A Rumo (SA:RAIL3) registrou queda de 70,4% do lucro líquido no terceiro trimestre, para R$ 51 milhões, informou a companhia em balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira.
Segundo a empresa, o desempenho se deve ao menor volume de milho e à compressão das margens, em razão do mix de transporte mais concentrado em cargas industriais - com maior custo variável por TKU (tonelada por quilômetro útil).
Neste contexto, a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) alcançou R$ 903 milhões no terceiro trimestre, queda de 18,9% na comparação anual. Com isso, a margem Ebitda foi de 46% no período, recuo de 8,3 pontos porcentuais na mesma base de comparação. O lucro operacional caiu 33,9% no terceiro trimestre, para R$ 436 milhões.
A receita operacional líquida totalizou R$ 1,96 bilhão de julho a setembro, uma ligeira queda de 4,2% sobre igual intervalo de 2020. No período, o volume total transportado caiu 6,7% na comparação anual.
Volumes
Na operação Norte, o volume caiu 7,5% em relação ao terceiro trimestre de 2020, em função da retração de 32,3% no milho, decorrente da quebra de safra. Já na operação Sul, o volume recuou 8,3% na mesma base, praticamente sem volume do grão, em função de uma quebra de safra mais severa nos Estados da região Sul.
Por outro lado, a operação de contêineres apresentou crescimento de 12,9% no volume total transportado (em milhões de TKU), em decorrência do aumento do fluxo de exportação e recuperação de volumes do mercado interno.
A companhia destaca, em balanço, ter ganhado 17 pontos porcentuais de market share de grãos no Porto de Santos (SP) de julho a setembro, mesmo diante da queda dos volumes transportados pela companhia. Analisando apenas as exportações de grãos do Mato Grosso, houve ganho de participação de 8,4 pontos, ainda que o mercado mato-grossense tenha apresentado retração de 29,8% nas exportações do trimestre, "confirmando a estratégia de competitividade da Malha Norte", salienta a companhia.
Já a operação Sul perdeu 4 pontos de participação do transporte de grãos aos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). O volume para os portos caiu 37%, enquanto o mercado apresentou uma queda de 27%. "A retração das exportações pelos portos do Sul reduziu o preço do frete rodoviário, com isso, houve perda de market share, mas preservando o crescimento das tarifas ferroviárias", observa a companhia.
Alavancagem
Segundo balanço, o endividamento abrangente bruto da Rumo ao final do terceiro trimestre foi de R$ 18,3 bilhões, contra R$ 14,6 bilhões no período imediatamente anterior, refletindo majoritariamente captações de debêntures e desembolso das Senior Notes 2032 (Rumo Luxembourg).
O endividamento líquido foi de R$ 9 bilhões ao final de setembro, ante R$ 8,2 bilhões no trimestre anterior. Com isso, a alavancagem medida pela dívida abrangente líquida sobre o Ebitda ajustado atingiu 2,4 vezes no terceiro trimestre, ante 2,1 vezes no segundo trimestre.
O capex da Rumo atingiu R$ 774 milhões no terceiro trimestre, "em linha com o plano de investimentos da companhia". Já o capex recorrente atingiu R$ 265 milhões, 13,2% abaixo do mesmo período de 2020.
Em balanço, a empresa afirma que o capex de expansão atingiu R$ 510 milhões de julho a setembro. O aumento decorre principalmente do início dos investimentos obrigatórios do processo de renovação da Malha Paulista. "Considerando a conjuntura da quebra de safra de milho, houve uma revisão no nível de investimentos, mesmo com a realização de compras adicionais para a Malha Central", relata.
A Rumo destaca que segue investindo na via permanente, na substituição de trilhos e dormentes, em pátios e terminais, além de investimentos em tecnologia e melhorias em infraestrutura. "Estes projetos, além de aumentarem a capacidade, trazem maior nível de eficiência, o que permite, entre outros ganhos, a redução do consumo de combustível, fundamental para redução de emissões específicas de gases de efeito estufa."
No terceiro trimestre, o custo variável da Rumo apresentou crescimento de 9,8%. Apesar do ganho de eficiência energética de 3% no período, houve aumento de 42% dos gastos com combustível. Já os custos fixos e despesas gerais e administrativas atingiram R$ 501 milhões de julho e setembro, valor 19,6% acima do mesmo período de 2020, refletindo os maiores gastos com a entrada em operação da Malha Central e os impactos de inflação e dissídio, "bem como das melhorias em sistemas e estruturas das áreas comercial, de pricing e de inteligência de mercado."