Por Gabriel Codas
Investing.com - Na primeira hora de negócios desta sexta-feira na bolsa paulista, as ações da Vale (SA:VALE3) operam com forte queda, puxada pelo balanço divulgado na véspera e pelo cenário externo adverso. A companhia informou que encerrou o quarto trimestre com prejuízo líquido de US$ 1,56 bilhão no quarto trimestre de 2019, ante lucro líquido de US$ 3,79 bilhões no mesmo período do ano anterior, principalmente devido a baixas contábeis e provisões relacionadas ao rompimento de barragem em janeiro de 2019. A estimativa do mercado era um lucro líquido da mineradora de US$ 700 milhões no período.
Assim, por volta das 11h00, os papéis perdiam 2,84% a R$ 50,72.
Em seu relatório de desempenho financeiro publicado nesta quinta-feira, a companhia reportou baixas contábeis de US$ 4,2 bilhões entre outubro e dezembro em ativos da Vale (SA:VALE3) Nova Caledônia e da mina de carvão de Moçambique.
Segundo a empresa, a operação da Nova Caledônia enfrentou problemas desafiadores ao longo de 2019, principalmente nas atividades de produção e processamento.
Para a XP Investimentos, a Vale (SA:VALE3) reportou resultados em linha no quarto trimestre, com o EBITDA ajustado de US$4,7 bilhões e queda de -3% na comparação trimestral, +3% vs. XPe e +2% vs. consenso – incluindo provisões adicionais de US$898 milhões relacionadas a acordos e doações (US$227 milhões) e atualizações no plano de descaracterização de barragens (US$671 milhões, anunciado em 11 de fevereiro).
Os analistas destacam a forte geração de caixa de US$1,3 bilhão, que foi novamente o principal ponto positivo, mantendo a dívida líquida/EBITDA em 0,5x. Devido aos baixos níveis de alavancagem e à forte geração de caixa, na visão deçes, potenciais dividendos devem ser o foco em 2020.
A corretora vê as ações da Vale (SA:VALE3) sendo negociadas a 4,2x EV/EBITDA 2020, versus pares globais a 5,5x. Para a equipe, a Vale deve negociar com um prêmio versus seus pares, devido às mudanças estruturais no setor siderúrgico na China (maiores taxas de utilização) que favorecem os prêmios de qualidade e, portanto, os produtos da Vale e tendência de redução de custos no longo prazo com retomada das operações atualmente suspensas.
O Banco do Brasil Investimentos aponta que, no futuro, Vale (SA:VALE3) continuará trabalhando para retomar os 40Mt de capacidade interrompida após Brumadinho, com um plano de 15Mt para 2020 e 25Mt para 2021 (dependendo da concessão de autorização externa), o que leva as diretrizes de produção de IO para 340-355 Mt 2020e.
Além disso, o S11D deverá contribuir com 90Mt de minério de ferro de alta qualidade na produção deste ano, o que deve continuar a beneficiar os preços e margens realizados. Portanto, o banco mantém o preço-alvo YE20 para a VALE EUA em US$ 17,0/ação e para a VALE3 (SA:VALE3) em R$ 68/ação, mantendo o rating Outperform.
Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 3,5 bilhões de dólares nos últimos três meses de 2019, queda de 20,8% ante o mesmo período de 2018.
O Ebitda ajustado do segmento de minerais ferrosos foi de 4,538 bilhões de dólares no quarto trimestre, em linha com o trimestre anterior, apesar de menores preços de venda, o que foi parcialmente compensado por maiores volumes de venda, menores custos e maiores dividendos recebidos.