Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- Os investidores estão aguardando os dados da primeira leitura do PIB dos EUA, enquanto digerem os resultados da Meta, proprietária do Facebook, da mineradora brasileira Vale e aguardam os últimos lucros da Amazon. Em outro lugar, os republicanos da Câmara aprovaram um novo projeto de lei sobre o teto da dívida, mas a disputa política em Washington sobre a questão parece estar longe de terminar.
1. Dados de crescimento no horizonte
As ações dos EUA devem abrir em alta nesta quinta-feira, com os investidores aguardando a divulgação de dados econômicos importantes e avaliando as preocupações renovadas sobre a saúde do setor bancário do país.
Às 7h57 (de Brasília), o contrato Dow futuros subia 0,56%, o S&P 500 futuros era negociado 0,54% mais alto, e o Nasdaq 100 futuros subia 0,83%.
O PIB nos EUA deve ter desacelerado para 2,0% ao ano no primeiro trimestre, de acordo com as projeções da Reuters, abaixo dos 2,6% registrados no período de três meses anterior. Os economistas preveem que a relativa fraqueza dos estoques e das exportações será contrabalançada por um aumento do consumo na maior economia do mundo.
A expectativa é de que a recente sequência agressiva de aumentos das taxas de juros do Federal Reserve também mostre sinais de peso sobre a atividade mais ampla. No último ano, o banco central dos EUA elevou os custos dos empréstimos em um ritmo sem precedentes, em uma tentativa de esfriar a temperatura da inflação.
Na próxima semana, o Fed deve aumentar as taxas em mais 25 pontos-base, o que levaria a meta dos fundos federais para uma faixa de 5% a 5,25%. Entretanto, as autoridades podem estar pensando em fazer uma pausa no ciclo de aperto para ter tempo de examinar o impacto da turbulência do mês passado no setor de serviços financeiros.
Uma queda acentuada nas ações do credor regional First Republic alimentou novas preocupações de que o tumulto bancário pode estar apenas em remissão, e ainda não completamente erradicado. O First Republic Bank (NYSE:FRC), que registrou US$ 100 bilhões em saques de clientes em março, viu suas ações caírem 29,75% na quarta-feira, ampliando uma série de quedas acentuadas ao longo desta semana.
2. Meta cresce nas vendas de anúncios; mercado aguarda balanço da Amazon
O crescimento das vendas de publicidade retornou à controladora do Facebook Meta Platforms (NASDAQ:META) pela primeira vez em quase um ano, o que o executivo-chefe Mark Zuckerberg creditou ao sólido desempenho do Reels, a resposta da gigante da tecnologia à mania dos vídeos curtos do tipo TikTok.
A receita de anúncios aumentou 4,1% no período de janeiro a março, para US$ 28,10 bilhões, superando as estimativas de consenso da Bloomberg de US$ 26,76 bilhões. O total de receita no segundo trimestre da Meta aumentou 2,6% em relação ao ano anterior, para US$ 28,65 bilhões, também superando as expectativas.
Em uma call com analistas, Zuckerberg disse que o Reels estava ajudando a impulsionar o envolvimento geral com o aplicativo, acrescentando que a empresa acredita que está ganhando participação no mercado de vídeos curtos.
As ações da Meta, que também apresentou uma previsão de receita para o segundo trimestre maior do que a esperada, de US$29,5 bilhões a US$ 32 bilhões, subiram mais de 11% nas negociações após o expediente na quarta-feira.
Os sinais iniciais de recuperação da publicidade na Meta podem ajudar a amenizar algumas preocupações dos investidores com relação aos altos gastos que a empresa fez no desenvolvimento do projeto metaverso de Zuckerberg. A desaceleração da publicidade e a grande aposta na inteligência artificial se mostraram onerosas para a Meta, levando-a a cortar pesadamente as despesas, principalmente por meio de dezenas de milhares de demissões.
Zuckerberg já havia defendido o aperto de cintos como uma parte necessária do que ele chamou de "ano da eficiência". Mas sua mensagem para os analistas foi visivelmente mais otimista na quarta-feira.
"Quando começamos esse trabalho no ano passado, nosso negócio não estava funcionando tão bem quanto eu queria. Mas agora estamos fazendo esse trabalho cada vez mais a partir de uma posição de força", disse Zuckerberg.
A Amazon.com (NASDAQ:AMZN) divulgará seus resultados do primeiro trimestre após o fechamento das negociações nos EUA na quinta-feira, completando uma semana de lucros de alguns dos maiores nomes do setor de tecnologia dos EUA.
Os investidores estarão particularmente interessados em ver o quão profunda foi a recente queda no crescimento das vendas na principal divisão de computação em nuvem do gigante do comércio eletrônico.
