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O Que é Primário Para Seu Dinheiro Agora?

Publicado 26.04.2019, 11:02
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“Por muito tempo achei inevitável que alguma coisa ruim aconteceria em uma escala planetária: uma praga, um meteoro, algo que exigiria que a humanidade recomeçasse em algum outro lugar, como Marte. Um dia entrei no site da Nasa para ver que progresso estavam fazendo com o programa espacial de exploração de Marte e percebi que sequer pensavam em ir até lá em um futuro próximo.

Consegui 180 milhões de dólares quando eu e meus sócios vendemos o PayPal e me ocorreu que, se gastasse 90 milhões para comprar alguns mísseis balísticos intercontinentais ICBM da antiga União Soviética e enviasse um para Marte, poderia eu mesmo inspirar a exploração, em vez da Nasa.”

Isso é Elon Musk, justificando seu impulso para a criação da SpaceX. Quanto ele conhecia sobre foguetes e exploração aeroespacial? “Nada. Só comecei a ler livros a respeito.”

Há sempre alguma razão na loucura.

Quando fundamos a Empiricus, tínhamos um único propósito, mantido intacto até hoje: levar às pessoas físicas alternativas de investimento tão boas ou até mesmo melhores do que aquelas anteriormente exclusivas aos profissionais ou multimilionários, de maneira não conflitada.

Parecia loucura à época, claro. Encarada com desdém por quem sempre desdenhou do varejo.

Talvez tenham esquecido de uma característica bem ruim dos formatadores, para usar a terminologia de Ray Dalio: eles são um tanto obstinados. Estupidamente obstinados. “Não deixam nada nem ninguém entrar no caminho de suas metas audaciosas. (…) A necessidade que têm de atingir suas metas é maior do que a dor que suportam enquanto lutam para conquistá-las”, resume Dalio.

Torna-te quem tu és.

Nesta semana, estou particularmente feliz porque podemos, ainda que momentaneamente, focar na segunda parte do tal propósito único: “alternativa de investimento para o varejo melhor do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais e multimilionários.”

“Não me diga o que fazer com meu portfólio. Fale o que você está fazendo com o seu”, resume Nassim Taleb, nossa verdadeira alma mater.

Parte 2: O núcleo central da teoria é de que a tendência primária é de alta

Eu não sou um financista moderno — aqui no sentido das Finanças Modernas. Também não sou clássico, neoclássico, nem ortodoxo. Enquanto a Faria Lima e o Leblon debruçam-se sobre modelos para entender o mundo e projetar preços dos ativos a partir desse entendimento, procuro viver num mundo que não entendemos. O foco muda de decifrar a realidade para como a indecifrável realidade afeta seu portfólio.

Uma de minhas questões com a prática usual do mercado é a falta de preocupação com epistemologia (o estudo sobre a produção de conhecimento). Não há verdadeira preocupação com a validade ontológica do cotidiano adotado em bancos, corretoras, fundos e afins. Assume-se, por exemplo, que risco e volatilidade são a mesma coisa — ninguém questiona e vira verdade. O nível de seu risco é definido pelo desvio-padrão do fundo. Ponto-final. Até que o fundo com pouca vol é surpreendido por um cisne negro. O gestor da moda em 2017 ainda está na moda?

O valor justo de uma ação vem de um modelo associado à soma dos fluxos de caixa estimados de hoje até o infinito, trazidos a valor presente por uma taxa de desconto apropriada. Como ninguém faz a mais pura ideia de quais serão os tais fluxos de caixa futuros (afinal, eles estão no futuro!), o modelo acaba sendo apenas uma ferramenta para quantificar a subjetividade do analista — claro que dá contornos pseudocientíficos à coisa e traz uma certa tranquilidade para acalentar nosso desejo de controle (dizem: é o modelo matemático que está dizendo, não eu, o analista, claro!). Então, se o analista está otimista, ele pega o guidance da empresa e coloca uma banda de 5 por cento para cima. Outro mais pessimista faz o mesmo, mas aplicando 5 por cento para baixo. A conclusão vomitada do modelo de fluxo de caixa descontado, se a ação tem ou não bom potencial, já foi tomada ex-ante, se o analista gosta ou não gosta do respectivo papel.

