Preço do minério subiu e, juntas, foram as ações de empresas do setor. Mas aí, os preços voltaram a cair... (CSN/Gabriel Borges)
SÃO PAULO – Maio foi um mês muito esperado pelo mercado por causa da transição de governo, mas o efeito esperado na Bolsa não veio. A presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo e em seu lugar assumiu Michel Temer; mesmo assim, o Ibovespa registrou perda de 10% no mês.
Entre as maiores quedas do índice aparecem as empresas de siderurgia e mineração, que voltaram a sofrer com a queda dos preços do minério de ferro.
Confira abaixo as cinco ações do Ibovespa que tiveram a maior queda e a maior alta em maio:
MAIORES BAIXAS
Queda de 50,2%
Se abril foi uma festa para o minério de ferro, em maio a ressaca chegou. Os preços de referência caminham para a maior perda mensal desde agosto de 2012, porque a alta, impulsionada por uma febre especulativa na China, caiu na realidade quando o frenesi diminuiu. Além disso, tanto os papéis de CSN quanto Usiminas (SA:USIM5) são pressionados pela disputa societária que travam na Justiça, avalia Luiz Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) (GOAU4)
Queda de 33,7%
Queda de 28,7%
Além do ambiente negativo enfrentado pelo setor, o diretor-presidente da Gerdau, André Gerdau, foi indiciado no dia 16 de maio pela Polícia Federal junto com outras 18 pessoas por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência em inquérito da Operação Zelotes.
Usiminas (USIM5)
Queda de 33,2%
Os preços dos produtos siderúrgicos dispararam em abril e elevaram as margens das usinas, estimulando a produção. Mas de lá para cá eles recuaram, diminuindo a demanda por minério de ferro. As ações das empresas siderúrgicas subiram e acumularam gordos ganhos no acumulado do ano e agora também estão devolvendo parte desses ganhos. Mesmo com a queda superior a 30% no mês, a ação da Usiminas ainda acumula ganho de 7% no ano.
Queda de 28,6%
Em uma conferência em Cingapura em meados do mês, um diretor da Vale fez um diagnóstico que mostra bem os desafios da empresa e do setor. Segundo Claudio Alves, diretor global de marketing e vendas de minério de ferro da Vale, o drástico aumento dos preços do minério neste ano não era completamente justificado pelos fundamentos e a oferta de baixo custo deveria se recuperar. Alves afirmou que a empresa brasileira, porém, está preparada para competir a qualquer nível de preço, justamente porque gerou uma produção adicional de baixo custo com seu projeto S11D.
MAIORES ALTAS
Alta de 15,8%
As ações da JBS reagiram de forma bastante positiva ao anúncio de que a maior processadora de carne bovina do mundo planeja uma reorganização corporativa com o objetivo de criar uma empresa que agrupará as operações fora do Brasil. A nova unidade deve se chamar JBS Foods International, terá sede na Irlanda e será listada na Bolsa de Nova York. Os papéis também mostram uma correção à forte queda após o presidente da empresa, Joesley Batista, ter sido denunciado no começo do ano pelo Ministério Público por crime contra o sistema financeiro.
Alta de 11,7%
Os preços da celulose pararam de cair e se estabilizaram, uma boa notícia para as empresas do setor, que vinham sofrendo com a queda dos preços. Isso possibilitou que a Suzano anunciasse, no início do mês, o aumento no preço da celulose branqueada de eucalipto (BEK, na sigla em inglês) vendida para clientes na Ásia para US$ 540, com efeito imediato.
Alta de 10,7%
As ações da Rumo registram ganhos após a notícia sobre a intenção do governo interino de Michel Temer de criar um Fundo Garantidor de Infraestrutura de R$ 500 milhões de capitalização, o que seria suficiente para bancar R$ 5 bilhões de financiamentos de concessões. A companhia passou recentemente por um processo de reestruturação e capitalização, que melhorou sua estrutura de capital e endividamento.
Alta de 10%
A Fibria também anunciou aumento de preços, a partir de 1º de junho, para os clientes da Europa, América do Norte e Ásia. A valorização do dólar também impulsionou os papéis de Fibria e Suzano, segundo o estrategista da Guide. A moeda norte-americana acumulou alta de 5% em maio, o maior ganho mensal desde setembro (+9,33%) e interrompendo três meses consecutivos de queda.
Alta de 8,9%
A empresa de programas de fidelidade Smiles apresentou um belo resultado para os seus acionistas no começo deste mês. A companhia teve alta de 70% no lucro líquido do primeiro trimestre sobre um ano antes, para R$ 118,4 milhões, impulsionada por salto na receita e no resultado financeiro. Em abril a empresa já havia anunciado a distribuição extraordinária de dividendos de R$ 8,185 por ação, o que fez os olhos de muitos investidores brilharem.