Taxas curtas de juros futuros sobem em novo dia de realização de lucros após recuos recentes

Publicado 29.04.2025, 17:05
Atualizado 29.04.2025, 17:10
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A maioria das taxas dos DIs fechou a terça-feira em alta, em especial entre os contratos com prazos mais curtos, com investidores dando continuidade ao movimento de realização de lucros após a redução recente de prêmios na curva a termo.

Novos dados econômicos e comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foram esmiuçados durante o dia, mas no geral o mercado seguiu à espera de números dos EUA previstos para o restante da semana.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,695%, ante o ajuste de 14,655% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 13,96%, em alta de 6 pontos-base ante o ajuste de 13,901%.

Entre os contratos mais longos, as taxas terminaram com viés de baixa, mais em sintonia com o recuo dos yields dos Treasuries no exterior. A taxa para janeiro de 2031 estava em 13,93%, ante 13,933% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,02%, em baixa de 2 pontos-base ante 14,037%.

Dados econômicos divulgados nos Estados Unidos justificavam o recuo dos rendimentos dos Treasuries, mas no Brasil as taxas dos DIs exibiam altas desde cedo, em especial entre os contratos mais curtos.

Dois profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que a alta das taxas nesta terça-feira foi uma continuação da realização de lucros vista nos últimos dias -- mais especificamente desde a última sexta-feira, após dados do IPCA-15 mostrarem uma inflação ainda pressionada no Brasil.

“(A curva) deu uma fechada forte nas últimas semanas e, na semana passada, com apresentações dos diretores (do Banco Central), também ficou uma percepção mais ‘dove’ (suave) sobre a inflação, de que o BC está reavaliando o ciclo (de alta de juros)”, comentou o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima.

“Mas ontem o próprio Galípolo falou no sentido de que o trabalho (de controle da inflação) não está concluído. Então hoje há uma acomodação, uma realização”, acrescentou Lima.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, Galípolo reforçou que segue vigente a visão apresentada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em março, quando a taxa básica Selic subiu 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, e o colegiado indicou aumento de menor magnitude em maio.

"A gente está respondendo a uma dinâmica de inflação que é desafiadora, o que justifica a extensão do ciclo", disse Galípolo.

À tarde, foi a vez de o Tesouro informar que o governo central teve superávit primário de R$1,096 bilhão em março, ante um saldo negativo de R$1,024 bilhão no mesmo mês de 2024. Houve alta real na arrecadação e recuo nas despesas. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam superávit de R$1,323 bilhão no mês.

No acumulado do primeiro trimestre deste ano, o governo central registrou superávit primário de R$54,532 bilhões, acima dos R$20,171 bilhões do mesmo período do ano anterior.

Durante entrevista coletiva, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o governo adiou de forma deliberada os pagamentos de precatórios no início deste ano, para ajudar o BC no controle da inflação. Os pagamentos de precatórios -- que caíram de R$31,8 bilhões no primeiro trimestre do ano passado para R$872 milhões nos primeiros três meses de 2025 -- devem ser normalizados em julho, com um desembolso de cerca de R$70 bilhões.

Apesar do superávit primário no primeiro trimestre, a desconfiança na política fiscal do governo Lula seguiu permeando os negócios.

Neste cenário, às 14h54 -- já após os dados do Tesouro -- a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a máxima de 13,99%, em alta de 9 pontos-base ante o ajuste da véspera. O avanço ocorria apesar da nova queda do dólar ante o real -- a oitava consecutiva.

Na segunda-feira -- atualização mais recente -- o mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3) precificava 63,60% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 62,00% na sexta-feira), 29,50% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 32,00%) e 4,75% de possibilidade de manutenção (4,50% na véspera).

Para o encontro seguinte, em junho, as apostas caminhavam nas últimas sessões para a manutenção: as opções precificam 60% de chances de manutenção da Selic, 28% de possibilidade de aumento de 25 pontos-base e 9,50% de chances de elevação de 50 pontos-base.

No restante da semana, investidores estarão atentos a números sobre a economia dos EUA, principalmente os do Produto Interno Bruto e do índice de inflação PCE (quarta-feira) e do relatório de emprego payroll (sexta-feira).

Na manhã desta terça-feira, o Departamento do Trabalho informou que as vagas de emprego em aberto nos EUA -- uma medida da demanda de mão de obra -- caíram em 288.000, para 7,192 milhões no último dia de março, conforme o relatório Jolts. As contratações aumentaram em apenas 41.000, para 5,411 milhões, ressaltando a relutância das empresas em aumentar o número de funcionários enquanto lidam com a guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump.

Às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 5 pontos-base, a 4,166%.

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