Investing.com - O ministro da Economia Paulo Guedes manifestou, em entrevista à Bloomberg e à Reuters em Davos - durante o Fórum Econômico Mundial - na quarta-feira (23), o compromisso do novo governo com a reforma da Previdência, privatizações e de zerar o déficit fiscal - ainda para 2019 -, mantendo o otimismo dos investidores no mercado acionário brasileiro. O ministro afirma que a economia da reforma pode chegar a R$ 1,3 trilhão em 10 anos, enquanto as privatizações podem levantar US$ 20 bilhões à União.
Ante a perspectiva positiva, o Ibovespa prosseguiu com a valorização neste ano e renovou as máximas históricas nesta semana mais curta devido ao feriado de aniversário da cidade de São Paulo na sexta-feira (25), quando não haverá negociações. A Bolsa brasileira subiu 1,64% nestes quatro dias, ultrapassando os 97,5 mil pontos.
Os ganhos foram garantidos nos dois últimos dias da semana, guiados pela fala de Guedes - 1,53% na quarta e 1,16% na quinta. Na segunda-feira a bolsa teve uma perda de 0,09%, com os investidores realizando lucros aproveitando o fechamento das bolsas americanas por conta do feriado de Martin Luther King. Na terça-feira a bolsa despencou quase 1%, seguindo o pessimismo global com perspectiva de desfecho negativo nas negociações comerciais entre EUA e China.
Mas as desconfianças de o governo ter capacidade de um bom relacionamento com o Congresso para aprovar as reformas prosseguem, agora acompanhadas com as crescentes denúncias de irregularidades de Flávio Bolsonaro, filho do presidente e senador eleito pelo Rio de Janeiro. Em matéria veiculada no Jornal Nacional, o Coaf apontou depósitos fracionados de R$ 96 mil e pagamento de um título de R$ 1 milhão sem identificar o favorecido na conta bancária de Flávio. O senador eleito alegou, à TV Record, que o dinheiro é fruto de uma venda de imóvel, versão confirmada pelo comprador, o ex-jogador de vôlei de praia Fábio Guerra. Além disso, o filho do presidente empregou, até novembro do ano passado, mulher e esposa do chefe do Escritório do Crime - organização suspeita do assassinato da vereadora Marielle Franco - em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro durante seu mandato de deputado estadual.
As denúncias contra o filho do presidente não diminuiu o otimismo do mercado com o governo para a entrega da reforma da Previdência, apesar de não negar o risco de atingir o capital político de Jair Bolsonaro, conforme análise veiculada no site do jornal Valor Econômico. O presidente declarou, em entrevista à Bloomberg durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, de que seu filho “pode ter errado e que vai ter que pagar o preço caso esse for o caso”. À TV Record, o presidente mudou o discurso e disse que as denúncias contra seu filho é uma forma de atingí-lo.
Em Davos, o presidente fez sua estreia internacional, com um discurso de 6 minutos com as diretrizes de seu governo, sem detalhar medidas. No entanto, Bolsonaro cancelou uma entrevista coletiva que também teria a presença de Guedes, do ministro da Justiça Sergio Moro e o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.
Ações em destaque
A semana foi movimentada para algumas empresas listadas no Ibovespa. O anúncio do início da venda direta da Amazon, com a inauguração de um centro logístico em Cajamar (SP), derrubou o preço de Magazine Luiza (SA:MGLU3), Via Varejo (SA:VVAR3), Lojas Americanas (SA:LAME4) e B2W (SA:BTOW3).
Também tiveram destaque ações das empresas de proteína animal com a desabilitação de 5 frigoríficos de exportação de carne halal pela Arábia Saudita, mas mantendo autorização em outras unidades. A medida atingiu unidades da JBS (SA:JBSS3), que não sofreu impacto em suas ações, mas os papéis da BRF chegaram a perder 5% na terça-feira, se recuperando na sessão seguinte após anunciar que impactos serão mínimos sobre sua receita.
Por fim, o presidente da Eletrobras (SA:ELET3) concedeu entrevista abordando que o plano de capitalização da estatal prossegue, sem definição do modelo. A capitalização também pode ser uma estratégia de levantamento de capital da Sabesp (SA:SBSP3), segundo o secretário de Fazenda de São Paulo Henrique Meirelles, que não descarta privatização da companhia paulsita de abastecimento de água. E houve mais um recurso judicial contrário ao acordo entre Embraer (SA:EMBR3) e Boeing.