Nome: Microsoft Corporation (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34)
Ticker: MSFT
Fundada em: 1975, por Bill Gates e Paul Allen
Preço: US$289,86
Valor de mercado: US$2,17 trilhões
Você pode não se lembrar, mas muito provavelmente na primeira vez que você usou um computador, você deve ter passado por sérias dificuldades. Não é para menos: não há nada remotamente parecido no nosso dia-a-dia, é uma tarefa completamente nova. E se ela não foi mais difícil, você seguramente deve agradecer à Microsoft. Graças aos seus sistemas operacionais focados na experiência do usuário, utilizar computadores passou a ser algo possível para além do mundo geek e dos prompts de comando.
Apesar do Windows ser de longe o produto mais conhecido da companhia, ele não foi o primeiro a ser lançado pela empresa e nem o responsável por colocar a Microsoft no mapa de principais players de sistemas operacionais. Seu primeiro produto foi o Altair BASIC, que permitia a criação de código executável para microcomputadores Altair 8800. Porém, foi somente com o lançamento do MS-DOS em 1980 que a companhia realmente começou a se destacar no setor.
Com o MS-DOS, a Microsoft já era detinha o maior volume de vendas de qualquer companhia de sistemas operacionais, mas o verdadeiro divisor de águas para a empresa seria o lançamento do Windows, em 1985. Com uma interface gráfica muito mais amigável do que outros sistemas disponíveis à época, o Windows rapidamente conquistou milhões de casas e escritórios e se tornou um dos carros chefes da companhia.
Se você está lendo esse texto em um computador, grandes são as chances de você já ser um cliente da Microsoft. Com mais de 80% de market share no mercado de sistemas operacionais para computadores, o Windows foi uma verdadeira revolução para economias e sociedades no mundo todo. Porém o que muita gente não sabe é que além do Windows, do Office e do Xbox, a companhia também é dona do Skype, Outlook, LinkedIn, Azure e GitHub.
Se preparando para jogar
Durante os anos 90 a Microsoft até tentou ganhar participação no mercado de games para PCs, mas a empreitada nunca chegou a ser muito relevante financeiramente para a empresa. O jogo mudaria com o lançamento do seu primeiro console em 2001, o Xbox. Inicialmente sem muito sucesso, o videogame vendeu mais de 24 milhões de unidades no mundo todo, cifra pequena se comparada aos mais de 155 milhões de Playstation 2 que a Sony, líder da geração de videogames na época, vendeu em todo o planeta.
Apesar do relativo baixo sucesso, lições foram aprendidas e posteriormente a Microsoft passaria a competir de igual para igual com a rival Sony. Atualmente, os segmentos de gaming são responsáveis por mais de US$16 bilhões de receita anual para a companhia e as expectativas são de que esses números só aumentem. Não apenas porque historicamente a receita do segmento vem crescendo a uma média de 8% ao ano, mas também devido a importantes aquisições que a companhia vem realizando.
A empresa já havia adquirido a Mojang, criadora do game Minecraft em 2015 e da ZeniMax Media em 2021. Porém no último mês de janeiro, a Microsoft surpreendeu o mercado ao anunciar que iria realizar a aquisição da Activision Blizzard por cerca de US$69 bilhões. A companhia é responsável por vários dos games mais jogados no mundo, como a série Call of Duty e o World of Warcraft.
A transação pode parecer grandiosa, afinal US$69 bilhões não são exatamente dinheiro de troco, mas é importante ter em mente de que o setor de games é um dos que mais cresce na indústria de entretenimento, além de parecer irrelevante se considerarmos que a Microsoft é uma companhia de mais de US$2 trilhões de valor de mercado.
Mudando de ares
Nos meados da década passada, a Microsoft era um tanto quanto escantilhada pelos investidores. Se você duvida, basta verificar que não há a letra “M” no acrônimo FAANG, que o mercado passou a utilizar para se referir ao grupo de companhias composto por Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34), Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) Netflix (NASDAQ:NFLX) SA:NFLX34) e Google (NASDAQ:GOOG) (SA:GOGL34), big techs de alto crescimento.
