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Ibovespa tem melhor mês desde dezembro de 2020 e melhor 1º semestre desde 2019

Publicado 01.07.2023, 05:00
© Reuters Ibovespa tem melhor mês desde dezembro de 2020 e melhor 1º semestre desde 2019
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O Ibovespa iniciou a semana em tom menor, com três perdas, mas passada a expectativa, no fim da tarde de ontem, para a deliberação do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação (tornada contínua a partir de 2025, e mantida a 3% para o ano seguinte), o índice parecia a caminho de engrenar dois dias de leve recuperação. Nesta sexta-feira, a forte correção em Petrobras (BVMF:PETR4) (ON -5,13%, PN -4,83%) impediu que o Ibovespa tocasse 10% de ganhos no mês, como sugeria mais cedo, quando ainda mostrava avanço moderado na sessão. No fechamento, prevaleceu perda de 0,25%, com o Ibovespa na mínima do dia, aos 118.087,00 pontos, e recuo de 0,75% para o índice na semana, o que interrompe série de nove ganhos semanais iniciada ainda em abril.

Hoje, a reação negativa do mercado a novo corte de preço da gasolina, anunciado ainda pela manhã, foi o mote para um ajuste mais profundo nos papéis da Petrobras que, ainda assim, acumularam ganho na casa de 19% para a ON e a PN no mês - e de 37% e 43%, respectivamente, no ano. O anúncio reforça a reocupação em torno do aumento da defasagem entre o preço doméstico do combustível e a cotação externa do petróleo, em dia de alta moderada para o Brent e o WTI, em Londres e Nova York.

O dia foi negativo para o setor metálico (Vale ON (BVMF:VALE3) -1,97%, mínima do dia no fechamento; CSN ON (BVMF:CSNA3) -6,19%) e misto para os grandes bancos (BB (BVMF:BBAS3) ON -1,20%, Itaú (BVMF:ITUB4) PN -0,25%, Bradesco (BVMF:BBDC4) PN +1,73%). Na ponta do Ibovespa, Hapvida (BVMF:HAPV3) (+4,29%), MRV (BVMF:MRVE3) (+3,58%) e Energisa (BVMF:ENGI11) (+3,38%), com Renner (BVMF:LREN3) (-6,50%), CSN (-6,19%) e Petrobras (ON -5,13%) no canto oposto.

Ainda assim, com a gordura que havia acumulado até o dia 21 - que o colocou aos 120,4 mil pontos, no maior nível de fechamento desde abril do ano passado -, o índice da B3 (BVMF:B3SA3) avançou 9,00% em junho, superando o desempenho dos três principais índices de Nova York, que ficou entre +4,56% (Dow Jones) e +6,59% (Nasdaq) no mês. Hoje, oscilou entre a mínima do fechamento e máxima de 119.447,25, saindo de abertura aos 118.387,53 pontos. O giro subiu a R$ 32,7 bilhões nesta última sessão de junho.

O ganho de 9% foi o melhor desempenho mensal para a Bolsa brasileira desde dezembro de 2020, quando o Ibovespa subiu 9,30% - na ocasião, ainda no contexto da forte volatilidade global que marcou o primeiro ano da pandemia de covid-19. Curiosamente, está agora perto do nível em que se encontrava no fechamento daquele ano, então aos 119 mil pontos.

No semestre que chega ao fim - os melhores primeiros seis meses desde 2019, quando havia subido 14,88% no mesmo intervalo -, o Ibovespa acumula alta de 7,61%, comparada a uma retração de 5,99% entre janeiro e junho do ano passado, quando temores fiscais domésticos se combinavam a incertezas quanto ao grau de desaceleração da economia mundial, pautada então pelo ciclo de aperto monetário, especialmente nos Estados Unidos.

Um ano depois, a inflação dá sinais de arrefecimento no Brasil e também no exterior, reforçando a expectativa de que os juros americanos estão bem perto - a um ou dois ajustes - do fim do ciclo de alta. Aqui, declarações desta semana do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a própria ata do Copom, da última terça-feira, recolocaram na mesa a expectativa de corte da Selic na próxima reunião, em agosto, após o comunicado da semana anterior ter adiado as projeções de uma primeira redução, de 0,25 ponto porcentual, para setembro.

Assim, junho de 2023 chega ao fim de forma oposta ao que se viu no mesmo período do ano passado, quando havia cedido nada menos de 11,50%, em seu pior desempenho para o mês em 20 anos - em junho de 2002, havia colhido perda de 13,39%. Agora, tanto o Ibovespa como o câmbio e os DIs futuros mostram uma recuperação de confiança dos investidores: a percepção é de resiliência da economia global, distanciando-a de temores quanto a um baque mais profundo, recessivo, e de correção de rota também no espaço doméstico, corroborada ontem pela deliberação do CMN, que tirou da sala os ruídos do governo sobre o trabalho do Banco Central. Com a recuperação gradual ao longo do segundo trimestre (2,50% em abril, 3,74% em maio e 9,00% em junho), o Ibovespa fechou o intervalo com ganho de 15,9%, vindo de desempenho negativo nos primeiros três meses de 2023, quando cedeu 7,16%, a pior abertura de ano desde 2020 - em que o começo da pandemia lançou o Ibovespa no abismo, entre fevereiro e março.

Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e agora, no fim de junho, chega aos 24.654,87 pontos, refletindo não apenas o avanço nominal do índice da B3 no mês, mas também a apreciação do real frente ao dólar - hoje, a moeda americana, à vista, fechou em baixa de 1,19%, a R$ 4,7896.

"Mesmo considerando tudo o que se andou até os 120 mil pontos, a Bolsa não está cara, o que se reflete também no fluxo positivo do investidor estrangeiro, que tem acompanhado de perto, mostrando interesse pelo País. Vale lembrar que México está caro, Rússia não é opção e a China tem mostrado PMIs negativos, com ritmo de atividade ainda em contração", diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, contrapondo o bom momento dos ativos brasileiros.

"Aqui, as projeções para o crescimento econômico têm melhorado, e a inflação arrefecido, o que se reflete não só no comportamento da Bolsa mas também no câmbio e nos juros longos", observa o gestor, destacando que o mercado começa a separar "ruído" ante o que é "efetivo" na condução da política econômica. "Haddad tem sido uma grata surpresa", acrescenta.

No exterior, a chave também tem se mostrado favorável especialmente nos Estados Unidos, com a resiliência da atividade econômica e dos resultados corporativos mesmo em ambiente de juros bem elevados pelo padrão histórico do país.

"Se considerarmos as empresas de maior capitalização de mercado, o que se tem hoje é um grupo de nomes bem distintos do que prevalecia na recessão de 2008. O setor de tecnologia ganhou muito mais peso, o que se reflete no desempenho bem superior do Nasdaq e do S&P 500 em comparação ao tradicional Dow Jones no semestre. Inteligência artificial é algo que, agora, pode desempenhar o papel que a internet teve nos preços dos ativos, tempos atrás", aponta Mikail.

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