Por Gabriel Codas
Investing.com - O índice futuro do Ibovespa começou a segunda-feira com queda de 1,21% aos 79.762 pontos às 09h14, depois dos ganhos da sessão anterior. O principal índice acionário futuro brasileiro de contrato mais curto segue as perdas de 1% do S&P 500 Futuros em Nova York, com o pessimismo retornando com temores de segunda onda de surto de Covid-19, além de uma mini-pandemia na Casa Branca. Com isso, o dólar avança 1,13% a R$ 5,7969.
O mercado terá uma semana com as atenções voltadas para os novos casos de coronavírus que surgiram na China e na Coreia do Sul no final de semana. Por aqui, a temporada de balanços deve seguir norteando parte dos negócios, com os olhos também voltadas para dados econômicos e ruídos políticos em meio à crise causada pela Covid-19.
Na agenda americana, o período terá como destaque indicadores econômicos no final da semana, como dados das vendas do varejo e da produção industrial, que devem trazer impactos da crise econômica. Além da entrevista coletiva do presidente do Fed Jerome Powell, antecedida por discursos de dois membros do colegiado da Fomc, que podem dar sinalizações de o Fed adotar taxa negativa de juros.
- Cenário Interno
FGV
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) registrou em abril a maior queda mensal e o menor nível na série histórica, em uma forte consequência das medidas adotadas para conter o surto de coronavírus no Brasil.
Os dados divulgados nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostraram que o IAEmp, que antecipa os rumos do mercado de trabalho no Brasil, despencou 42,9 pontos em abril, para 39,7 pontos. Essa leitura marca a perda mais ampla da série histórica, iniciada em 2008, para uma nova mínima recorde.
O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que capta a percepção das famílias sobre o mercado de trabalho, subiu 5,9 pontos em abril, para 98,4 pontos, maior patamar desde dezembro de 2018. O comportamento do ICD é semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto menor o número, melhor o resultado.
Banco Central
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no sábado que o Banco Central vai “chuveirar dinheiro na economia inteira” no caso de uma depressão econômica causada pela pandemia do coronavirus.
Apesar dessa declaração, em uma live realizada pelo Itaú Unibanco, Guedes disse acreditar que a economia brasileira terá uma recuperação em “V”, uma vez que os sinais vitais econômicos do país estão preservados até agora.
O Congresso aprovou na quinta-feira uma emenda constitucional separando gastos extras e medidas emergenciais para ajudar a enfrentar o impacto da crise, dando ao Banco Central poderes para comprar ativos do setor público e privado.
- Cenário Externo
Europa
Os países da União Europeia devem garantir vouchers para viagens canceladas durante a pandemia de coronavírus e começar a suspender as restrições nas fronteiras internas, numa tentativa de salvar parte da temporada de turismo de verão, vai anunciar na próxima semana o braço executivo do bloco.
O turismo, que normalmente contribui com quase um décimo da produção econômica da União Europeia, está entre os setores mais afetados pelo surto global que suspendeu quase todas as viagens.
A Alemanha e outros países do bloco pediram a suspensão das regras da UE que forçam as companhias aéreas e o setor de hotelaria a oferecer reembolso total para voos e viagens cancelados, em vez de vouchers para viagens futuras.
China
O banco central da China afirmou no domingo que vai acelerar os ajustes contracíclicos para sustentar a economia e tornar a política monetária mais flexível para conter os riscos financeiros.
O relatório de implementação de política monetária do primeiro trimestre do Banco do Povo da China não repetiu a antiga promessa de evitar uma “enxurrada” de estímulo para sustentar o crescimento, reforçando sinais de mais medidas.
A tendência econômica estável de longo prazo permanece inalterada, apesar do surto de coronavírus, disse o banco central.
“Mas no momento, os desafios enfrentados pela economia da China são sem precedentes, precisamos considerar totalmente as dificuldades, riscos e incertezas”, disse o banco.
China – macroeconomia
China intensificará os ajustes de suas políticas macroeconômicas à medida que o desenvolvimento do país enfrenta dificuldades e desafios sem precedentes devido à pandemia de coronavírus, disse o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, nesta segunda-feira, segundo a TV estatal.
A China também se esforçará para atingir metas e tarefas de desenvolvimento econômico e social este ano, informou a Televisão Central da China, citando Li em uma reunião com autoridades de outros partidos políticos para discutir o relatório de trabalho do governo, que será divulgado em breve na reunião anual do Parlamento, ainda este mês.
- Surto de Covid-19 na Casa Branca
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, perdeu uma reunião com o presidente Donald Trump no fim de semana, mas não está em quarentena e voltará à Casa Branca na segunda-feira, disse Bloomberg, segundo um porta-voz de Pence.
