Investing.com – Embora se espere amplamente que o Banco Central Europeu (BCE) não faça mudanças em sua política monetária em seu anúncio desta quinta-feira, analistas projetam que o banco central e seu presidente Mario Draghi ajustariam a perspectiva e tomariam uma posição menos pacífica no futuro.
A nova decisão sobre a taxa de juros do BCE está prevista para as 08h45 (horário de Brasília) e a projeção para a taxa de juros de referência, a taxa de facilidade permanente de depósito e a taxa de empréstimo marginal é que fiquem inalteradas em 0,0%, -0,4% e 0,25%, respectivamente.
Além disso, espera-se que a autoridade monetária mantenha o seu programa mensal de compra de ativos no ritmo mensal de 60 bilhões de euros (US$ 67,5 bilhões) até o final de dezembro de 2017 "ou além, se necessário".
Com o crescimento econômico notadamente aumentando a velocidade e com riscos políticos diminuindo, investidores buscarão indicações de quando e como o BCE poderá reduzir seu enorme programa de compra de ativos.
Nesse sentido, a maior parte das atenções se voltará para a entrevista coletiva de Mario Draghi, presidente do BCE, 45 minutos após o anúncio.
Um estudo recente feito pela Reuters com economistas mostrou que menos de 10% esperam que o BCE retire a possibilidade de aumento das aquisições.
O BCE pode destacar que os riscos agora estão equilibrados
Contudo, quase 90% dos que foram responderam a uma pergunta adicional afirmaram que o banco central provavelmente mudará sua orientação ou avaliação de risco na reunião de 8 de junho.
Em meio a mudanças na linguagem, especialistas esperam amplamente que o BCE reconheça melhoras recentes na perspectiva.
Economistas do ING agora esperam uma revisão para cima da perspectiva de crescimento do produto interno bruto (PIB) de próximo a 2% para esse ano até 2019.
O Morgan Stanley espera que o BCE "finalmente afirme que os riscos à perspectiva econômica não são mais negativos, mas sim equilibrados"
No entanto, estes especialistas admitem que o BCE pode não ir tão longe, embora insistam que veremos "ao menos (...) um reconhecimento de que os riscos estão mais próximos de estarem equilibrados do que estiveram em qualquer momento das reuniões anteriores".
Isso não seria exatamente uma surpresa aos mercados, uma vez que Draghi já afirmou em declaração na semana passada à Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu que "a recuperação econômica está se tornando cada vez mais sólida" e que "riscos negativos à perspectiva de crescimento estão diminuindo mais".
Draghi foi ainda mais longe na declaração de 29 de maio ao afirmar que o BCE permanecia "fortemente convencido de que um apoio extraordinário da política monetária, incluindo mediante nossa forward guidance, ainda é necessário para o nível presente de recursos não utilizados para serem reabsorvidos e para a inflação retornar e se estabilizar em torno de níveis próximos de 2% dentro de um horizonte significativo de médio prazo"
O BCE pode remover a menção a possíveis taxas mais baixas
O comentário de Draghi certamente sugeriu que mudanças não serão feitas à política acomodatícia na reunião de quinta-feira, embora isso não signifique mais mudanças na linguagem da declaração que poderia incluir a remoção da promessa do BCE de possibilidade de taxas em "níveis mais baixos".
"Se a referência a taxas mais baixas não for retirada, esperamos que o Draghi diminua sua ênfase na sessão de perguntas e respostas", afirmou o Morgan Stanley em sua previsão ao BCE.
Ainda, o estudo da Reuters junto com os comentários dos analistas citados tanto do Morgan Stanley quanto do ING foram feitos antes do relato de quarta-feira de que o BCE deve reduzir suas projeções de inflação para 2017 até 2019 para 1,5%, bem abaixo da meta de 2%, ao passo que aumenta suas projeções de crescimento em cerca de 0,1% para todos os três anos.
Enquanto se aguarda o anúncio e a entrevista coletiva, o euro apresentava pouca movimentação. O par EUR/USD avançava 0,05% para 1,1262 às 5h01 (horário de Brasília), o par EUR/GBP recuava 0,13% para 0,8678, ao passo que o par EUR/JPY subia 0,02% para 123,64.
Enquanto isso, bolsas na Europa negociavam majoritariamente em alta. O Euro Stoxx 50 ganhava 0,20%, o CAC 40 da França subia 0,15% enquanto o DAX da Alemanha avançava 0,26%. No entanto, o FTSE 100 de Londres caía 0,07% com o início das eleições gerais no Reino Unido.