No passado, a Amazon Web Services, ou AWS, foi responsável pela maior parte do lucro operacional total do grupo. No entanto, a unidade viu seu crescimento de receita cair para 27% no início deste ano, o nível mais baixo desde que a Amazon começou a separar os resultados da nuvem da empresa como um todo, à medida que os clientes em potencial controlam os gastos com tecnologia em meio a preocupações com uma desaceleração econômica iminente.
Na quarta-feira, a Amazon também revelou demissões na AWS e em sua divisão de recursos humanos como parte de uma ampla rodada de cortes de empregos que, segundo estimativas, afetará 9.000 trabalhadores. Os analistas esperam que a redução das despesas ajude a melhorar as margens no segundo semestre de 2023.
Junto com a Meta, a Microsoft (NASDAQ:MSFT) e a controladora do Google Alphabet (NASDAQ:GOOGL) também publicaram seus últimos lucros esta semana, com ambos os conjuntos de retornos apontando para uma resiliência contínua nos gastos com nuvem e nas vendas de publicidade.
3. Câmara dos EUA aprova projeto de lei sobre o teto da dívida
Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um projeto de lei que aumentaria o teto da dívida do país em US$ 1,5 trilhão, à medida que a ameaça de um default se aproxima.
Em uma votação apertada de 217 a 215, que não teve nenhum apoio dos democratas, a câmara baixa do Congresso dos EUA, controlada pelos republicanos, aprovou uma medida que apresentava cortes nos planos de gastos do governo apoiados pelo governo Biden, incluindo uma proposta de cancelamento de algumas dívidas de empréstimos estudantis.
Os legisladores agora enfrentam um prazo, estimado em junho, para que o governo federal evite a inadimplência. Mas a política em torno do teto da dívida continua profundamente complexa, com Biden e os líderes democratas no Congresso já acusando os republicanos de usar a questão para obter concessões em áreas políticas importantes.
Kevin McCarthy, o presidente republicano da Câmara, a quem se atribui a aprovação do projeto de lei, disse que Biden "deveria se sentar e negociar". Por sua vez, Biden disse que está feliz em se reunir com McCarthy, mas não sobre a extensão do limite da dívida.
Independentemente de como a questão se desenrole, crescem os temores de que o governo dos EUA talvez não consiga cumprir suas obrigações de dívida caso as negociações sobre o limite de empréstimo de US$ 31,4 trilhões fracassem. Muitos investidores estão correndo para comprar dívidas de curto prazo do governo que vencem antes da chamada "data X", quando expiram as medidas extraordinárias adotadas pelo Departamento do Tesouro no início deste ano para evitar um calote. Enquanto isso, as dívidas com vencimento em meados do verão estão sendo evitadas, causando enormes distorções no mercado de T-bill de curto prazo.
4. Estoques do petróleo dos EUA caem, mas persistem as preocupações com a demanda de petróleo
Os preços do petróleo subiram na quinta-feira devido, em parte, a uma queda nos estoques semanais de petróleo bruto dos EUA, que foi muito maior do que o previsto.
Estoques de petróleo bruto dos EUA diminuíram em cerca de 5,1 milhões de barris na semana passada, após uma queda de 4,6 milhões de barris na semana anterior, de acordo com dados da Administração de Informações de Energia divulgados na quarta-feira. Esperava-se que a leitura mostrasse uma redução de 1,5 milhão de barris.
Às 7h57 (de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA estavam 0,11% mais altos, a US$ 74,38 por barril, enquanto o contrato do Brent subiu 0,12%, para US$ 77,81 por barril.
Mas ambos os índices de referência estão em curso para registrar perdas de quase 4% esta semana, perto de uma baixa de um mês, já que as preocupações permanecem sobre como uma possível desaceleração do crescimento econômico afetará a demanda futura de petróleo. Os preços do petróleo apagaram em grande parte os ganhos obtidos com um corte surpreendente na produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados no início deste mês.
5. ADRs da Vale caem no pré-mercado após queda no lucro
As American Depositary Receipts (ADRs), ou recibos de ações estrangeiras da Vale (NYSE:VALE) nos Estados Unidos recuavam mais de 2% nesta quinta-feira, 27, após a companhia reportar ontem, após o fechamento do pregão, seu resultado financeiro referente ao primeiro trimestre de 2023.
O balanço apontou baixa no lucro, diante de vendas menores, piores preços do minério de ferro e maiores custos. O lucro líquido atribuível aos acionistas da Vale (BVMF:VALE3) foi de US$1,837 bilhão, contra US$4,456 bilhões no mesmo período do ano passado e US$3,724 bilhões no quarto trimestre de 2022.
O Ebitda ajustado proforma das operações continuadas atingiu US$ 3,7 bilhões entre janeiro e março, US$ 2,7 bilhão abaixo na variação anual. “Apesar das restrições climáticas para o embarque que impactaram nossas vendas, permanecemos confiante em nossa habilidade para alcançar nossas metas para 2023”, ponderou o CEO, Eduardo Bartolomeo, em release de resultados.
Às 7h58, o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,15% no pré-mercado.
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