Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os investidores aguardam a divulgação de uma série de dados econômicos cruciais nesta semana nos EUA, com a abertura de vagas de emprego e os números do setor industrial destacando a agenda na terça-feira. Os mercados também estavam digerindo os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que sugeriu que o banco central americano não está com pressa para reduzir as taxas de juros. No Brasil, cenário fiscal preocupa mais agentes de mercado.
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1. Futuros mistos com abertura de vagas de emprego e PMI de manufatura ISM à frente
Os futuros das ações dos EUA estavam mistos na terça-feira, com os investidores iniciando o último trimestre do ano civil, aguardando uma série de dados econômicos e analisando os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
Às 8h (de Brasília), o contrato Dow futuros havia 0,19%, o S&P 500 futuros subia 0,04%, e o Nasdaq 100 futuros ganhava 0,28%.
O índice de referência S&P 500 encerrou em um novo recorde de alta na segunda-feira, recuperando-se de uma queda temporária provocada pela declaração de Powell de que o Fed não tem pressa em implementar mais reduções nas taxas de juros após um grande corte de 50 pontos-base no mês passado (mais abaixo).
Enquanto isso, o índice de 30 ações Dow Jones Industrial Average também registrou um novo pico histórico e o índice de alta tecnologia Nasdaq Composto ganhou 70 pontos, ou 0,4%. Todas as três principais médias de Wall Street avançaram tanto em setembro quanto no terceiro trimestre.
"Houve muitas notícias na segunda-feira, [...] embora a narrativa geral não tenha mudado muito e a atividade tenha sido bastante moderada, uma vez que os investidores se sentam e se preparam para os principais dados econômicos de outubro nos próximos dias", disseram os analistas da Vital Knowledge em uma nota aos clientes.
Os investidores estão se preparando para o primeiro lote de novos dados econômicos dos EUA nesta semana, que podem fornecer uma visão da situação da maior economia do mundo e influenciar a forma como o Fed aborda mais possíveis cortes nas taxas de juros este ano.
Na terça-feira, espera-se que o relatório JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), monitorado de perto, mostre que havia 7,640 milhões de vagas disponíveis em agosto.
A marca seria ligeiramente inferior à de julho, quando as vagas de emprego nos EUA caíram para um mínimo de três anos e meio de 7,673 milhões. A leitura, um indicador da demanda de mão de obra, e outros números que mostram que as contratações aumentaram e as demissões permaneceram relativamente moderadas, indicaram uma flexibilização ordenada no mercado de trabalho.
Em outros lugares, os investidores também estarão examinando a leitura de setembro dos índices dos gerentes de compras de manufatura e de serviços do Institute for Supply Management nesta semana, para obter mais sinais sobre a dinâmica da economia americana.
O PMI industrial do ISM, que será divulgado na terça-feira, deve ficar em 47,6, acima dos 47,2 registrados em agosto, mas ainda abaixo da marca de 50 pontos que separa a contração da expansão. O PMI de não manufatura de 3 de outubro deve subir para 51,6, em comparação com 51,5 no mês anterior.
Os analistas do Bank of America (NYSE:BAC) previram em uma nota recente que os dados sugerirão que a atividade econômica mais ampla nos EUA está "esfriando, não desmoronando".
ACOMPANHE: Monitor de juros do Fed
2. Powell diz que as autoridades do Fed não têm pressa em reduzir juros
O presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou na segunda-feira que o Fed provavelmente optaria por cortes mais tradicionais de um quarto de ponto nas taxas de juros daqui para frente, mas enfatizou que a trajetória futura dos custos dos empréstimos não está em um curso predefinido.
Powell acrescentou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que estabelece as taxas, não está "com pressa para cortar as taxas rapidamente", apesar de ter anunciado um corte maior em sua reunião de 17 e 18 de setembro.
Ele defendeu a decisão, dizendo que ela reflete a "crescente confiança do FOMC de que, com uma recalibração apropriada de nossa postura política, a força do mercado de trabalho pode ser mantida em um contexto de crescimento econômico moderado e a inflação se movendo de forma sustentável para 2%".
Powell argumentou também que a economia em geral continua em "forma sólida" e prometeu "usar nossas ferramentas para mantê-la assim". Ele disse à plateia no Tennessee que "mais dois cortes" - no valor total de meio ponto percentual - seriam justificados até o final de 2024 "se a economia evoluir conforme o esperado".
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3. CEO da 23andMe não está mais aberto a ofertas de aquisição de terceiros
A CEO da 23andMe (NASDAQ:ME), Anne Wojcicki, descartou a possibilidade de que o grupo de testes de DNA esteja aberto a ofertas de aquisição de terceiros, de acordo com um registro regulatório na segunda-feira.
Em vez disso, Wojcicki disse que acredita que "o melhor caminho a seguir" para a empresa seria torná-la privada.
A declaração foi feita depois que todos os sete diretores independentes do conselho da 23andMe se demitiram no mês passado por causa de uma proposta de compra pela administração paralisada feita por Wojcicki no início deste ano.
A proposta de Wojcicki teria tornado a empresa privada e a levaria a adquirir todas as ações que ela não possui por um preço de US$ 0,40 por ação. Wojcicki disse que estaria aberta a considerar propostas externas enquanto o negócio estivesse sendo avaliado.
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4. Petróleo cai
Os preços do petróleo caíram na terça-feira, já que as preocupações com o crescimento morno da demanda compensaram as preocupações de que a escalada das tensões no Oriente Médio poderia atingir a oferta global.
Às 8h01 o contrato Brent caía 0,36%, para US$ 71,44 por barril, enquanto os futuros do petróleo dos EUA (WTI) eram negociados 0,43% mais baixos, a US$ 67,88 por barril.
O Brent encerrou setembro com queda de 9%, seu terceiro mês de quedas e a maior queda mensal desde novembro de 2022. Ele também caiu 17% no terceiro trimestre, registrando sua maior perda trimestral em um ano. O WTI caiu 7% no mês passado e 16% no trimestre.
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5. Cenário fiscal no Brasil preocupa instituições financeiras
Arrecadação forte, gasto também. O cenário das contas públicas segue preocupando instituições financeiras, economistas e analistas de mercado, com dados fiscais apontando para necessidade de mais ajustes para equilibrar o orçamento.
De acordo com o Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4), o risco fiscal no Brasil continua alto elevado, mesmo com arrecadação forte, e o governo teria demonstrado baixo compromisso com o ajuste fiscal. “À frente, será importante um novo bloqueio de despesas no relatório bimestral de novembro para garantir o cumprimento do limite de despesas em 2024 e a efetivação das medidas arrecadatórias visando o cumprimento da meta de primário, além de medidas estruturais que garantam a credibilidade do arcabouço fiscal”, disse em relatório após divulgação de dados pelo Banco Central.
Ainda que a arrecadação venha surpreendendo de forma positiva, acumulando expansão real de 9,5% até́ agosto, a expectativa do Inter é de que não seja o suficiente para reverter o déficit primário verificado desde 2023. “Nossa projeção aponta para um déficit primário de R$90 bilhões em 2024”, destacou o banco em relatório.
Em um cenário de eventual crise fiscal, o Santander (BVMF:SANB11) entende que seriam beneficiados setores defensivos, como serviços públicos e bens de consumo, além do setor financeiro. “O setor financeiro também poderá se beneficiar de taxas de juro mais elevadas, enquanto os setores indexados ao dólar, como o industrial, poderão registar um melhor desempenho em tempos difíceis”, afirmou em estudo.
Às 8h02 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,10% no pré-mercado.