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ABERTURA: Ibov futuro com realização de lucro e sob expectativa de dados nos EUA

Publicado 26.03.2020, 09:04
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Por Gabriel Codas

Investing.com - O índice futuro do Ibovespa inicia o dia com queda técnica de 2,9% aos 72.588 pontos às 09h19, após dois dias consecutivos de forte alta. Já o dólar avança 0,37% a R$ 5,0537.

Os dois dias seguidos de importantes valorizações devem levar os investidores a realizarem lucro, mas cautela prevalece com a expectativa da divulgação dos pedidos iniciais do seguro-desemprego nos EUA, que podem indicar que a maior economia do planeta já esteja em recessão devido à pandemia de coronavírus. Além disso, precaução também é reforçada pelo avanço do número de infectados e de mortes pelo Covid-19.

No Brasil, os investidores reagem também a balanços de importantes companhias e à disputa política entre a Presidência da República e os governadores e parlamentares em torno das medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia no Brasil.

- Cenário Interno

Banco Central

O Banco Central cortou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) a zero em 2020, ante crescimento de 2,2% calculado em dezembro, destacando que a estabilidade agora vista está associada a impactos econômicos “expressivos” decorrentes da pandemia de coronavírus, conforme Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.

“Adicionalmente, resultados abaixo do esperado em indicadores econômicos no final de 2019 e início de 2020 afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro trimestre”, disse o BC.

“Em termos de trajetória, a projeção para o PIB anual considera recuo acentuado do PIB no segundo trimestre, seguido de retorno relevante nos últimos dois trimestres do ano”, completou a autoridade monetária.

O BC ressalvou que há grau de incerteza elevado na realização de projeções em ambiente de crise. Disse ainda que a magnitude dos impactos da pandemia sobre a atividade econômica doméstica estará associada à gravidade e à extensão do período do surto no país e às medidas públicas que estão sendo adotadas nas diversas áreas.

Moody’s

A agência de classificação de risco Moody’s informou nesta quarta-feira redução na estimativa para o desempenho da economia brasileira em 2020, que agora deve contrair 1,6%, com o déficit fiscal e a dívida relativamente alta restringindo a capacidade de uma resposta fiscal mais forte contra o coronavírus.

No fim de janeiro, a Moody’s projetava que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentaria 2,0% neste ano. Em 2019, a atividade cresceu 1,1%, pior desempenho em três anos.

Apenas no primeiro semestre de 2020, a economia brasileira vai encolher 3,5%, segundo estimativas da Moody’s.

A agência lembrou que o governo e o Banco Central anunciaram medidas para mitigar o impacto econômico e apoiar empresas e segmentos vulneráveis ​​da sociedade. “No entanto, o déficit fiscal e a dívida relativamente alta estão restringindo a capacidade do governo de fornecer uma resposta fiscal mais forte”, afirmou a agência no texto.

- Cenário Externo

EUA

O Senado dos Estados Unidos aprovou por unanimidade um projeto de lei de 2 trilhões de dólares pra ajudar trabalhadores desempregados e indústrias afetadas pela epidemia do coronavírus, além de fornecer bilhões de dólares para comprar urgentemente equipamento médico necessário.

Após fortes negociações, o profundamente dividido Senado se uniu e aprovou o projeto de lei por 96 a 0, o que envia o pacote de estímulo à Câmara dos Deputados para votação na sexta-feira.

O presidente Donald Trump, cujos principais assessores ajudaram a negociar a medida bipartidária, prometeu promulgá-la assim que ela chegar à sua mesa. “Vou assiná-la imediatamente”, disse Trump a repórteres na quarta-feira.

O pacote de resgate —que pode ser o maior já aprovado pelo Congresso— inclui um fundo de 500 bilhões de dólares para ajudar indústrias afetadas e um valor semelhante para pagamentos diretos de até 3 mil dólares para milhões de famílias norte-americanas.

Recessão nos EUA?

O número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego provavelmente disparou para um recorde de até 4 milhões na semana passada uma vez que as fortes medidas para conter a pandemia do coronavírus levaram o país a uma parada súbita, provocando uma onda de dispensas.

O relatório semanal de pedidos de auxílio-desemprego do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira vai oferecer a evidência mais clara sobre o devastador impacto do coronavírus na economia, que forçou o Federal Reserve a adotar medidas extraordinárias e levou o Congresso a correr para aprovar um pacote de estímulo de 2 trilhões de dólares.