Pence faz testes negativos para o vírus todos os dias desde que sua secretária de imprensa Katie Miller testou positivo na semana passada.
Dois outros membros da força-tarefa da Casa Branca em Covid-19, liderados por Pence, são auto-isolantes, enquanto Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, está em quarentena "modificada", segundo relatos.
A notícia vem depois que um manobrista do presidente Donald Trump também testou positivo para o vírus na semana passada.
- Taxa negativa de juros nos EUA
Com a especulação sobre as taxas de juros dos EUA se tornando negativas no próximo ano, talvez haja mais atenção do que o habitual para duas aparições de importantes formuladores de políticas do Federal Reserve no decorrer do dia.
O presidente do Fed de Atlanta Raphael Bostic deve falar às 13h, e seu colega de Chicago Charles Evans falará meia hora depois. Suas intervenções vêm antes da aparição aguardada do presidente do Fed, Jerome Powell, na quarta-feira.
BOLSAS INTERNACIONAIS
Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,05%, a 20.390 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,53%, a 24.602 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,02%, a 2.894 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,09%, a 3.960 pontos.
A semana começa negativa para os mercados de ações da Europa. Em Frankfurt, o DAX recua 1,01% aos 10.794 pontos, enquanto que em Londres o FTSE perde 0,27% aos 5.920 pontos. Já em Paris, o CAC recua 1,51% aos 4.480 pontos.
COMMODITIES
A jornada desta segunda-feira foi marcada por uma leve queda nos preços dos contratos futuros do minério de ferro, que são negociados na bolsa de mercadorias da cidade chinesa de Dalian. O ativo com o maior número de operações, com data de vencimento para setembro deste ano, cedeu 0,32% a 630,00 iuanes por tonelada, o que representa perdas de 2 iuanes em relação aos 632,00 iuanes de liquidação anterior.
Na mesma direção, a abertura da semana também foi negativa para as cotações dos papéis futuros do vergalhão de aço, que são transacionados na também chinesa bolsa de mercadorias da cidade de Xangai. O contrato de maior liquidez, com entrega para outubro de 2020, cedeu 5 iuanes para 3.452 iuanes por tonelada. O segundo em volume, de setembro, perdeu 1 iuan para 3.530 iuanes por tonelada.
O temor do surgimento de uma nova onda do coronavírus faz com que os preços do petróleo iniciasse em queda nesta segunda-feira. No entanto, o anúncio do Ministério da Energia da Arábia Saudita de corte adicional de 1 milhão de barris em junho colocou os preços da commodity em terreno positivo. Em Londres, o barril do tipo Brent sobe 1,03%, ou US$ 0,32, a US$ 31,29. Já em Nova York, o WTI tem alta de 2,34%, ou US$ 0,58, a US$ 25,32.
MERCADO CORPORATIVO
- BRF (SA:BRFS3) (balanço)
A BRF reduziu seu prejuízo líquido no primeiro trimestre de 2020 para 38 milhões de reais, comparado a uma perda de 1 bilhão de reais no mesmo período do ano passado, graças a um aumento no volume e no valor das vendas.
Conforme balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no domingo, a receita líquida da empresa cresceu 21%, para quase 9 bilhões de reais, e o volume de alimentos vendidos aumentou em 8,1%, para 1,1 milhão de toneladas.
A BRF discutirá seus resultados com analistas e investidores nesta segunda-feira.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, uma medida do lucro operacional, cresceu 67,2% no trimestre, para 1,251 bilhão de reais. A geração total de caixa saltou quase 1.000%, para 2,774 bilhões de reais.
O mercado Halal permaneceu importante, representando cerca de 25% do volume total vendido pela empresa no trimestre, ou 277.000 toneladas.
Os volumes vendidos no mercado Halal, onde os alimentos devem ser preparados de acordo com os padrões alimentares muçulmanos, também corresponderam a cerca da metade das 562.000 toneladas que a empresa vendeu no Brasil no primeiro trimestre do ano.
- CCR (SA:CCRO3)
A CCR informou nesta sexta-feira que o tráfego nas concessões por ela administradas seguiu bastante fraco no começo de maio, mantendo a tendência das últimas semanas desde o início das medidas de distanciamento social implementadas para tentar conter a disseminação do coronavírus.
Nas rodovias sob concessão da companhia, incluindo Via Dutra (principal ligação rodoviária entre Rio de Janeiro e São Paulo), e o sistema Anhanguera-Bandeirantes, que liga a capital ao interior paulista, o tráfego médio de veículos na primeira semana do mês foi 20% menor do que em igual período de 2019.
No acumulado do ano até 7 de maio, a queda é de 4,5%.
