Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar alternava perdas e ganhos frente ao real nesta terça-feira, com a cautela internacional antes da reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, e a perspectiva crescente de escassez de gás na Europa dividindo atenções com uma extensão da alta dos preços de commodities.
Às 11h23 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,06%, a 5,3607 reais na venda. A moeda norte-americana trocou de sinal algumas vezes durante a primeira hora de negociações, indo de 5,3940 reais na máxima (+0,40%) para 5,3512 reais na mínima do dia (-0,39%).
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,25%, a 5,3785 reais.
O clima nos mercados financeiros mais amplos era de maior cautela nesta terça-feira, com um índice do dólar frente a uma cesta de rivais fortes saltando 0,58%, a 107,050, em meio a expectativas de que o Federal Reserve anunciará nova alta de juros de 0,75 ponto percentual ao fim de seu encontro de política monetária de dois dias, na quarta.
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"O comunicado do comitê (de definição de juros do Fed) e declarações de seu presidente, Jerome Powell, também serão observados minuciosamente, à medida que o mercado tenta avaliar a possibilidade de que esse aperto monetário agressivo leve a maior economia do mundo e o principal motor de crescimento global à recessão", comentou Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.
Alimentava temores de recessão mundial a notícia de que a Rússia reduzirá o fornecimento de gás para a Alemanha através do gasoduto Nord Stream 1 para apenas 20% da capacidade total, o que derrubava o euro em 0,75% nesta sessão, conforme investidores buscavam ativos mais seguros. Em outro sinal de aversão a risco, os rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos tinham baixa acentuada nesta manhã.
Mas Jerson Zanlorenzi Jr., responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), disse em postagem no Twitter que mais um dia positivo para as commodities pode fornecer algum apoio ao mercado brasileiro, cujos principais ativos saltaram na véspera na esteira de valorização de produtos como petróleo e minério de ferro.
O Ibovespa subiu mais de 1% na segunda-feira e voltou a fechar acima dos 100 mil pontos, enquanto o dólar caiu 2,28%, a 5,3723 reais, maior baixa percentual diária desde 10 de março de 2021 (-2,39%).
Investidores também digeriam nesta terça-feira a notícia de que o IPCA-15 passou a subir 0,13% em julho, desacelerando ante avanço de 0,69% no mês passado, resultado que ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,17%. Alguns participantes do mercado apontaram a leitura como mais um argumento para que o Banco Central encerre seu ciclo de aperto monetário em agosto, com a maioria dos operadores apostando numa alta de 0,50 ponto percentual da Selic, para 13,75%, no próximo encontro da autarquia.
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Com o desempenho desta manhã, o dólar acumulava alta de 2,70% em julho, e ficava a valorização de apenas 3,70% de devolver completamente suas perdas no ano.
Num geral, "o ambiente global para o real piorou significativamente", avaliaram estrategistas do Citi em relatório, citando combinação de fortalecimento internacional do dólar com temores crescentes de recessão.
Internamente, incertezas ligadas à política fiscal podem aumentar e penalizar o real à medida que as eleições presidenciais de outubro se aproximam, alertou o credor norte-americano, que piorou seu prognóstico para a taxa de câmbio ao final deste ano a 5,42 reais por dólar, de 5,25 estimados anteriormente.