- O dólar avança diante da intensificação dos riscos geopolíticos e da alta do petróleo, que reforçam a busca por ativos considerados mais seguros.
- A postura cautelosa do Federal Reserve dá sustentação à moeda, mas o cenário permanece incerto diante das pressões inflacionárias e da crescente expectativa por cortes de juros.
- Do ponto de vista técnico, a resistência próxima de 99,6 pode limitar os ganhos do DXY na ausência de um volume de compras mais robusto.
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Com os ataques dos Estados Unidos a três instalações nucleares no Irã no fim de semana, a percepção de risco aumentou e o dólar voltou ao centro das atenções. A moeda iniciou a semana em alta, sustentada pela demanda por ativos de proteção, pela valorização do petróleo e por expectativas de uma política monetária mais restritiva por parte do Federal Reserve.
Nas últimas duas semanas, o dólar tem testado patamares não vistos desde março de 2022. Na semana anterior, o índice reduziu o ritmo de queda após a entrada de compradores, recuperando-se da região de 97 para 99. O movimento de alta se manteve neste início de semana, com o índice oscilando próximo desse nível.
Essas movimentações recentes indicam que os eventos políticos e econômicos estão exercendo papel central na definição da trajetória da moeda americana.
Demanda por porto seguro volta com tensão geopolítica
Os ataques dos EUA ocorreram poucos dias após o presidente Trump afirmar que tomaria uma decisão “dentro de duas semanas”. O mercado chegou a alimentar expectativas de uma solução diplomática, mas, dada a postura imprevisível de Trump, a ofensiva não surpreendeu muitos investidores.
Agora, os agentes de mercado acompanham de perto os desdobramentos da resposta iraniana, que pode incluir ataques a bases americanas ou tentativas de bloquear o Estreito de Ormuz. Esses riscos aumentaram a aversão ao risco, pressionando os mercados acionários globais e fortalecendo o dólar como moeda de proteção.
O tom mais firme adotado pelo Federal Reserve na última semana e a possibilidade de que fluxos comerciais de petróleo sejam redirecionados aos EUA em caso de bloqueio de Ormuz também contribuíram para dar suporte à divisa americana. O episódio reafirma o papel do dólar como ativo de reserva em momentos de instabilidade.
Alta do petróleo reforça dólar — mas até quando?
Como um dos maiores exportadores globais de petróleo e gás natural liquefeito (GNL), os Estados Unidos tendem a se beneficiar de cotações mais elevadas. A valorização das commodities energéticas melhora o saldo da balança comercial americana e amplia a demanda internacional por dólares para pagamento das importações.
Os contratos do Brent e do WTI abriram a semana com alta próxima de 2%. Apesar do impulso inicial, os preços não avançaram com maior intensidade graças à capacidade ociosa da Opep+, que tem funcionado como elemento estabilizador. Ainda assim, o risco latente de bloqueio no Estreito de Ormuz mantém os preços sob pressão.
Caso esse risco persista, países importadores como Japão e membros da zona do euro podem enfrentar dificuldades adicionais, o que tende a reforçar ainda mais o apelo do dólar nos mercados globais.
Fed equilibra pressão inflacionária e expectativa por cortes
A alta do petróleo tem implicações não apenas comerciais, mas também sobre a política monetária dos EUA. Como o Federal Reserve tem como mandato o controle da inflação, sua resposta aos custos energéticos será observada com atenção. Em declaração recente, o presidente do Fed, Jerome Powell, alertou que as tarifas de Trump e o aumento do petróleo podem reacender as pressões inflacionárias, o que reforça a estratégia de cautela e dependência de dados.
Esta semana trará indicadores importantes, incluindo os PMIs, dados de vendas de imóveis e, sobretudo, a leitura do núcleo da inflação PCE, um dos principais termômetros do Fed. Embora os juros tenham sido mantidos na última reunião, as projeções atualizadas mostraram revisão para cima da inflação esperada, o que reduz a probabilidade de cortes no curto prazo. Ainda assim, declarações do diretor Christopher Waller, que mencionou a possibilidade de um corte em julho, foram interpretadas como um sinal mais brando.
Além disso, eventos internacionais devem influenciar o comportamento dos mercados. A Cúpula da Otan em Haia e o depoimento de Powell ao Congresso podem alterar as expectativas. Caso Trump adote um tom conciliador, os mercados podem reagir positivamente. Já Powell, ao falar no Senado, pode reforçar ou suavizar a leitura de política monetária, com impacto direto na precificação dos cortes futuros.
Análise técnica do dólar (DXY)
Resumidamente, o dólar segue sustentado por três pilares principais: a intensificação do conflito geopolítico, a alta do petróleo e a política restritiva do Fed. Com os preços da energia em alta, os EUA se beneficiam como fornecedores globais, o que estimula a demanda pela moeda. Ao mesmo tempo, a manutenção de juros elevados nos EUA preserva sua atratividade frente a outras divisas.
Esses fundamentos, contudo, são frágeis. Uma resposta mais agressiva do Irã ou uma mudança repentina na postura do Fed podem alterar o cenário. Por isso, os movimentos seguem contidos e acompanhados de cautela.
Tecnicamente, o índice DXY tenta reverter a tendência de baixa dos últimos três anos. Iniciou a semana rompendo o canal descendente vigente desde janeiro. Caso esse rompimento se confirme, o primeiro alvo está na retração de Fibonacci em 99,65, o que poderia sinalizar o início de uma reversão mais ampla.
Se o DXY encerrar o pregão acima de 99,65, os próximos objetivos estarão nos patamares de 100,75 e 102,52. Ainda assim, a ausência de volume expressivo na recente alta sugere que o movimento é frágil. Isso significa que qualquer deterioração adicional no front geopolítico ou nos dados econômicos pode levar o índice de volta à região de 99.
Do ponto de vista técnico, o dólar mostra sinais de sobrecompra no curto prazo. Caso falhe ao romper a resistência em 99,6, há espaço para um recuo em direção a 97, especialmente se o ímpeto enfraquecer ou o apetite ao risco se recuperar.
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