Acredito que muitos investidores devem estar tentando entender o que aconteceu com o mercado financeiro após o segundo turno das eleições, ocorrido no final de outubro.
Refiro-me não somente ao mercado de bolsa, mas também ao de câmbio e taxa de juros.
Para posicionar o leitor, de novembro até o momento, o dólar acumula alta de aproximadamente 9%. Os juros futuros, na média, não ficam atrás e sobem perto de 9%.
Já o Ibovespa amarga perda de 15% no mesmo período analisado.
Grande parte dos investidores esperava uma reação diferente do mercado após a reeleição de Dilma, uma vez que tomou uma postura mais pró-mercado com a nomeação de uma equipe economia mais técnica, que pelo menos na teoria agradou.
Acontece que o mercado financeiro reage baseado em expectativas futuras. Estas por sua vez são fortemente influenciadas pela incerteza.
Os agentes financeiros detestam a incerteza. Já falei isso aqui em artigos anteriores. E nossa presidente tem imensa dificuldade, ou imenso prazer, em reduzir incerteza para o mercado.
Não quero dizer que seu dever do presidente é trabalhar para agradar o mercado financeiro, mas este é um forte aliado, principalmente para estimular a economia. Já escrevi sobre a letargia da presidente nesse artigo, basta clicar para ler.
Mas de outubro para cá a percepção de risco, somada as incertezas futuras do Brasil mudaram para os investidores, principalmente o estrangeiro. Mesmo com a equipe econômica renovada, os investidores não enxergam, ainda, a luz no fim do túnel.
Comecemos pela Petrobras, mais uma vez. A situação da estatal se deteriora a cada “Cidade Alerta”! Onde é mais comum saber das últimas notícias da empresa.
O governo incumbiu a estatal de controlar o preço dos combustíveis, ser um vetor de crescimento econômico através de fortes investimentos e ajudar no superávit com o leilão de das reservas. Soma-se a isso a Lava-Jato, a empresa não aguentou!
Mas o pior desse cenário de Petrobras é a contaminação da confiança nos agentes de mercado. Os desvios e a baixa governança literalmente queimam o filme brasileiro lá fora, contamina os mercados internos e afasta investimento estrangeiro.
Especificamente em dezembro adicionamos ao caldo a queda no preço do barril de petróleo.
Essa queda afetou a Rússia que elevou de forma substancial e inesperada sua taxa de juros a 17% ao ano. Tivemos o PMI da China de dezembro caiu de 50 para 49,5, o pior em 7 meses.
O que já estava ruim ficou pior. Investidores globais repercutem o risco de uma ação nos juros brasileiro similar a ocorrida na Rússia e a curva longa estressou e o dólar disparou.
Olhemos para o futuro! Como tirar proveito desse cenário?
Importante muita frieza por parte do investidor em momentos como esse.
Historicamente sabemos que momentos como o atual se traduz em grandes oportunidades, principalmente de longo prazo.
Para os amantes da renda fixa com uma pitada de risco, seria prudente começar a olhar para NTN-B. Para os mais conservadores as LCI´s e LCA´s ficam cada vez mais apetitosas com a Selic em patamares elevados. Você pode ler um artigo completo que escrevi sobre LCI e LCA.
Para os amantes da renda variável eu olharia com carinho para o setor bancário. Assunto que também já abordei aqui antes das eleições. Minha opinião não mudou e continuo achando uma boa janela de oportunidade.
Porem é importante fazer uma ressalva quanto a bolsa.
Nem tudo está barato. Esse conceito inclusive é complexo e o investidor não deve ser inocente ao ponto de achar que por que já caiu demais é hora de comprar.
Gustavo Lobo é analista de ações certificado
Autor do Ebook Os 7 Pilares do Investidor de Sucesso distribuído gratuitamente nesse link.