Já na divisão de mobilidade urbana, que inclui concessões no metrô paulistano, a queda na movimentação de passageiros foi 74% menor na primeira semana do mês ante mesma etapa do ano passado. No acumulado do ano até a véspera, o declínio foi de 25,9%.
- Energia Elétrica
A carga de energia do Brasil, importante indicador da atividade econômica, pode cair 2,9% neste ano devido aos impactos do coronavírus sobre a demanda, projetaram nesta sexta-feira órgãos técnicos do setor elétrico.
Até o final de março, a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontavam expectativa de recuo de 0,9% na carga de energia em 2020.
“Em decorrência do agravamento do recuo da economia nacional e mundial por conta da pandemia, as instituições identificaram a necessidade da alteração em algumas premissas adotadas”, apontaram, em nota conjunta, em referência à projeção anterior, divulgada em 27 de março.
- BRF
A BRF informou nesta sexta-feira que fechou a compra da Joody Al Sharqiya Food Production Factory, companhia de processamento de alimentos da Arábia Saudita, por oito milhões de dólares.
Segundo a BRF, a conclusão do negócio está condicionada ao cumprimento de condições, incluindo a aprovação por autoridades regulatórias sauditas.
A fábrica tem capacidade de produção de 3,6 mil toneladas ao ano e seu portfolio inclui produtos como cortes empanados, marinados, hambúrgueres. A BRF tem planos para expandir a capacidade da planta para 18 mil toneladas ao ano.
“O investimento reforça nosso compromisso de longo prazo e a importância estratégica das nossas operações no país, estabelecendo produção local, com um mix de maior valor agregado”, afirmou em comunicado o presidente-executivo da BRF, Lorival Luz.
Em outubro do ano passado, a BRF havia firmado memorando de entendimentos com a Saudi Arabian Investment Authority (Sagia), prevendo investimento de cerca de 120 milhões de dólares em uma nova planta de alimentos processados do país árabe.
- CTEEP (SA:TRPL4)
A transmissora de energia Cteep começou a manter técnicos em confinamento em centros de operação da rede e em subestações em São Paulo para reduzir riscos de contaminação dos funcionários por coronavírus e garantir a continuidade dos serviços de eletricidade em meio ao agravamento da pandemia.
A medida da companhia, maior agente privado do setor de transmissão do Brasil, atrás apenas de empresas da estatal Eletrobras (SA:ELET3), vem em momento em que o país vê um rápido crescimento nos números de mortos pela doença, que já ultrapassavam 9,1 mil até a quinta-feira.
O Estado de São Paulo, onde está a maior parte das linhas de transmissão e subestações da Cteep, é o epicentro de contaminação no Brasil até o momento, com o governo paulista projetando que as mortes em seu território podem chegar a até 11 mil ainda neste mês.
- Equatorial
A Equatorial Energia (SA:EQTL3) informou que um projeto de transmissão de eletricidade de sua controlada Equatorial Transmissora SPE 1 iniciou operação comercial neste mês, cerca de 21 meses antes do prazo regulatório.
Com a conclusão do empreendimento, a empresa passará a ter direito a uma receita anual de 86,5 milhões de reais pela operação e manutenção das instalações, disse a empresa em comunicado nesta sexta-feira.
A companhia assinou contrato para o empreendimento em fevereiro de 2017, após ter arrematado a concessão em leilão realizado pelo governo federal e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Vale (SA:VALE3) observa que a China, principal compradora do minério de ferro da empresa, já vive trajetória de recuperação econômica “muito vigorosa”, afirmou nesta sexta-feira o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, em entrevista transmitida na internet pelo jornal Valor Econômico.
O país asiático —que passou por medidas rigorosas de bloqueios e isolamentos nos últimos meses para conter a disseminação do novo coronavírus— está agora em um momento de abertura da economia.
O executivo pontuou que a China, que tem sua atividade econômica direcionada por construção civil e manufatura, terá uma trajetória de recuperação “muito mais acelerada do que vai acontecer com a Europa”, que dependerá mais da confiança das pessoas e da disposição para gastar.
“As atividades das indústrias (na China) já estão praticamente de volta a seus níveis normalizados... atividade de construção civil também aumentando diariamente e estoques de aço e minério de ferro caindo. Então, a China realmente entrou em trajetória forte de recuperação”, afirmou.
AGENDA DE AUTORIDADES
- Jair Bolsonaro
A agenda oficial, divulgada no site do Palácio do Planalto, informa que o presidente da República começa a semana recebendo, somente na parte da tarde, o ministro Paulo Guedes (Economia). Em seguira, se reúne com o Advogado-Geral da União, José Levi do Amaral Júnior.
- Paulo Guedes
- Videoconferência com secretários do Ministério da Economia;
- Reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro.
*Com contribuição de Reuters