Investing.com - A maior probabilidade de uma vitória da saída do Reino Unido da União Europeia em referendo marcado para a próxima quinta-feira deu o tom pessimista do mercado nesta semana. A cada pesquisa divulgada, que apontava para uma vitória mais certa dos que querem que o país deixe o bloco, as dúvidas se acumulavam e os investidores buscavam ativos mais seguros.
O movimento global de aversão ao risco provocou uma forte queda das commodities e das ações, dando espaço à valorização do dólar e do ouro, assim como títulos de países mais sólidos como Japão, EUA e Alemanha.
O pessimismo perdeu força no fim na semana com o atentado que tirou a vida da parlamentar britânica Jo Cox, defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia. O assassinato foi avaliado como um possível impacto negativo para o lado oposto. A campanha foi suspensa e circulou o boato de que o referendo marcado para a próxima quinta-feira (23/6) poderia ser adiado.
A semana global também foi marcada pela decisão do Fed em manter as taxas de juros e usar um discurso mais cauteloso em relação ao ritmo de alta. O mercado passou a considerar somente um aumento neste ano.
Bovespa. Na bolsa brasileira, a alta de sexta-feira foi decisiva para que o Ibovespa fechasse a semana no positivo. O índice ganhou 0,2%% aos 49.533 pontos, tendo testado novamente os 50 mil pontos no último pregão da semana.
Dólar. Já a moeda, fechou praticamente estável com baixas de terça-feira a sexta-feira sem reverter a alta do primeiro dia da semana. A divisa é negociada a R$ 3,42.
Lava Jato. A delação do ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, levou a Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto com a acusação de que o presidente em exercício, Michel Temer, teria solicitado R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo. Temer refutou a acusação. A delação também derrubou o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, terceiro a cair em pouco mais de um mês de governo. Na Câmara, o Comitê de Ética aprovou o relatório que pede a cassação de Eduardo Cunha.
Teto de gastos. O avanço da operação contra a corrupção ofuscou o principal plano econômico lançado pelo governo. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou que o Executivo enviará para o Congresso projeto que estabelece um teto para os gastos públicos por vinte anos. A proposta prevê que os gastos não cresçam acima do desembolsado no ano anterior, acrescido da inflação.
O projeto é visto como um grande teste para o governo Michel Temer, já que necessita de 2/3 dos votos em duas votações na Câmara e no Senado. O texto incluiu limites aos gastos de Saúde e Educação, o que enfrentará resistência no Congresso.
O governo também reforçou que pretende aprovar ainda neste ano as reformas previdenciária, trabalhista e fiscal.
Petrobras (SA:PETR4). A ação da companhia registrou ganhos de 1% na semana, com forte volatilidade acompanhando a flutuação da cotação do petróleo. O presidente da empresa, Pedro Parente, informou que recebeu propostas para a venda da BR Distribuidora e, em fato relevante, a estatal informou que abriu o processo de venda da Liquigás. O sétimo poço de Libra confirmou a presença de uma grande coluna de petróleo.
Usiminas (SA:USIM5). O grande destaque da bolsa nesta semana ficou com as ações da Usiminas, que dispararam 13% com o anúncio de que chegou a um acordo com credores para alongar a dívida para 10 anos, com carência de três para o pagamento do principal. A empresa está no centro de uma grande disputa judicial com a CSN (SA:CSNA3) (+7%) pela indicação de conselheiros. A siderúrgica cortou entre 400 e 500 funcionários em Cubatão.
Ultrapar (SA:UGPA3). A dona da Ipiranga ganhou 7% na semana após o anúncio de que a sua subsidiária adquiriu a Ale, quarta maior distribuidora de combustíveis do país, com forte presença no Nordeste. O negócio foi de R$ 2,17 bilhões. A Ultrapar deverá analisar a venda da Liquigás para unir com a operação da Ultragaz.
Vale (SA:VALE5). A empresa recuperou parte das perdas da semana passada e avançou 3,5% na semana. A Mosaic anunciou estar em negociação para a compra da área de fertilizantes da Vale, em negócio estimado em US$ 3 bilhões. Dois ataques a trens fizeram com que a Vale interrompesse o escoamento de carvão pela ferrovia Sena em Moçambique.
Samarco. A empresa descartou a possibilidade de retomar a operação ainda este ano.
CPFL (SA:CPFE3). A distribuidora valorizou 5% no Ibovespa com a compra da AES Sul em operação de R$ 1,7 bilhão.
Estácio (SA:ESTC3). A novela do futuro da Estácio se arrastou por mais uma semana com novos capítulos. O CEO da empresa, Rogério Frota Melzi, renunciou ao cargo e foi substituído por Chaim Zaher. O Globo afirma que a troca ocorreu após divergências internas que indicam que a diretoria trabalharia contra a fusão com a Kroton (SA:KROT3) por temer perder seus cargos e que a contraproposta da Ser (SA:SEER3) teria sido coordenada pelos diretores. A Kroton não descartou elevar sua proposta para adquirir a empresa.
Oi (SA:OIBR4). A telefônica fracassou na negociação com credores e afirmou que 60% dos recebíveis estão penhorados. A ação despencou 25% na semana.
Commodities
Petróleo. A commodity acompanhou o pessimismo mundial provocado pela crescente possibilidade de o Reino Unido deixar a Zona do Euro e chegou a tocar os US$ 45,84. A sexta-feira mais otimista recuperou parte dos preços com avanço diário de 4%, mas não foi suficiente para zerar as perdas de 2% na semana.
Ouro. O metal chegou a máxima de 23 meses com as tensões em relação ao Reino Unido. Na busca por ativos seguros, o ouro chegou aos US$ 1.316,40 por onça e encerrou a semana com ganhos de 2%.
Cana-de-açúcar e Café. As geadas no sul do Brasil não afetaram a lavoura de café e cana-de-açúcar.
Indicadores
IBC-Br. O Banco Central divulgou alta de 0,03% no índice de atividade econômica, interrompendo 15 meses consecutivos de queda.
Inflação. O IGP-M acelerou para 1,33% na segunda prévia de junho, com pressão do atacado. IPC-S caiu para 0,4% na segunda quadrissemana. IGP-10 foi a 1,42%.
Varejo. As vendas subiram 0,5% em abril, abaixo do esperado.
Arrecadação. O governo recolheu 4,8% a menos de impostos em maio, R$ 95,219 bilhões.