Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Investidores intensificaram nesta terça-feira as apostas de que o Banco Central poderá elevar a Selic no curto prazo, o que faz as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais curtos registrarem ganhos firmes, enquanto na ponta longa da curva a termo as taxas também sobem, em sintonia com o exterior.
Às 14h09, a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,67%, ante 10,585% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 11,655%, ante 11,439% do ajuste da véspera.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,87%, ante 11,795%.
Boa parte do movimento ocorre na esteira da divulgação, nesta manhã, da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. No documento, o BC incorporou em sua comunicação a mensagem de que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.
"O Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado", registrou a ata.
A mensagem foi considerada por parte do mercado como hawkish (dura) com a inflação, com os patamares mais elevados do dólar ante o real servindo de justificativa para o aumento recente da precificação de alta da Selic.
Às 14h23, a curva brasileira precificava 41% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em setembro. A probabilidade de alta de 25 pontos-base era novamente majoritária -- como já tinha ocorrido há alguns dias --, de 59%. Na véspera os percentuais eram de 57% e 43%.
No exterior, a sessão é de maior alívio após a corrida por segurança da véspera em meio aos receios de recessão nos EUA. Parte dos investidores se colocava nesta terça-feira na ponta de venda dos títulos norte-americanos, o que dá sustentação aos yields. Às 14h23, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 11 pontos-base, a 3,892%.