Ah, mas tudo isso não importa. A razão é uma grande emoção, é o desejo de controle. Todos preferem ser enganados com a mentira “Este fundo tem por objetivo dar 150 a 170 por cento do CDI”, do que aceitar a dura verdade “Nós não sabemos quanto este fundo vai render, mas ele tem os melhores processos possíveis, a melhor equipe, a melhor alocação e a maior tecnologia; agora, se vai dar certo, não sabemos. Minha expectativa é de que sim, mas é apenas uma expectativa”.

O que me incomoda é que as práticas, mesmo quando são absurdos metodológicos, são replicadas a esmo, sem qualquer questionamento. A epistemologia da economia (ou das finanças) está relegada a matérias optativas impopulares nos cursos de graduação e pós-graduação da ciência jovem.

Minhas preocupações mais íntimas na gestão de portfólio sempre foram ligadas ao método. Mais do que tentar acertar a dica esperta ex-ante (a única dica esperta é que não há dica esperta), procuro avaliar posicionamentos financeiros de maneira ontológica.

Imre Lakatos ofereceu, talvez sem saber, excelentes contribuições para a alocação de recursos. Ele costuma ser apontado, junto a Karl Popper e Thomas Kuhn, como um dos importantes filósofos da ciência do século 20.

Uma das formulações interessantes de Lakatos é de que sistemas teoréticos são compostos por um núcleo forte, em torno do qual orbita um cinturão de teorias de suporte. O núcleo forte da teoria seria uma espécie de “pressuposto básico” que não deveria mais ser submetido ao teste da averiguação. Esse seria aplicado ao cinturão de suporte, que, por sua vez, se refutado, precisaria ser substituído por outro. O núcleo duro seria inatacável.

Conectei o Lakatos a um grande e brilhante investidor brasileiro, com quem tive o prazer de conversar ontem. Ele falava um pouco sobre como vê as coisas agora e seu método de investimento. Foi algo mais ou menos assim (os termos não foram exatamente esses, mas a essência está preservada):

“Felipe, a coisa mais fundamental para o investidor é identificar a tendência primária de um ativo ou mercado. Se é de baixa, lateral ou de alta. Eu entendo que o Brasil está num bull market, iniciado há três anos. E que vai durar alguns anos ainda. O Brasil é um cercadinho, entende? Sempre que parece que a gente vai cair no precipício, a gente bate no limite de baixo do cercadinho e volta para o meio. O Brasil é uma sociedade aberta e existe algo institucional aqui, não sei bem o que é, que impede a gente de virar uma Argentina ou uma Venezuela. Ao mesmo tempo, também tem a parte de cima do cercadinho — a gente também bate lá e volta. Mas não é esse o caso agora, porque a gente acaba de vir de anos de destruição, de ter batido na parte de baixo. Eu acho que esse momento agora, do pós-Dilma, daquela tragédia toda, pode ser um pouco do que foi a década de 90, após a perdição dos 80. A gente vai ter juro baixo pela primeira vez por muito tempo. E a alocação em ações está muito baixa, tanto dos locais, quanto dos estrangeiros em Brasil — é perto do all time low. Então, a tendência primária é de alta. Por isso, estou otimista.”

A tendência primária é o núcleo duro da nossa teoria.

Das aspas acima, infere-se que:

• Se a tendência primária é de alta, se cair, você compra. Vale (SA:VALE3) pro macro e também pro micro (em especial aquele micro com alguma correlação com o sistêmico). Se Petrobras (SA:PETR4) cai quase 10 por cento por conta do atraso no diesel, você compra. Se Rumo (SA:RAIL3) recua bastante em poucas semanas diante do temor com exportação de soja, você reforça posição. Se shoppings ou properties estão largados em Bolsa, você compra mesmo sem muito trigger.

• Você precisa ter estatais. As aspas são autoexplicativas.

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