponto de nossa crítica é esta percepção de inflação temporária adotada por bancos centrais no mundo todo e citada pelo Copom logo na primeira linha do comunicado como mais persistente do que o esperado.
O modo como os BCs tem agido em nível global continua assustadoramente irresponsável, em especial por adotar expedientes de teorias monetárias modernas (MMT) que comprovadamente não tem aderência à realidade. BCs tendem agora a correr atrás da curva e ainda assim, o devem fazer de maneira compassada.
Na nossa realidade, o BC deve atuar em um número mais expressivo de frontes de forma a tentar amenizar uma inflação que não se combate somente com juros, portanto a efetividade da decisão de ontem depende de um ataque à desvalorização do Real frente ao dólar e de políticas como por exemplo sob os compulsórios, caso contrário, esta elevação de juros será tão efetiva quanto às anteriores, ou seja...
É um cenário difícil ao BC, pois abusou das taxas excessivamente baixas no passado, gerou volatilidade cambial, achatamento de margens de lucros e pressão inercial de inflação para esta ano, portanto não deu certo o forward guidance de diversas maneiras; sinalizou 50, deu 75; prometeu 75 e deu 100 e agora prometeu 100 e deu 150 bp.
Alguma coisa não está certa.
Atenção hoje ao IGP-M, Governo Central, na Europa a decisão de juros e nos EUA, auxílio desemprego e PIB.
Abertura de mercados
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, na expectativa com balanços corporativos e da decisão de juros por parte do BCE.
Em Ásia-Pacífico, mercados em queda, após a manutenção da política monetária pelo BoJ.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos a partir dos 10 anos de vencimento.
Entre as commodities metálicas, quedas, destaque ao minério de ferro exceto cobre.
O petróleo abre em queda em Londres e Nova York, devido à maior alta nos estoques americanos.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -1,12%.
Câmbio
Dólar à vista : R$ 5,5384 / -0,51 %
Euro / Dólar : US$ 1,16 / -0,155%
Dólar / Iene : ¥ 113,63 / -0,097%
Libra / Dólar : US$ 1,38 / 0,007%
Dólar Fut. (1 m) : 5565,91 / -0,13 %
Juros futuros (DI)
DI - Julho 22: 10,73 % aa (3,22%)
DI - Janeiro 23: 11,51 % aa (-0,69%)
DI - Janeiro 25: 11,81 % aa (-0,92%)
DI - Janeiro 27: 11,90 % aa (-0,50%)
Bolsas de valores
Fechamento
Ibovespa: -0,0530% / 106.363 pontos
Dow Jones: -0,7444% / 35.491 pontos
Nasdaq: 0,0009% / 15.236 pontos
Nikkei: -0,96% / 28.820 pontos
Hang Seng: -0,28% / 25.556 pontos
ASX 200: -0,25% / 7.430 pontos
Abertura
DAX: -0,151% / 15682,16 pontos
CAC 40: 0,461% / 6784,64 pontos
FTSE 100: -0,228% / 7236,77 pontos
Ibovespa Futuros.: 0,14% / 107346,00 pontos
S&P 500 Futuros.: 0,19% / 4553,25 pontos
Nasdaq 100 Futuros: 0,340% / 15652,00 pontos
Commodities
Índice Bloomberg: -0,44% / 104,61 ptos
Petróleo WTI: -1,03% / $81,29
Petróleo Brent: -1,02% / $83,57
Ouro: 0,00% / $1.797,58
Minério de ferro: 0,47% / $122,36
Soja: 0,24% / $1.243,00
Milho: -0,22% / $556,75
Café: 0,15% / $202,65
Açúcar: 0,20% / $19,78