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Na contramão de NY, Ibovespa emenda 2º ganho, em alta de 1,26%

Publicado 19.01.2022, 15:49
© Reuters.  Na contramão de NY, Ibovespa emenda 2º ganho, em alta de 1,26%
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Da terça-feira para a quarta-feira, o Ibovespa passou de 106 mil para 108 mil pontos, acentuando as melhores leituras desde meados de dezembro, a despeito de piora do humor externo, que coloca as perdas em Nova York em até 8,34% em 2022, no caso do Nasdaq, mais afetado pela perspectiva de elevação de juros nos Estados Unidos. Retardatária no ano passado, a referência da B3 (SA:B3SA3) corre atrás do tempo perdido, acumulando ganho de 3,04% em janeiro, com forte recuperação em ações de commodities (Petrobras ON (SA:PETR3) +11,56%, PN +10,69%, Vale ON (SA:VALE3) +13,15%) e de bancos (Itaú (SA:ITUB4) PN +12,18%, Bradesco (SA:BBDC4) PN +9,95%), segmentos com grande peso no índice e favorecidos, respectivamente, pela retomada de preços das matérias-primas e pelo viés de alta para os juros.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa subiu 1,26%, aos 108.013,47 pontos, entre mínima de 106.668,94 e máxima de 108.601,77 pontos, com giro financeiro a R$ 29,3 bilhões e emendando o segundo ganho diário. Na semana, o índice sobe 1,02%, enquanto as perdas em Nova York variam entre 2,46% (Dow Jones) e 3,72% (Nasdaq) no mesmo intervalo. Com aproximação de nova temporada de balanços trimestrais, o mercado local, com um fim de ano marcado por vendas efetivadas por investidores domésticos, tanto os institucionais como pessoas físicas, para os estrangeiros, tenta voltar a olhar um pouco mais para os fundamentos, ante os descontos que se acumularam.

"O cenário macro falou mais alto do que o micro, nesse momento de aumento de juros e incerteza eleitoral", diz Ygor Altero, head de Real Estate da XP (SA:XPBR31), ao comentar prévias operacionais positivas para o setor de construção, com o segmento de baixa renda demonstrando "resiliência", em alguns casos até com recorde de vendas, e o de médio e alto padrão com algumas prévias "tendendo mais para o neutro", com parte dos nomes mostrando um pouco de dificuldade para fazer "crescer velocidade de vendas". "Muita gente esperava queda de velocidade de vendas mais acentuada, no segmento de média e alta", acrescenta.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para o setor de varejo, com Americanas SA (SA:AMER3)ON (+9,90%), Lojas Americanas (SA:LAME4) (+9,41%) e Magazine Luiza (SA:MGLU3) (+7,13%), logo atrás de Locaweb (SA:LWSA3) (+12,65%), em retomada na sessão após ceder 10,61% na terça. Destaque também para recuperação da Unit de Banco Inter (SA:BIDI4) (+8,70%) e para avanço de Cyrela (SA:CYRE3) (+7,59%). No lado oposto, Embraer (SA:EMBR3) (-2,79%), Cogna (SA:COGN3) (-2,22%), Azul (SA:AZUL4) (-1,33%), Yduqs (SA:YDUQ3) (-1,32%) e Minerva (SA:BEEF3) (-1,30%). Entre as blue chips, Vale ON fechou nesta quarta em alta de 2,20%, com Petrobras (SA:PETR4) em pausa na recuperação (ON -0,93%, na mínima do dia no fechamento; PN -0,47%) assim como boa parte das ações de grandes bancos (BB (SA:BBAS3) ON +0,88%, Unit do Santander (SA:SANB11) +0,19%, Bradesco PN -1,26%, Itaú PN -0,68%).

O petróleo segue nos maiores níveis em sete anos, com o Brent alcançando nesta quarta a marca de US$ 89 e o WTI, de quase US$ 88 por barril, nas respectivas máximas do dia, o que contribui para reforçar as incertezas quanto à inflação global e à reação dos BCs nas maiores economias.

"Resta ver se toda essa volatilidade faz sentido pelo que está por vir, com muita coisa acontecendo em juros e commodities, desde ontem. É preciso ver o que é risco e o que é real", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o avanço, na terça-feira, do yield americano de 10 anos a 1,87%, no maior nível em dois anos - nesta quarta, chegou a bater em 1,89%, mas se acomodou à faixa de 1,82% a 1,84%.

Mais cedo, os rendimentos do Tesouro americano subiam, mas "encontraram forte resistência no nível de 1,90% (para a T-note de 10 anos)", observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York. "Para que os rendimentos continuem a subir, Wall Street precisará da confirmação adicional do Fed de que 5 aumentos nas taxas de juros estão na mesa e que a redução do balanço patrimonial pode ter um escoamento de US$ 500 bilhões este ano", acrescenta.

"A forte pressão inflacionária deve resultar em aumento de juros provavelmente no mundo todo. Na Europa, o rendimento de 10 anos dos títulos públicos da Alemanha ficou acima de zero pela primeira vez desde 2019. Inflação ainda é o tema do momento", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

"A inflação segue no centro das atenções, e agora foi a vez do Reino Unido apresentar dado de inflação acima do esperado, fechando o ano de 2021 no maior nível dos últimos 30 anos. O mercado começa a projetar uma política monetária mais restritiva à frente, por parte do Banco Central do país", aponta Antônio Sanches, especialista da Rico Investimentos.

Por outro lado, observa Sanches, "a China segue na contramão do mercado", com o BC sinalizando estímulos à economia e à expansão do crédito, o que tem contribuído para a recuperação dos preços de commodities, como o minério de ferro.

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