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Vale prevê para 2023 'briquete' que reduz emissões na produção de aço

Publicado 09.09.2021, 11:28
Atualizado 09.09.2021, 19:55
© Reuters. Mina de Carajás, da Vale , na Floresta Nacional de Carajás
29/05/2012. 
REUTERS/Lunae Parracho/File Photo
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Por Roberto Samora e Marta Nogueira

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -A mineradora Vale (SA:VALE3) apresentou nesta quinta-feira, durante reunião virtual com analistas de mercado, um novo produto que poderá reduzir em até 10% a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na produção de aço de seus clientes siderúrgicos.

O "briquete verde" da Vale, que estará em produção em 2023, é formado por minério de ferro e uma solução tecnológica de aglomerantes, que inclui em sua composição areia proveniente do tratamento de rejeitos de mineração, e é capaz de resistir à temperatura elevada do alto-forno sem se desintegrar, disseram executivos da companhia à Reuters.

O produto foi desenvolvido pela empresa ao longo de quase 20 anos e está incluído na estratégia da Vale de reduzir em 15% as suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035.

"Esse é efetivamente o primeiro produto inovador que se dispõe de fato a ajudar a reduzir o problema da descarbonização. Coloca a Vale na liderança para uma solução efetiva, imediata", afirmou o vice-presidente executivo de Ferrosos da mineradora, Marcello Spinelli.

A produção do “briquete verde” será inicialmente realizada nas usinas 1 e 2 de pelotização, na Unidade Tubarão, em Vitória (ES), que serão convertidas para este fim; e no Complexo de Vargem Grande, em Minas Gerais, onde está sendo instalada uma nova planta.

As duas plantas que serão convertidas eram mais antigas e estavam paralisadas, segundo o diretor de Marketing de Ferrosos, Rogerio Nogueira.

Já a usina de Vargem Grande será instalada ao lado de uma planta de concentração magnética da empresa da Vale chamada New Steel, que tem uma tecnologia inovadora capaz de entregar um concentrado de até 68% de teor de ferro, a partir de minérios pobres, sem o uso de água.

"É uma quebra de paradigma tecnológico conseguir concentrar minério e aglomerar, sem o uso de barragens", disse Nogueira, pontuando que o produto final do processo ainda será de alta qualidade e com valor agregado.

OPERAÇÃO COMERCIAL

A capacidade inicial de produção é de aproximadamente 7 milhões de toneladas por ano, e o início das três plantas está previsto para 2023.

Os executivos afirmaram que já vem conversando com siderúrgicas do mundo inteiro e que há grande interesse no novo produto, que tem patentes registradas em 47 países.

Já o investimento soma 185 milhões de dólares. A estimativa é de que, no longo prazo, a companhia tenha capacidade para produzir acima de 50 milhões de toneladas por ano de “briquete verde”, o que levaria a um potencial de redução de emissão superior a 6 milhões de toneladas de carbono equivalente por ano (MtCo2e/ano) com uso da tecnologia.

Nogueira explicou que a oferta do novo produto crescerá conforme o avanço da demanda e que o volume de capacidade previsto atualmente é conservador. "Pode ser muito mais", afirmou.

A redução de GEE ocorre porque o produto permite ao siderurgista reduzir a dependência da sinterização, processo anterior à produção do aço no qual há a aglomeração do fino de minério de ferro ("sinter feed").

Segundo a Vale, a sinterização demanda o uso intensivo de combustíveis fósseis para o alcance de uma temperatura de processo em torno de 1.300 graus Celsius.

Já o briquete da Vale é considerado um aglomerado a frio, no qual não ocorre queima, mas uma cura a uma temperatura entre 200 e 250 graus Celsius, demandando menos energia. Dessa forma, há um menor uso de energia e também um ganho operacional na produção, com menores custos.

O produto reduz ainda a emissão de particulados e de gases como dióxido de enxofre (SOX) e o óxido de nitrogênio (NOX), além de dispensar o uso da água na sua produção.

© Reuters. Mina de Carajás, da Vale , na Floresta Nacional de Carajás
29/05/2012. 
REUTERS/Lunae Parracho/File Photo

O “briquete verde” está incluído na estratégia da Vale de reduzir em 15% as suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035.

A meta de redução de escopo 3 faz parte da estratégia da Vale de zerar suas emissões líquidas de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) até 2050. Para isso, a empresa vai investir entre 4 bilhões e 6 bilhões de dólares para reduzir em 33% essas emissões até 2030.

(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira e Nayara Figueiredo)

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