Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Ocean Winds, joint-venture das companhias europeias Engie (BVMF:EGIE3) e da EDP (BVMF:ENBR3) Renováveis dedicada à energia eólica offshore, assinou nesta terça-feira com a Prumo Logística (BVMF:PRML3) um memorando de entendimentos para estudos de um projeto no Porto do Açu (RJ).
A parceria visa "compartilhamento de conhecimento e trabalho conjunto" entre as partes com o objetivo de impulsionar a nova tecnologia renovável junto ao porto fluminense, que prepara sua infraestrutura já existente de suporte à indústria de óleo e gás para servir também aos parques eólicos marinhos, com bases de instalação, comissionamento, operação e manutenção.
O acordo assinado nesta terça-feira não traz detalhes sobre um eventual futuro projeto da Ocean Winds no local, mas a empresa, que lançou no ano passado sua unidade no Brasil, já tem projetos offshore em licenciamento no Rio de Janeiro.
Ao todo, a Ocean Winds entrou com pedidos de licença no Ibama para 15 gigawatts (GW) de eólicas offshore, para implantação em águas do Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em participação no evento Brazil WindPower nesta terça-feira, o CEO global da Ocean Winds, Bautista Rodríguez Sánchez, afirmou que os empreendimentos da companhia no país ainda estão em fase inicial, mas que há perspectiva de avanço tão logo o Brasil aprove uma regulamentação para a eólica offshore.
Sánchez classificou ainda como "impressionante" o potencial do Brasil para geração eólica no mar, estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em 700 GW.
"Honestamente, a cifra é impressionante, não é fácil... que um país desfrute dessa enorme capacidade de desenvolvimento de eólica marinha e justamente na costa onde estão concentrados os maiores pontos de consumo", disse.
Com atuação principalmente na Europa, América do Norte e Ásia, a Ocean Winds opera atualmente cerca de 1,5 GW em parques eólicos no mar no mundo, está construindo mais 2 GW e tem uma carteira para desenvolvimento de 13 GW adicionais.
Para o Porto do Açu, o acordo vem em linha com os planos mais recentes de se posicionar como um "hub" de soluções para transição energética, com projetos de geração de energia renovável e hidrogênio verde. Operado pela Prumo, que é controlada por EIG e Mubadala, o complexo é uma importante instalação para escoamento de petróleo e minério de ferro, além de ter em sua área a usina termelétrica a gás GNA.
Regulamentação
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reafirmou nesta terça-feira a previsão do governo de aprovar até o fim deste ano uma regulamnetação para as eólicas offshore.
Em participação no evento Brazil WindPower, Silveira disse que debateu o tema no último fim de semana com o deputado federal Zé Vitor (PL-MG), relator de um projeto sobre o tema na Câmara.
"Temos que urgentemente derrubar barreiras ao desenvolvimento dessa nova fronteira de energias limpas ao Brasil, trazendo segurança jurídica para o processo de cessão de áreas", disse o ministro.
O Brasil tem atualmente cerca de 189 GW em projetos eólicos offshore buscando licenciamento junto ao Ibama, em um segmento que vem atraindo o interesse principalmente de petroleiras, como Petrobras (BVMF:PETR4) e TotalEnergies, mas também de companhias do setor elétrico.
Para que esses projetos possam começar a sair do papel, os empreendedores aguardam as regras para cessão de uso de áreas no mar. No futuro, ainda precisará se definir como ocorrerá a contratação da energia gerada por esses projetos --via leilões do governo ou em negócios do mercado livre de energia.
(Por Letícia Fucuchima)