Em maio, publiquei uma análise sobre o dólar em que mencionei que, sob uma perspectiva técnica, o dólar operaria em um range significativo entre R$5.40 e R$5.60, atuando como uma importante zona de suporte. É com satisfação que observamos o dólar buscar e atingir esses alvos intermediários, validando a análise técnica apresentada.
No entanto, o cenário global continua em constante evolução e exige atenção. Desde a publicação, alguns desdobramentos importantes adicionam novas camadas de incerteza e volatilidade aos mercados:
- Desdobramentos do "Tarifaço Trump": O "Tarifaço Trump" anunciado em 2 de abril de 2025, continua a ser um fator de impacto. Nos últimos 30 dias, as preocupações com as tarifas e seus efeitos na economia global persistem, gerando volatilidade nos mercados de ações e impulsionando o aumento dos fluxos de capital para o ouro, especialmente na China. Nos EUA, o mercado de ações tem mostrado um declínio.
- A Nova Tensão Irã-Israel: O recente escalonamento do conflito entre Irã e Israel trouxe um novo elemento de risco geopolítico. Inicialmente, observamos um aumento nos preços do petróleo e uma queda nos mercados de ações globais, seguidos por uma busca por ativos de segurança como o ouro e o próprio dólar. Embora os mercados tenham mostrado sinais de estabilização, a possibilidade de uma escalada do conflito, especialmente com impactos em rotas de comércio cruciais como o Estreito de Ormuz, pode levar a um aumento sustentado nos preços do petróleo e, consequentemente, a pressões inflacionárias, o que impactaria diretamente as decisões de política monetária e a dinâmica do dólar.
Continuaremos monitorando de perto esses eventos e seus impactos no mercado cambial e global. A capacidade de adaptação e a análise contínua serão cruciais para navegar neste cenário atípico.
Análise Técnica: Confirmada a Região de Inflexão e Novos Alvos no Horizonte
A imagem acima detalha a movimentação do par USDBRL e reforça pontos cruciais da nossa análise técnica. As setas em vermelho destacam os múltiplos testes das extremidades da importante Região de Inflexão, que se estende entre R$5,60 e R$5,40. Esta região, conforme podemos observar no gráfico, está mais do que confirmada como um ponto técnico de extrema relevância para o dólar.
Com a resiliência demonstrada por essa zona, podemos afirmar com certa tranquilidade que dificilmente o dólar romperá o patamar de R$5,40 sem que haja algum tipo de pullback. Essa expectativa de um movimento de retorno pode nos oferecer alguns dias valiosos para ajustes de posições, rolagens e reavaliação de estratégias.
Dito isso, a continuidade do movimento descendente nos leva a observar a Onda C – uma corretiva clássica – que se desenha no gráfico. Ao projetarmos essa onda, utilizando a Projeção de Fibonacci e considerando o histórico de preços (como a máxima de 2023, por exemplo), chegamos a alguns alvos importantes. As setas em verde na imagem indicam esses potenciais níveis, sendo o principal deles a projeção de 161% de Fibonacci em R$5,15.
Este cenário reforça a necessidade de acompanhar de perto a evolução do dólar, atento tanto aos testes na região de inflexão quanto aos alvos técnicos que se desenham à frente.
Próximos Passos para o Seu Radar
Diante do exposto, com os alvos intermediários atingidos e a região de inflexão confirmada, mantemos a perspectiva de um mercado cambial sensível às variáveis globais e domésticas. A volatilidade é uma constante e a agilidade nas decisões faz a diferença.
Reforçamos os alertas do nosso primeiro texto de maio e, para os próximos movimentos, mantenha em seu radar as seguintes estratégias, que podem ser cruciais para a proteção e otimização de suas operações:
- Venda tática de dólar (hedge reverso): Para quem busca proteger posições ou capitalizar sobre eventuais recuos do dólar.
- Diversificação internacional com janela cambial favorável: O momento pode ser oportuno para realocar parte dos investimentos em ativos estrangeiros, aproveitando a taxa de câmbio.
- Travamento inteligente de câmbio para exportadores: Uma estratégia essencial para garantir previsibilidade e proteger as margens em operações de exportação.
Para uma compreensão mais aprofundada da dinâmica do câmbio, incluindo a relação entre DXY e Ouro, a influência dos juros americanos e uma leitura mais ampla da linha do tempo do dólar nos últimos anos, convido novamente à leitura do meu artigo original publicado em 15 de maio. Lá, abordei outros ativos e fatores que complementam essa visão.
Bons investimentos.