Por Laura Sanchez
Investing.com – Se a coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), provocou a queda dos mercados na quarta-feira, sua homóloga no Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, acabou terminando o trabalho ontem.
O mau humor ainda era sentido nesta sexta-feira, com os mercados europeus operando em sua maioria no vermelho.
Mas, o que esperar a partir de agora? Analistas se posicionam em relação ao que os investidores devem precisar atenção neste momento.
“O BCE deixou claro que ainda tem um caminho a percorrer no aperto da política monetária e que as taxas continuarão no nível terminal por algum tempo”, declarou o BBVA (BME:BBVA) Research em um informe.
“Em linha com o Fed, o BCE transmitiu a ideia de juros mais altos por mais tempo”, ressaltou o Bankinter em seu comentário diário sobre os mercados.
“O detalhamento do plano do BCE ontem, de começar a reduzir seu balanço, pegou muitos investidores de surpresa, dando-lhes um ‘choque de realidade’ diante do fato de que todos os principais bancos centrais ocidentais preveem o mesmo cenário: inflação alta e duradoura, crescimento econômico fraco, com possível recessão em algumas economias e alta de juros, que permanecerão em patamares elevados por algum tempo”, declarou a Link Securities em seu relatório diário.
“Se agregarmos a essa aparente surpresa dos investidores o fato de que os mercados de títulos e ações estão sobrecomprados após os fortes ralis dos últimos dois meses, a reação de ontem não deveria ter surpreendido ninguém”, acrescentou.
Alberto Valle, diretor da Accuracy Consulting, apontou, em um comentário enviado por e-mail ao Investing.com, que “a partir de agora, há dois marcos importantes. O primeiro é o IPC da zona do euro em dezembro, para ver se se confirma a moderação da inflação, levando em conta os mesmos dados de dezembro de 2021, que não foram bons. Esses dados determinarão, em grande medida, a intensidade da próxima elevação. O segundo e mais importante é o IPC de março, impactado pelo início da guerra na Ucrânia”.
“Se, por conta do efeito-base, virmos uma queda significativa do IPC, o mais provável é que o BCE entenda que sua política está funcionando, como parece ser o caso nos EUA, podendo relaxar as altas de juros, o que não significa que a instituição começará a reduzir as taxas, pelo contrário, dará início a um período de juros acima de 3%”, acrescentou Valle.
Já o gestor de portfólio da PIMCO, Konstantin Veit, ressaltou, em um comentário enviado ao Investing.com, que “os juros continuarão sendo o principal instrumento da política monetária, mantendo-se as ferramentas para salvaguardar a transmissão ordenada da política monetária, e o aperto quantitativo se concentrará na redução passiva, gradual e ordenada dos reinvestimentos de APP ao longo do tempo”.