Publicado originalmente em inglês em 27/11/2020
Este ano pode ter sido amargo para muitas pessoas em muitos aspectos. Mas para os investidores de longo prazo no açúcar, o ano de 2020 tem proporcionado uma experiência como nenhuma outra em uma década e meia. Em poucas palavras, este ano tem sido extremamente doce para os investidores do açúcar.
Os futuros do açúcar em bruto nos EUA negociados na Intercontinental Exchange estão prestes a registrar seu sétimo mês seguido de ganhos por causa da oferta reduzida provocada pelos problemas de logística e colheita em meio à pandemia, mesmo com a produção avançando levemente nas últimas semanas no Brasil e na Índia.
A corrida de 25% deste mês nos preços do petróleo também reforçaram o rali no açúcar. Os preços mais altos do petróleo ajudam o açúcar, na medida em que um dos seus produtos derivados mais importantes é o etanol, biocombustível misturado à gasolina. O uso do etanol como aditivo nos combustíveis automotivos é obrigatório tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
A última vez em que o açúcar em bruto registravam uma sequência tão longa de ganhos foi quando disparou por nove meses consecutivos de maio de 2005 a janeiro de 2006.
O atual rali ocorre após o açúcar em bruto tocar a mínima de 13 anos a 9,05 centavos por lb no fim de abril, pouco antes do impacto total da pandemia de covid-19 nas plantações e colheita de cana no Brasil, Índia e Tailândia.
Com o rali de sete meses, o contrato futuro do açúcar em bruto para março agora está a 14,8 centavos por lb, uma alta de quase 65% desde o fundo de abril e cerca de 10% de valorização no ano.
Ventos contrário no açúcar em breve
Apesar da forte recuperação, os investidores que continuam comprados no açúcar devem enfrentar ventos contrários por causa da oferta maior em importantes regiões, de acordo com Jack Scoville, analista do Price Futures Group em Chicago.
Em uma postagem na quarta-feira, Scoville escreveu:
“O clima está seco na região Centro-Sul do Brasil e a produção de cana foi positivamente afetada. Os moinhos brasileiros também estão produzindo mais açúcar e menos etanol, devido aos preços deprimidos do petróleo no país e no mundo no início do ano”.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) afirmou recentemente que a disparada na produção no Brasil deveria impulsionar a oferta mundial de açúcar. O USDA prevê que a produção global para o ano de comercialização de 2020/21 crescerá 16 milhões de toneladas métricas até 182 milhões de toneladas, com o Brasil respondendo por quase 75% desse crescimento.
A expectativa é que cerca de 48% da safra de cana-de-açúcar no Brasil seja usada para açúcar, enquanto os 52% restantes sejam destinados ao etanol, uma divisão muito mais próxima de 65%-35% no ano passado a favor do etanol, afirmou o USDA.
A Índia é o segundo maior produtor após o Brasil e também deve elevar a safra neste ano, afirmou Scoville. O analista disse ainda:
“O governo indiano não anunciou um subsídio aos exportadores de açúcar, portanto a Índia não começou a escoar para fora sua produção ainda. Fontes disseram a agência de notícias que o subsídio precisará ser significativo para que as exportações entrem nas estatísticas”.
Padrões de topo nos gráficos do açúcar futuro na Intercontinental Exchange podem ser outra razão para começar a fechar posições compradas no mercado.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com para o açúcar em bruto de março passou de “Compra” para “Venda”, com o nível três de suporte de Fibonnaci de 14,93 centavos por lb para 14,82 e 14,72.
Entretanto, se o contrato desafiar a projeção e continuar em alta, o nível três de resistência de Fibonnaci deve atuar, de 15,11 centavos por lb para 15,16 e 15,24.
Como em todas as projeções, interprete as visões apresentadas com base nos fundamentos e opere com moderação – sempre que possível.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.