O mercado temia que a companhia tivesse dificuldades para se reinventar e entregar um crescimento robusto. E não era para menos: enquanto a Apple vendia milhões de iPhones e a Alphabet (NASDAQ:GOOGL) capitalizava com a venda de celulares Android, a Microsoft havia ficado para trás na corrida de smartphones. Sua parceria com a Nokia (que eventualmente se transformaria em uma aquisição) para a criação do Windows Phone foi um fracasso de vendas e o produto foi eventualmente descontinuado.
A situação começaria a mudar quando em 2014 Satya Nadella, então vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Microsoft, assumiu o cargo de CEO da companhia. Tendo trabalhado na divisão de computação em nuvem da empresa, Nadella seria responsável por fazer com que o Azure e outros produtos de cloud da Microsoft ganhassem uma relevância cada vez maior para a companhia.
Atualmente, a divisão de cloud gera mais de US$60 bilhões de dólares de receita para a Microsoft anualmente, sendo o segmento com a maior margem de lucro bruta da companhia, que é de 70%. E a receita do segmento vem crescendo a uma média de cerca de 50% ao ano. Com o aumento da demanda e a popularização dos serviços, a Microsoft atualmente detém cerca de 20% de market share do segmento de computação em nuvem.
Envelhecimento saudável?
Aos 47 anos de idade, a Microsoft vem mostrando a outras empresas do setor de tecnologia que apesar de ser quarentona, ela ainda pode dar muito trabalho como rival. Com uma margem de lucro bruta de 67% e receita crescendo a uma média de 13,8% nos últimos cinco anos, não deveria ser surpresa que a Microsoft acabasse se tornando a terceira companhia mais valiosa do planeta.
O mercado parece não cansar de ser surpreendido positivamente pela empresa: nos últimos cinco anos, apenas em dois trimestres a receita da Microsoft foi menor do que estimado pelos analistas do mercado. O lucro por ação, porém, sempre foi maior do que as estimativas, o que talvez conforte o investidor que se assuste ao notar que os custos operacionais vêm aumentando religiosamente ano a ano.
Atualmente a receita de todas as suas linhas de negócio seguem saudáveis. Receitas de cloud? Crescendo. Xbox? Crescendo. Windows? Crescendo. Bing? Crescendo. LinkedIn? Crescendo. Isso, porém, não significa que a companhia não possa passar por tempos difíceis à frente. O aumento nas taxas de juros no mundo todo e tensões geopolíticas estão impactando fortemente as cotações das companhias de tecnologia e com a Microsoft isso não é diferente.
Não é só a volatilidade de mercado que pode atrapalhar a companhia. Com diversas plataformas, a esperança é de que a Microsoft possa encontrar sinergias entre as marcas e produtos para realizar vendas cruzadas (cross sell) entre os seus clientes. No entanto, as sinergias sempre podem se mostrar mais frágeis do que aparecem em um primeiro instante, como já aconteceu com a aquisição da Nokia, por exemplo.
Além disso, o setor de computação em nuvem, atualmente o de maior margem de lucro da companhia, é extremamente competitivo, contando com players bem estabelecidos e capitalizados como Amazon e Google. Por isso mesmo, uma perda de market share neste segmento não pode ser desconsiderada.
Por fim, Aswath Damodaran, professor de NYU e considerado por muitos como “o papa do valuation”, afirmou recentemente em um artigo em seu blog que acredita que a companhia estaria sobrevalorizada se considerado o seu preço atual. E não pense que esse é um julgamento de um analista anti-tecnologia: na realidade, Damodaran disse que está investido na companhia e, que por ora, pretende mantê-la em seu portfólio, mas reconhece que talvez o preço a se pagar pelas ações nesse momento seja alto demais.