Investing.com - O pregão que abriu no negativo com a cautela externa em semana de FOMC azedou com abertura de Wall Street e a notícia de que o ministro do STF, Gilmar Mendes, seria o relator de habeas corpus que poderá beneficiar e impedir a prisão do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas eleitorais.
O Ibovespa não sustentou o piso dos 84.500 pontos que mantinha desde 19 de fevereiro e, exatamente um mês depois, com queda de hoje de 1,1% fechou aos 83.913 pontos.
A sessão foi especialmente negativa para as ações da Vale (SA:VALE3), Bradespar (SA:BRAP4) e de siderurgia, pressionadas pelo tombo no minério de ferro na China, mas também para ações da Petrobras (SA:PETR4) (-2,3%) e dos bancos, liderados pelo Banco do Brasil (SA:BBAS3) (-2,4%).
O destaque na ponta positiva foi novamente a Suzano (SA:SUZB3), que avançou 7,4% no pregão de hoje, mantendo a trajetória de ganhos após os +21,8% na sexta-feira, como resultado da concretização da compra da Fibria (SA:FIBR3), no principal negócio do ano do país.
Wall Street negativa com pressão política e FOMC
O clima também foi pesado em Wall Street, com os principais índices operando com fortes desvalorizações. Dow 30 recuou 1,3%, enquanto o S&P 500 cedeu 1,3% e o Nasdaq caiu 1,8%, com destaque para o tombo de 6,8% no Facebook após notícia de que uma empresa teria feito o uso ilegal de milhões de dados de usuários para ajudar a eleição de Donald Trump.
O mercado opera com cautela na expectativa pela reunião de política monetária do Federal Reserve e em meio a um ambiente de incertezas com a pressão política aumentando sobre Trump. Na semana passada, o vice-diretor do FBI Andrew McCabe foi demitido e vazaram informações de que ele manteve anotações de todas suas interações com o presidente Trump. Os documentos foram entregues ao procurador especial Robert Mueller, que investiga a possível intervenção russa nas eleições dos EUA em 2016.
Após Mueller se aproximar das finanças pessoais, o advogado pessoal de Trump pediu o fim das investigações e foi seguido do aviso do influente senador republicano – mesmo partido do presidente – Lindsey Graham, que disse que se o procurador fosse demitido e afastado de suas funções, esse seria o “início do fim de sua Presidência”.
---
Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta terça-feira:
Ibovespa perde suporte?
Após um mês acima dos 84.500 pontos, o Ibovespa deu um sinal de fraqueza nesta segunda-feira vermelha em Wall Street e com notícia de que o presidente Lula poderá ser poupado de cumprir pena em regime fechado após a condenação na segunda instância.
Um novo movimento de queda do índice nesta terça-feira poderia indicar um pessimismo maior do mercado neste momento, o que faria com o que índice pudesse testar patamares ainda mais baixos perto dos 80-82 mil pontos, intervalo que não frequência desde o início de fevereiro.
O mercado segue de olho nos números fracos dos investidores internacionais que seguem deixando a bolsa brasileira. Nos primeiros 15 dias de março, saíram da B3 R$ 3,44 bilhões, deixando o saldo do ano positivo em R$ 1,88 bilhão.
Copom e FOMC em foco
Apesar de as reuniões e as decisões sobre as taxas de juros nos EUA e no Brasil só serem conhecidas na quarta-feira, o mercado seguirá especulando e se ajustando ao possível cenário de mudança de política monetária nos dois países.
Em Brasília, após os investidores chegarem ao consenso de que o Copom reduzirá novamente os juros para a mínima recorde de 6,5%, surgiram vozes de que o banco poderá deixar as portas abertas para uma nova queda na reunião de maio. Esse é um cenário que ainda não aparece precificado nos juros futuros e nas estimativas do mercado coletadas pelo BC e publicadas semanalmente no Boletim Focus.
O pano de fundo é a persistente fraqueza na inflação, que tem surpreendido o BC e os operadores do mercado. Na sexta-feira, o IPCA-15 será divulgado e ajudará os investidores a balizar as apostas.
Apesar de na última reunião o Copom ter sinalizado o fim do ciclo de cortes, os seguidos números baixos da inflação abriram a porta para nova redução na reunião desta semana. Bancos como o Fibra e o Santander (SA:SANB11) deixaram no ar a possibilidade e o BC não fechar as portas para um novo corte e os analistas do mercado vão buscar essa indicação nas linhas do comunicado após a reunião de quarta-feira.
A direção do Federal Reserve é a oposta. Com fortes números do mercado de trabalho e as falas mais hawkish dos diretores que compõem o FOMC, o mercado aguarda a revisão do cenário de crescimento e inflação do Fed, que será publicado após a reunião, em busca de sinais de que os juros subirão mais rapidamente no país.
Hoje, 93% das apostas estão em alta de juros na reunião que se inicia amanhã, que seria seguida de nova elevação em junho. Esse segundo aumento está precificado por 75% do mercado. A terceira alta do ano ocorreria já em setembro, com 52% apostando nesse cenário. Uma possível quarta alta em dezembro ainda não convenceu a maioria do mercado, com 67% apostando em manutenção contra 33% vendo novo aumento, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com.
Direção de Wall Street
Com um calendário econômico fraco nos EUA nesta terça-feira, os investidores vão seguir de acompanhando de perto o movimento dos papéis negociados na bolsa de Nova York, em um dia de cautela antes da reunião do FOMC.
O foco se mantém nas ações de tecnologia, que voltam a estar sob pressão após ser revelado que a companhia Cambrigde Analytica teria obtido e utilizado dados de 50 milhões de contas do Facebook nos EUA para influenciar a eleição de 2016. O Facebook afundou quase 7%.
A notícia fortalece a posição de que o mercado de tecnologia e distribuição de informação e publicidade – Google (NASDAQ:GOOGL), Facebook (NASDAQ:FB), Twitter (NYSE:TWTR) e Snap Inc (NYSE:SNAP) – deveriam ser regulados pelo governo dado seu potencial de influenciar as decisões dos cidadãos.