Investing.com - O discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, na manhã nesta sexta-feira (26/8) pôs fim à ansiedade que estressou o mercado global durante toda a semana. Com a expectativa pela fala da chair do banco central americano, os investidores buscaram posições cautelosas, seguraram os volumes, e buscaram se antecipar à volátil reação que estaria por vir.
Às 11h, o discurso de Yellen foi disponibilizado em sua íntegra e fortes movimentos foram vistos nas cotações de câmbio e bolsas com uma leitura de que a presidente adotou um tom um pouco mais firme do que o anterior, indicando que a hipótese de alta de juros nos EUA tem ganhado força. A presidente não foi, contudo, incisiva, deixando espaço para especulações de que poderá haver manutenção dos juros por um prazo mais longo.
As apostas por uma alta neste ano se fortaleceram após o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, interpretar que o discurso de Yellen está alinhado com as expectativas de elevação de taxas. Na última semana, os diretores do banco central americano passaram a apontar na direção de aumento de juros, após a ata da última reunião ter vindo com tom dovish.
Bovespa. Com as incertezas rondando a taxa de juros nos EUA, o Ibovespa interrompeu a sequência de 10 semanas consecutivas de altas e cedeu 2,3%, retornando à casa dos 57 mil pontos, após fechar acima dos 59 mil pontos na semana passada.
Dólar. A moeda avançou mais de 2% na terceira semana consecutiva de alta com a leitura de alta nas taxas de juros nos EUA, o que valorizou a divisa americana. As dúvidas internas em relação à capacidade do governo de entregar o ajuste fiscal também pressionaram o real.
Política. No cenário interno, os olhares do mercado seguem acompanhando o julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A expectativa geral é que o Senado aprove o fim do mandato e oficialize o presidente interino Michel Temer no cargo. Qualquer mudança neste roteiro poderá provocar forte volatilidade no mercado. Na segunda-feira, em um dos momentos mais aguardados, Dilma Rousseff deverá ir ao Senado para se defender e responder às perguntas dos parlamentares. A votação final está prevista para quarta-feira à noite.
DRU. Em meio a dúvidas em relação à capacidade do governo de realizar o reajuste fiscal, a prorrogação e ampliação da DRU foi aprovada no Senado. Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, participaram de audiência pública no Senado e defenderam as medidas fiscais para evitar a explosão da dívida pública. No momento, Meirelles descartou aumento de impostos, mas deixou a porta aberta para a alternativa caso despesas novas sejam criadas pelo Congresso, que aprovou novos reajustes a servidores.
Petrobras (SA:PETR4). A companhia perdeu 2% nesta semana negativa nas bolsas e instabilidade no mercado de petróleo. Na semana passada, a empresa bateu sua máxima em quase dois anos. Os ADRs companhia negociados em NY tiveram recomendação e preço-alvo elevados pelo Credit Suisse. O PDV da petroleira já atraiu 6 mil funcionários, segundo a Reuters.
Siderúrgicas. Em uma semana extremamente volátil para o setor, as ações perderam força após altas consecutivas. A CSN (SA:CSNA3) liderou as perdas com -13% mesmo após vender a subsidiária Metalic para a Can Pack por US$ 98 milhões. Destaques do mês no Ibovespa, Gerdau (SA:GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) amargaram perdas de 10% e 8% respectivamente, enquanto a Usiminas (SA:USIM5) cedeu 7,5%.
Eletrobras (SA:ELET3). Fora do Ibovespa, a empresa disparou 11% na semana com a perspectiva de melhora na geração de caixa e pela venda de ativos. A empresa deverá renegociar a dívida com a Petrobras pelo fornecimento de combustível para geração térmica e, até outubro, dar baixa no balanço por corrupção.
Ambev (SA:ABEV3). A holding Anheuser-Busch Inbev deverá cortar 3 mil empregos após a fusão com a SAB Miller. No Brasil, a empresa abriu, em parceria com a Whirlpool, fábrica de cápsulas de bebidas.
Ser. A educacional contratou advogados para tentar impedir a fusão das rivais Estácio (SA:ESTC3) e Kroton.
Vale (SA:VALE5). A semana terminou com fortes perdas de 6,8% para a empresa em meio ao tombo na cotação do minério de ferro, seu principal produto, que recuou abaixo de US$ 60/t no mercado spot chinês. A mineradora afirmou que se tornou a mais lucrativa do ramo no primeiro semestre e que tem a expectativa de retorno das atividades da Samarco no meio de 2017.
Cemig (SA:CMIG4). A Aneel homologou indenização de R$ 892 milhões para a estatal mineira pelos ativos, cujas concessões não foram renovadas pelo governo federal.
Commodities
Petróleo. A especulação sobre um novo acordo da Opep para controlar o mercado a partir de setembro deu o tom da semana volátil. Em meio a declarações de membros do cartel - especialmente da Arábia Saudita e do Irã -, a commodity cedeu 2% se mantendo acima dos US$ 47/b nos EUA e US$ 49 no Brent. Os fundamentos, contudo, seguem pressionando a cotação, especialmente a alta dos estoques nos EUA.
Minério. Após dias de altas, o minério de ferro caiu quase 4% na sexta-feira, retornando abaixo dos US$ 60/t.
Açúcar. FCStone elevou a previsão do déficit global da commodity e da moagem no centro-sul do Brasil.
Energia. A Aneel manteve bandeira tarifária verde para setembro.
Indicadores
PIB. A economia dos EUA cresceu 1,1% no segundo trimestre, em dados anualizados, mais lento do que o esperado. O Reino Unido avançou 0,6% ainda sem refletir o Brexit. A Alemanha avançou 0,4%, enquanto a Espanha cresceu 0,8% e a França ficou estagnada. México recuou 0,2%.
Desemprego. O Ministério do Trabalho informou fechamento de 94,7 mil vagas formais em julho, acima do esperado.
Inflação. O IPC-15 desacelerou para 0,45% em linha com as previsões do mercado. IPC-S caiu para 0,29% e o IPC-Fipe recuou para 0,03% na terceira quadrissemana de agosto.
Confiança. Os índices de confiança do comércio subiram pelo quarto mês seguido em agosto, segundo a FGV.
Conta Corrente. O déficit subiu para US$ 4 bilhões em julho, pior do que o projetado.
Inadimplência. O índice voltou a subir e atingiu 5,7%, de acordo com o BC.