Investing.com - O mercado segue hoje o dia mais importante da breve presidência de Michel Temer quando o futuro do político poderá ser definido com a votação na Câmara dos Deputados para autorizar ou rejeitar o prosseguimento da denúncia por corrupção feita pelo procurador-Geral da República ao STF. No cenário externo, os investidores mantêm suas atenções aos números de empregos do ADP, queda das commodities e a fala de diretores do Fed.
O Ibovespa Futuros opera em queda de 0,3% aos 66.600 pontos, indicando uma abertura com reversão de parte da alta de 0,9% que levou o Ibovespa para o patamar de 66.516 pontos, maior desde a delação da J&F vazada em 17 de maio.
O resultado final da votação de hoje de vitória de Temer já foi amplamente antecipado pelo mercado, pois não há dúvidas até o momento de que a base aliada conseguiu garantir os votos mínimos para rejeitar a autorização da denúncia. O foco dos mercados se volta para os cenários ‘pós-rejeição”.
A maioria dos cenários possíveis se mostram desfavoráveis ao presidente, que precisa que todos os passos deem certo para que o seu plano original de se manter no poder até o final de 2018 e aprovar as reformas, especialmente da Previdência, dê certo. Isso significa que Temer precisa: garantir quórum para abrir a sessão, não se desgastar excessivamente com os discursos, ter o mínimo de 342 deputados para abrir a votação e assegurar um número acima de 250 votos a favor. E tudo precisa ocorrer hoje, para que não dê sinais de fraqueza.
Esse cenário perfeito para o presidente de rejeição com uma votação expressiva poderá abrir caminho para uma renegociação e possível aprovação de diversos trechos da polêmica reforma da Previdência, empurrando o problema das contas públicas para o próximo governo eleito em 2018.
A vitória de Temer deverá deixá-lo atrelado ao fisiologismo baixo da Câmara com o apoio de diversos de partidos nanicos, sedentos por cargos e verbas, além de se curvar a demandas polêmicas de bancadas como a ruralista. A perspectiva é que o PSDB perca força na base aliada.
Qualquer outro cenário hoje, seja adiamento ou um número de baixo deverá manter o presidente em sua corda bamba, fraco para aprovar reformas, dependente do baixo clero da Câmara e sujeito a ser derrubado na próxima denúncia da PGR. Essa possibilidade reforçaria a migração da expectativa de poder para Rodrigo Maia, sucessor natural de Temer.
No cenário externo, os investidores aguardam o relatório de empregos da ADP, previsto para as 09h15, indicador para o relatório oficial de folhas de pagamento não agrícolas, na sexta-feira. Agentes do mercado também estarão atentos a aparições públicas de Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland, e John Williams, dirigente do Fed de São Francisco.
O mercado norte-americano também poderá registrar recorde no Dow 30, que poderá superar os 22 mil pontos após balanços fortes como o da Apple (NASDAQ:AAPL) ontem. Dezenas de importantes balanços serão publicados hoje.
Commodities
O petróleo opera perto da estabilidade após ter cedido durante a madrugada após o Instituto Americano de Petróleo (API, na sigla em inglês) mostrar queda de 1,8 milhão de barris nos estoques de petróleo, frustrando expectativas de redução de 2,9 milhões de barris. Os números oficiais dos estoques serão divulgados hoje às 11h30.
O minério de ferro registra novo dia de perdas com queda de 1% nos contratos futuros de Dalian a 568 iuanes a tonelada, enquanto a commodity perdeu quase 2% para entrega spot em Qindgao, mas manteve a cotação acima dos US$ 70 a tonelada.
Mundo corporativo
O conselho de administração da produtora mexicana de lácteos Lala decidirá amanhã sobre a compra do controle da Vigor. A Reuters informou que a oferta é de R$ 5,7 bilhões.
A Cielo (SA:CIEL3) valeu-se do controle das despesas para compensar a continuada queda das receitas e estabilizar o lucro no segundo trimestre, mas não conseguiu impedir a redução de suas previsões de desempenho para 2017. Ae empresa teve lucro líquido de 1,04 bilhão de reais, alta de 1% ante mesma etapa de 2016 e queda de 0,5% sobre o trimestre anterior.
O BTG Pactual (SA:BBTG11) teve lucro líquido de 502,6 milhões de reais no segundo trimestre, metade do apurado um ano antes, refletindo forte queda das receitas.
A operadora de telecomunicações Oi (SA:OIBR3) defendeu nesta terça-feira em reunião com diretores da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) "aprovação o mais brevemente possível" do aumento de capital para dar sequência ao plano de recuperação judicial da companhia. Na reunião, a agência requisitou que a Oi apresente uma versão reformulada do plano de aporte de capital, por meio do qual a companhia prevê obter cerca de R$ 8 bilhões, incluindo aporte financeiro direto e aumento de capital.
A Magazine Luiza (SA:MGLU3) poderá reavaliar a oferta de R$ 1 bilhão pela empresa, segundo o Broadcast.
A Arezzo (SA:ARZZ3) registrou lucro líquido de R$ 39,27 milhões, 30% maior ante o segundo trimestre de 2016. O Ebitda avançou 23% para R$ 50,32 milhões.