Taxas dos DIs sobem após Trump ameaçar países do Brics com tarifas

Publicado 07.07.2025, 16:54
Atualizado 07.07.2025, 16:55
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em alta, em uma sessão no geral bastante negativa para os ativos brasileiros após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor tarifas a países do Brics com políticas “antiamericanas”, além de estabelecer novas taxas a alguns parceiros comerciais, como Japão e Coreia do Sul.

O noticiário em torno das tarifas comerciais voltou às mesas de operação em todo o mundo pouco antes de 9 de julho, prazo estabelecido pelo governo Trump para negociações sobre o tema.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,205%, ante o ajuste de 14,176% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,465%, ante o ajuste de 13,395%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,39%, ante 13,301% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,45%, ante 13,359%.

No domingo, em uma declaração conjunta na abertura da cúpula do Brics no Rio de Janeiro, o grupo alertou que o "aumento indiscriminado de tarifas" ameaça o comércio global. O Brasil é um dos membros fundadores do Brics.

Horas depois, Trump advertiu que irá punir os países que tentarem se unir ao grupo.

"Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics terá de pagar uma tarifa ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a essa política. Obrigado por sua atenção a esse assunto!", disse Trump em uma postagem no Truth Social.

Em reação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as declarações de Trump e classificou como "irresponsável" a postura do norte-americano de fazer ameaças por redes sociais.

"Eu acho que nem deveria comentar, porque não é responsável e sério um presidente da República, de um país do tamanho dos Estados Unidos, ficar ameaçando o mundo através da internet", disse Lula ao ser questionado sobre a declaração de Trump. “O mundo mudou, não queremos imperador. Somos países soberanos. Se ele acha que pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade.”

Antes mesmo do prazo final de 9 de julho, Trump informou nesta segunda-feira que imporá tarifa de 25% sobre as importações de produtos do Japão e da Coreia do Sul a partir de 1º de agosto. Haverá ainda tarifas de 30% para a África do Sul, 25% para a Malásia e o Cazaquistão, além de 40% para Mianmar e Laos.

As tensões em torno da questão tarifária deram força ao dólar ante boa parte das divisas de países integrantes do Brics, como o real, o rand sul-africano, a rupia indiana, o peso mexicano e a rupia indonésia. Além disso, os rendimentos dos Treasuries tinham altas firmes, em especial entre os títulos de longo prazo.

Neste cenário de dólar forte e yields em alta, a taxa do DI para janeiro de 2028 marcou a máxima de 13,500% às 13h35, em alta de 11 pontos-base ante o ajuste de sexta-feira. No mesmo horário, o DI para janeiro de 2033 tinha a taxa máxima de 13,450%, em alta de 9 pontos-base.

Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o estresse global gerado pela disputa tarifária deixou em segundo plano o noticiário doméstico, que teve como destaque a divulgação do boletim Focus. Nele, a mediana das projeções dos economistas para a inflação em 2025 caiu de 5,20% para 5,18%, permanecendo em 4,50% no caso de 2026. A expectativa no Focus é de que a taxa básica Selic siga em 15% ao ano até o fim deste ano e termine o próximo ano em 12,50%.

Perto do fechamento a curva brasileira seguia precificando quase 100% de chances de manutenção da Selic em 15% no encontro do fim deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Na sexta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 89,56% de chances de manutenção da Selic, contra 6,90% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base este mês.

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