- Os investidores devem se preparar para mais volatilidade no mercado acionário, diante de três grandes eventos de risco.
- O índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA, os últimos dados de varejo e os preços no atacado estarão em foco, em meio à incerteza com a política monetária do Federal Reserve.
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A próxima semana será decisiva para definir o cenário de curto prazo do Federal Reserve em relação às taxas de juros, já que o banco central dos Estados Unidos enfrenta o desafio complexo de equilibrar sua luta contínua para conter a inflação e, ao mesmo tempo, arrefecer a economia, sem empurrá-la para uma recessão.
Até a manhã desta sexta-feira, 8, os mercados financeiros atribuíam uma probabilidade de 94% de o Fed manter as taxas inalteradas em sua reunião deste mês, em comparação com apenas 6% de chance de um aumento de 25 pontos-base, de acordo com o Monitor de Taxas do Fed, do Investing.com.
Fonte: Investing.com
Mas o que o Fed fará além de setembro ainda permanece uma incógnita, com futuros aumentos ainda não completamente descartados.
Na verdade, os investidores agora atribuem uma probabilidade de cerca de 40% de o Fed elevar sua taxa de juros de referência em um quarto de ponto percentual para uma faixa entre 5,50% e 5,75% em sua reunião de novembro.
Fonte: Investing.com
Ao mesmo tempo, as expectativas de cortes de taxas até o início de 2024 praticamente desapareceram.
Com os investidores cada vez mais inseguros em relação aos planos de política monetária do Fed, muita coisa está em jogo na próxima semana, à medida que o rali em Wall Street começa a mostrar sinais de fraqueza, devido ao aumento das taxas das treasuries, ao aumento dos preços do petróleo e à valorização do dólar.
Quarta-feira, 13 de setembro: dados do IPC nos EUA
Dado que o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que seu principal objetivo é controlar a inflação, os dados de inflação medidos pelo IPC na próxima semana terão um papel fundamental na determinação das ações do Fed até o final de 2023.
O governo dos EUA divulgará o relatório de agosto na quarta-feira, 13 de setembro, às 9h30 no horário de Brasília, e é provável que os números mostrem que os preços continuam crescendo a um ritmo muito superior à meta de 2% do Fed.
Segundo o Investing.com, a expectativa é que o índice de preços ao consumidor suba 0,5% no mês, após um aumento de 0,2% em julho. A taxa anual de inflação deve atingir 3,4%, acelerando em relação à taxa anual de 3,2% do mês anterior.
Fonte: Investing.com
Enquanto isso, o núcleo do IPC de agosto - que exclui preços de alimentos e energia - deve aumentar 0,2%, em linha com o aumento de julho. As estimativas para a variação anual apontam para um ganho de 4,5% em comparação com os 4,7% do mês anterior.
Fonte: Investing.com
Esse número é observado de perto pelas autoridades do Fed, que acreditam que ele fornece uma avaliação mais precisa da direção futura da inflação.
Projeções
- Acredito que os dados enfatizarão o substancial risco de um renovado aumento na inflação, o que forçará o Fed a elevar as taxas de juros pelo menos uma vez antes do final do ano e, em seguida, mantê-las em níveis mais altos do que o esperado.
- Dado o recente aumento nos preços de energia, creio que as pressões inflacionárias se acelerarão nos próximos meses, resultando em outra onda de inflação elevada, o que continuará a pressionar o Fed a manter seus esforços para conter os crescentes preços ao consumidor.
- Com o petróleo e a gasolina em alta, o IPC poderia voltar a ultrapassar a faixa de 5,1% a 5,5% até o final do ano. Dessa forma, os níveis de inflação podem permanecer elevados por um período mais prolongado do que o atualmente antecipado pelos mercados financeiros.
- Levando isso em consideração, a batalha do Fed contra a inflação está longe de terminar.
Quinta-feira, 14 de setembro, dados de varejo nos EUA, IPP
Os dados econômicos dos Estados Unidos serão o foco dos investidores na quinta-feira, 14 de setembro, às 9h30 no horário de Brasília, quando serão divulgados os relatórios de vendas no varejo e do Índice de Preços ao Produtor (IPP) de agosto.
Esses indicadores terão grande peso na decisão de política monetária do Fed, que será anunciada na próxima quarta-feira, 20 de setembro.
Depois que as vendas no varejo tiveram seu maior crescimento mensal desde fevereiro, no mês passado, a pergunta que não quer sair da cabeça dos investidores é até quando o Fed se manterá firme em sua missão de arrefecer a economia americana.
A expectativa é que as vendas no varejo tenham avançado 0,4% em agosto na comparação mensal, devido ao aumento das vendas de automóveis. Excluindo-se os setores de automóveis e gasolina, as vendas no varejo devem ter registrado uma alta de 0,5%.
Fonte: Investing.com
As vendas de automóveis respondem por cerca de 20% das vendas de varejo, mas tendem a ser extremamente voláteis e distorcem a tendência subjacente do setor. Por isso, os analistas prestam mais atenção aos dados do núcleo, que são considerados um termômetro mais confiável da demanda doméstica.
Já o IPP de agosto deve mostrar um aumento anual de 1,3%, acelerando em relação ao crescimento de 0,8% registrado em julho.
Esse seria o segundo mês consecutivo de alta nos preços no atacado em termos anuais.
Fonte: Investing.com
Por outro lado, o núcleo do IPP, que exclui os itens mais voláteis como alimentos e energia, deve desacelerar de 2,4% para 2,3% na mesma base de comparação. Apesar da leve queda, esse nível ainda é considerado elevado pelo Fed.
Projeções
- Esses dois relatórios devem reforçar a percepção de que a economia americana segue em um ritmo sólido, sustentada por um consumidor resiliente. Isso, por sua vez, deve manter a pressão sobre o Fed para que ele continue a elevar os juros a fim de evitar um superaquecimento da economia e um aumento da inflação.
- Em um discurso proferido em um simpósio econômico em Jackson Hole, Wyoming, no mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que os dirigentes monetários iriam “proceder com cautela ao decidir sobre mais apertos”, mas também deixou claro que o banco central ainda não concluiu que sua taxa de juros está alta o suficiente para garantir que a inflação convirja para a meta de 2%.
- Diante desse cenário, pode ser prudente que os investidores adotem uma postura cautelosa no curto prazo, pois, na minha opinião, o ambiente atual não é favorável para aumentar a exposição às ações.
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Aviso: No momento da escrita, o autor está comprado no Dow Jones Industrial Average através do SPDR Dow ETF (DIA). Da mesma forma, tinha uma posição comprada nos fundos Energy Select Sector SPDR ETF (NYSE:XLE) e Health Care Select Sector SPDR ETF (NYSE:XLV). O autor regularmente rebalanceia a carteira de ações individuais e ETFs com base na avaliação contínua do risco do ambiente macroeconômico e das finanças das empresas. As visões discutidas neste artigo correspondem exclusivamente à opinião do autor e não devem ser consideradas como uma recomendação de investimento.