Economistas dizem que a economia já está em recessão e que o relatório fornecerá uma prova disso.

De acordo com a mediana na pesquisa da Reuters com economistas, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego provavelmente saltaram para uma taxa sazonalmente ajustada de 1 milhão na semana encerrada em 21 de março. As estimativas na pesquisa chegaram aos 4 milhões.

BOLSAS INTERNACIONAIS

Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 4,51%, a 18.664 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,74%, a 23.352 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,60%, a 2.764 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,66%, a 3.698 pontos.

Na Europa, os índices operam com perdas. O DAX, de Frankfurt, cede 2,00% aos 9.674 pontos. Já em Londres, o FTSE recua 1,64% aos 5.594 pontos. Já em Paris, o CAC recua 1,77% aos 4.353 pontos.

COMMODITIES

A sessão desta quinta-feira foi marcada por um leve avanço dos preços dos contratos futuros do minério de ferro, que são negociados na bolsa de mercadorias da cidade chinesa de Dalian. O ativo com o maior volume de negócio, com data de vencimento para o mês de maio deste ano, somou 0,68% a 662,00 iuanes por tonelada. Isso representa alta de 4,50 iuanes em relação aos 657,50 iuanes de liquidação da véspera.

No caso do vergalhão de aço, a jornada teve como característica rumos distintos nos papéis futuros de maior liquidez na bolsa de mercadorias de Xangai, também na China. O contrato com mais operações, para outubro de 2020, cedeu 23 iuanes para 3.341 iuanes por tonelada. Já o de maio, segundo em volume, ganhou 3 iuanes para 3.455 iuanes por tonelada.

O valor do barril do petróleo tem leve queda nesta quinta-feira, com o Brent, de Londres, perdendo 0,73%, ou US$ 0,61, a US$ 27,19. Já o WTI, de Nova York, recua 2,37%, ou US$ 0,58, a US$ 23,89.

MERCADO CORPORATIVO

- Via Varejo (SA:VVAR3)

A Via Varejo encerrou o quarto trimestre do ano passado com prejuízo contábil de 875 milhões de reais, afetado por ajustes não recorrentes de 953 milhões de reais, de acordo com dados disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na madrugada desta quinta-feira.

No último trimestre de 2018, a companhia teve prejuízo de 282 milhões de reais.

Excluindo os ajustes não recorrentes, entre eles contingências de 1,3 bilhão de reais, grande parte ligada à investigação de fraude contábil, a dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio teve um lucro operacional de 78 milhões de reais nos últimos quatro meses do ano passado.

A companhia também comunicou que foram encontradas evidências de fraude contábil em seus resultados após conclusão de investigação independente na esteira de denúncias anônimas recebidas pela Via Varejo em setembro e outubro de 2019.

Conforme o relatório, houve manipulação da provisão para processos trabalhistas da companhia e diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos fora de suas respectivas competências mensais. Também ocorreram falhas de controles internos resultando em erros nas contas de provisão para processos trabalhistas e depósitos (garantias) judiciais.

- Petrobras (SA:PETR4)

O conselho de administração da Petrobras aprovou nesta quarta-feira a criação da diretoria de Logística e a extinção da diretoria de Assuntos Corporativos, informou a petrolífera em comunicado ao mercado.

André Barreto Chiarini foi eleito para a diretoria executiva de Logística. Ele ocupava o cargo de assessor da presidência da companhia para logística desde novembro de 2019. Enquanto isso, o diretor executivo Eberaldo de Almeida Neto, que ocupava a diretoria de Assuntos Corporativos, foi dispensado. As alterações entrarão em vigor em 1º de maio.

“As mudanças visam gerar maior eficiência na gestão dos ativos logísticos, eliminando ineficiências operacionais e comerciais, reduzindo custos e buscando a excelência e geração de valor na prestação de serviços para a Petrobras”, disse a empresa no comunicado.

- JBS (SA:JBSS3)

A JBS, maior processadora de carne do mundo, publicou nesta quarta-feira lucro líquido de 2,43 bilhões de reais para o quarto trimestre do ano passado, um salto sobre os cerca de 560 milhões obtidos um ano antes e acima do esperado por analistas.

O desempenho foi apoiado por forte demanda da China, que ampliou importações de alimentos após a epidemia de peste suína africana que atingiu seu rebanho.

