Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, perdendo o patamar dos 130 mil pontos e pondo fim a uma sequência de seis altas consecutivas, em meio a movimentos de realização de lucros e pressionado pela queda nas ações da Petrobras e cautela sobre o momento de corte de juros nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,63%, a 129.418,73 pontos, embora na semana tenha acumulado ganho de 0,54%. Na máxima do dia, chegou a 130.624,33 pontos. Na mínima, a 129.077,28 pontos.
O volume financeiro somou 21,66 bilhões de reais.
O mercado teve uma recuperação nos últimos dias, após queda expressiva no início do ano, disse o analista Luis Novaes, da Terra Investimentos, mas a perspectiva para os ativos de risco não se mostra positiva suficiente para impulsionar os índices à máxima.
Para o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, mesmo nos seis pregões anteriores, quando o Ibovespa subiu, o movimento foi limitado e não conseguiu aproveitar a euforia externa com o rali das ações de tecnologia, puxado pela norte-americana Nvidia.
Em Wall Street, as bolsas fecharam sem direção única, com o S&P 500 quase estável (+0,08%) e o Dow Jones em alta de 0,21%, enquanto o Nasdaq marcou variação negativa de 0,21%.
"Os dirigentes vêm mantendo uma postura cautelosa com relação ao início do ciclo de baixa (de juros nos Estados Unidos), afirmando que a inflação segue elevada e há riscos de se discutir corte de juros prematuramente", acrescentou Novaes.
Na véspera, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller sugeriu adiar cortes nos juros por pelo menos mais alguns meses para avaliar se o recente aumento na inflação indica estagnação no progresso em direção à estabilidade de preços ou é apenas um obstáculo temporário.
No Brasil, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, mencionou nesta sexta-feira que a autarquia está focando dados de salários em meio a incertezas sobre indicadores mais amplos do mercado de trabalho, visando compreender o impacto que eles têm na inflação de serviços.
A queda na sessão teve influência ainda do recuo nos preços do petróleo no exterior, que puxou para baixo os papéis da Petrobras, de forte peso no índice, e do balanço aquém do esperado da B3 na véspera, apesar do contraponto positivo oferecido pelo avanço das ações da Vale, disse o analista da Buena Vista Capital, Renato Nobile.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 0,24%, a 67,38 reais, após a mineradora reportar na véspera lucro líquido de 2,42 bilhões de dólares no quarto trimestre, queda de 35% versus o mesmo período de 2022, com impactos de alta na provisão referente ao rompimento de barragem da Samarco e por um aumento no lucro tributável. A companhia também anunciou a distribuição de dividendos no valor total bruto de quase 2,74 reais por ação. Nesta sexta-feira, o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro da empresa, Marcelo Spinelli, afirmou que a companhia prevê elevar as vendas para fora da China neste ano, apontando para uma expectativa de crescimento de demanda em localidades como Japão e Europa. Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o dia com alta de 0,45%, a 899 iuanes (124,91 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 0,69%, a 41,90 reais, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela companhia, fechou em queda de 2,5%. A petroleira anunciou mais cedo o investimento de 250 milhões de reais em projetos culturais. No setor, 3R PETROLEUM ON (BVMF:RRRP3) caiu 4,02%, PETRORECONCAVO ON perdeu 3,02% e PRIO ON cedeu 2,45%.
- B3 ON (BVMF:B3SA3) caiu 1,58%, a 12,45 reais, após divulgar lucro líquido de 915,5 milhões de reais no quarto trimestre, uma queda de 8,8% na comparação com o mesmo período em 2022, em resultado abaixo das previsões de analistas. A receita líquida da empresa de infraestrutura para o mercado financeiro caiu 2,8%, para 2,24 bilhões de reais no período.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) encerrou em alta de 0,29%, a 34,26 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caiu 1,29%, a 13,89 reais, e BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNT recuou 2,3%, a 36,95 reais.- CASAS BAHIA ON perdeu 6,93%, a 8,33 reais, após ter acumulado um ganho de mais de 16% nos seis pregões anteriores, período em que fechou em queda em apenas uma sessão. MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) subiu 1,9%, a 2,15 reais, após saltar 7,65% na véspera.
- LOJAS RENNER ON (BVMF:LREN3) avançou 0,86%, a 15,26 reais, com analistas do JPMorgan (NYSE:JPM) reiterando recomendação "overweight" para as ações da varejista de moda e alertando para tendências de crescimento potencialmente melhores do que o esperado no Brasil. Os analistas elevaram o preço-alvo dos papéis de 15,50 para 17 reais.
- GPA (BVMF:PCAR3) ON caiu 5,03%, a 3,78 reais, em dia negativo para o setor. A varejista anunciou nesta sexta-feira que está negociando com vários "potenciais compradores" diferentes a venda de seus postos de combustível e do imóvel onde está sua sede na cidade de São Paulo, mas que ainda não chegou a acordos vinculantes. CARREFOUR BRASIL ON (BVMF:CRFB3) perdeu 4,05% e ASSAÍ ON recuou 0,74%.
- MERCADO LIVRE (NASDAQ:MELI), que é negociada em Nova York, desabou mais de 10%, a 1.629,32 dólares, após divulgar lucro líquido estável no quarto trimestre em comparação com um ano antes, de 165 milhões de dólares, à medida que o efeito positivo de maiores vendas contrabalançou impactos fiscais. O resultado ficou abaixo das previsões de analistas.
- NU, também negociada em Nova York, caiu 1,35%, a 10,22 dólares, na esteira do resultado do quarto trimestre. O banco digital multiplicou seu lucro líquido em mais de seis vezes em relação ao mesmo período em 2022, para 360,9 milhões de dólares, mas abaixo da expectativa média de analistas consultados pela LSEG, de 410,7 milhões de dólares.