Apesar de deflação em agosto, mercado ainda projeta retomada de alta da Selic

Publicado 11.09.2024, 05:00
Atualizado 11.09.2024, 08:10
Apesar de deflação em agosto, mercado ainda projeta retomada de alta da Selic

A queda no custo da energia elétrica e uma nova rodada de reduções nos preços dos alimentos fizeram o Brasil registrar deflação de 0,02% em agosto, depois de uma alta de 0,38% no mês anterior. Foi o primeiro resultado negativo no ano e o mais baixo desde junho de 2023 (-0,08%), segundo os dados divulgados na terça-feira pelo IBGE. A taxa acumulada em 12 meses, que havia chegado a 4,5% até julho, recuou para 4,24% agora - ante uma meta de 3%, com tolerância até 4,5%.

Esse recuo em agosto não alterou, porém, o cenário projetado até aqui pelos economistas para a inflação nos próximos meses, nem mexeu com a previsão de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar, já neste mês, a retomada de alta da taxa básica de juros.

A avaliação que ainda prevalece no mercado é de quatro aumentos consecutivos da Selic em 0,25 ponto porcentual até janeiro de 2025 - o que levaria a taxa dos atuais 10,5% para 11,5%. O Copom volta a se reunir na próxima semana.

"Esse alívio que tivemos hoje (ontem) não é suficiente para criar algum tipo de mudança de aposta em relação ao aperto monetário", afirmou o economista João Savignon, da gestora Kínitro Capital. "Isso acaba consolidando, na verdade, o movimento de uma alta de 0,25 ponto."

O mesmo cenário foi endossado por casas como a XP (BVMF:XPBR31), enquanto o Bradesco (BVMF:BBDC4) ressaltou em relatório que o resultado de agosto foi pontual.

Já o economista Leonardo Costa, da ASA Investments, fala em viés de alta para a inflação até dezembro. "Estamos em processo de revisão, e a alta para o ano deve ficar entre 4,5% e 4,6%."

A leitura do IPCA em agosto foi puxada, principalmente, por energia elétrica e alimentos. No primeiro caso, a queda apurada pelos técnicos do IBGE chegou a 2,77%, com a volta no mês da chamada bandeira tarifária verde - que não impõe nenhum reajuste extra às contas de energia elétrica.

Por sua vez, o grupo Alimentação e Bebidas - que já havia recuado 1% em julho - caiu no mês passado mais 0,44%. Entre os alimentos que registraram as maiores deflações, estão batata-inglesa (-19,04%), tomate (-16,89%) e cebola (-16,85%).

SAIBA MAIS: O que é inflação e tipos de inflação

Sem chuvas

Os economistas chamam a atenção para o fato de que, agora em setembro, esses dois grupos de preços devem registrar outro comportamento, como reflexo da falta de chuvas e das queimadas que se espalharam pelo País. Isso já levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a anunciar a retomada da bandeira vermelha 1 em setembro, o que vai corresponder a um custo extra de R$ 4,46 a cada 100 quilowatt-hora.

Para especialistas no setor, sem chuvas a tarifa adicional na conta de luz pode ir até o fim do ano. No caso dos alimentos, o temor é de quebra de produção e encarecimento de preços.

"Existe uma diferença entre o que achamos que o BC deveria fazer e o que ele vai fazer. Na nossa visão, haveria espaço para aguardar, com a Selic em 10,5%, mas a desancoragem e a pressão do mercado vão pesar mais", afirmou o economista sênior do Banco Inter, André Valério, referindo-se à diferença entre as projeções do mercado e as do governo para a inflação. "Teria de vir uma queda (no IPCA) muito mais intensa para mudar isso."

Quanto aos custos dos transportes, a gasolina ficou 0,67% mais cara, item de maior pressão individual sobre o IPCA no mês. Porém, essa alta foi compensada por uma queda de 4,93% nos preços das passagens aéreas.

"Houve quedas de passagens aéreas e de outros serviços de características turísticas, tradicionalmente mais demandados em meses de férias", afirmou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.