A expectativa média de analistas para o lucro da JBS, dona de marcas como Seara e Swift, era de 2,19 bilhões de reais, segundo dados da Refinitiv.

Executivos da companhia afirmaram que a JBS tem a estrutura adequada para superar as incertezas geradas pela pandemia de coronavírus.

A JBS conseguiu reduzir dívida ao longo do ano passado e não tem necessidade de levantar capital adicional, afirmou o vice-presidente financeiro, Guilherme Cavalcanti, à Reuters. A companhia espera economizar em 2020 cerca de 100 milhões de reais em pagamento de juros, disse o executivo.

- AES Tietê e Eneva (SA:ENEV3)

A elétrica AES Tietê enviou correspondência para a Eneva nesta quarta-feira solicitando mais uma vez informações consideradas básicas e necessárias para a análise de proposta de fusão de negócios apresentada no início do mês, informou a companhia em comunicado ao mercado.

O conselho de administração da empresa controlada pela norte-americana AES se reuniu nesta quarta-feira, com a participação de assessores legais e financeiros da companhia, bem como os integrantes do grupo de executivos designados para coordenar as atividades de avaliação da proposta para a operação.

- IRB Brasil (SA:IRBR3)

O IRB Brasil RE comunicou nesta quarta-feira que o seu conselho de administração recomendou à nova diretoria da resseguradora que reavalie a proposta de distribuição de dividendos em meio aos impactos gerados pela pandemia de coronavírus.

Em fato relevante, a resseguradora destaca o momento atual, “sobretudo em razão da incerteza de cenários, decorrentes do agravamento da crise do Covid-19 nos últimos dias”.

A recomendação vem após uma série de mudanças no comando da companhia, na esteira de ruídos envolvendo a contabilidade da empresa e saída do presidente do conselho, além informações desmentidas de que a Berkshire Hathaway seria acionista.

Conforme sinalizado em teleconferência no começo do mês, o IRB também disse que será revista e objeto de nova proposta aos acionistas a remuneração dos administradores, que não contará mais com o bônus chamado ‘Programa de Superação’.

A resseguradora cancelou convocação da assembleia geral ordinária e extraordinária prevista para 30 de março, citando restrições de deslocamento e aglomeração decorrentes das medidas contra o Covid-19.

- Combustíveis

A Fecombustíveis, federação que representa postos de combustíveis no Brasil, já teme uma “quebradeira geral” diante de uma queda média já registrada de 50% na demanda em seus pontos de venda em cidades com mais de 300 mil habitantes, em meio ao combate do novo coronavírus, afirmou à Reuters o presidente da entidade Paulo Miranda.

A redução nas vendas ocorre como consequência de medidas adotadas por autoridades e sociedade de restrição de deslocamento para combater a expansão do novo coronavírus pelo Brasil.

Diante do cenário, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) já enviou ao governo federal ofícios requerendo alguns auxílios, dentre eles a suspensão da cobrança de impostos federais dos postos até que o mercado volte ao normal.

A ideia, segundo Miranda, seria que os impostos eventualmente suspensos —dentre eles Pis/Cofins— fossem pagos posteriormente com juros.

- Energia Elétrica

A demanda por eletricidade, importante indicador da atividade econômica, iniciou a semana com forte baixa no Brasil, em meio a medidas de isolamento decretadas por governos contra o coronavírus que levaram ao fechamento temporário de diversos negócios, cortando a carga de energia a níveis geralmente vistos em sábados ou domingos.

A carga, uma soma do consumo de energia com as perdas na rede, somou 61,7 gigawatts médios na terça-feira, cerca de 2,55% abaixo da estimativa inicial do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o dia. O volume ficou 15,9% abaixo do visto na terça-feira passada, antes que efeitos da pandemia sobre o consumo ficassem mais evidentes.

Com a entrada em vigor de uma quarentena decretada pelo governo de São Paulo, polo econômico do Brasil, a carga da terça-feira ainda ficou ligeiramente inferior à do último fim de semana anterior ao agravamento da crise do vírus, quando somou 67,7 gigawatts no sábado e 61,9 gigawatts no domingo.

AGENDA DE AUTORIDADES

- Jair Bolsonaro

O presidente da República começa a quinta-feira participando de videoconferência dos líderes do G20. Em seguida, se encontra com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo. Na parte da tarde, o encontro é com Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública.

- Paulo Guedes

- Reunião do Conselho Monetário Nacional (Videoconferência).

*Com Reuters

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