Começamos o relatório de sexta-feira com o termo “sem o racional” e iniciamos a semana da mesma maneira, porém com algo partindo da autoridade monetária americana e que pode, assim como o coronavírus, contaminar o restante dos Bancos Centrais mundo afora.
Este não é o primeiro e provavelmente não será o último sinal de pânico emitido pelo Federal Reserve, daquele que deveria ser o arauto da razão, em meio ao pânico global generalizado.
O mercado emitiu na sexta-feira o primeiro sinal de estabilização, ainda que volátil, com a recuperação dos ativos.
A decisão em cortar os juros americanos praticamente a zero a dois dias da reunião do FOMC soou o alarme de pânico, pois no ponto de vista dos investidores, a autoridade monetária possui aquele diferencial de informações que o divide do restante de nós, “reles mortais” e ao se mostrar totalmente inseguro com o ferramental que possui, a reação geral é natural, como demonstrado na abertura dos negócios.
Desde a decisão de juros que contemplava o vírus como uma realidade, o Fed deu sinais um tanto exagerados de preocupação, principalmente em meio ao cenário de incertezas que permeiam o evento.
Repetimos aqui, não é a questão de se ignorar os efeitos do vírus, mas de se tomar atitudes mais calculistas do que as que tem ocorrido, como um alerta antecipado de pandemia global, ou ações como as adotadas por Taiwan.
Agora, com o uso de um “arsenal nuclear” para lidar com o problema, o Fed preconiza, por parte de uma autoridade com poder governamental, o temor de que estamos à beira de um apocalipse econômico.
O que resta ao restante do mundo? Racionalizar o que o Fed tem feito e evitar embarcar em tal incoerência ou deixar-se levar pela mesma retórica e “queimar os cartuchos” de política monetária, ao risco de não sobrar absolutamente mais nada, além da irresponsabilidade fiscal ao extremo.
Esta pergunta que nosso Banco Central deve se fazer neste momento, às vésperas da reunião do Copom.
Na semana anterior, a abertura da curva de juros, em especial os vértices mais longos davam ao BC a oportunidade de rever o cenário que o mercado desenhava desde o comunicado pós-segundo pânico do Fed.
Agora, o espaço para se aderir ao pânico cresceu e com ele, a possível irresponsabilidade monetária.
Além dos adicionais US$700 bi do Fed Kuroda, do BoJ hoje indicou que deve acelerar a compra de ativos, em especial ETFs, “o quanto for necessário”, além de linhas de crédito a juro zero para empresas e possível aprofundamento dos juros negativos.
Deste modo, ao BC sobra “motivação externa” para um enorme corte de juros, que, todavia, deveria ser acompanhado de uma real intervenção pesada e diária no câmbio, de modo a enfrentar o amargo resultado de tal ação.
Além dos juros, seria oportunidade para o BC ou cortar o compulsório a zero ou transformar o crédito a pequenas e médias empresas como dedutível do compulsório, principalmente do setor de serviços e varejo, com juros diferenciados.
Do governo Brasileiro, a inação também assusta, pois ainda que não se deva render ao pânico do Fed, o ministério da economia deve buscar soluções além de indicar a necessidade de reformas, algo já "na conta" desde a redemocratização.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em alta, com o pânico instaurado pelo Federal Reserve.
Na Ásia, dia negativo, após o Fed cortar juros a dois dias do FOMC.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos até os 3 anos de vencimento.
Entre as commodities metálicas, quedas, com exceção ao ouro.
O petróleo abre em queda, travado entre a demanda em queda e a guerra de preços.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -23,37%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 4,8403 / 0,95 %
Euro / Dólar : US$ 1,12 / 0,450%
Dólar / Yen : ¥ 106,02 / 1,490%
Libra / Dólar : US$ 1,23 / 0,090%
Dólar Fut. (1 m) : 4843,25 / 0,64 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Janeiro 22: 5,31 % aa (-0,12%)
DI - Janeiro 23: 6,14 % aa (-15,43%)
DI - Janeiro 25: 7,17 % aa (-12,77%)
DI - Janeiro 27: 7,85 % aa (-11,60%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: 13,9089% / 82.678 pontos
Dow Jones: 9,3629% / 23.186 pontos
Nasdaq: 9,3459% / 7.875 pontos
Nikkei: -2,46% / 17.002 pontos
Hang Seng: -4,03% / 23.064 pontos
ASX 200: -9,70% / 5.002 pontos
ABERTURA
DAX: -7,739% / 8517,58 pontos
CAC 40: -9,032% / 3746,38 pontos
FTSE: -6,638% / 5009,89 pontos
Ibov. Fut.: 14,63% / 82679,00 pontos
S&P Fut.: 9,194% / 2695,90 pontos
Nasdaq Fut.: -4,545% / 7556,00 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: -2,60% / 63,61 ptos
Petróleo WTI: -5,14% / $30,07
Petróleo Brent: -7,83% / $31,19
Ouro: -1,31% / $1.512,95
Minério de Ferro: 0,73% / $90,13
Soja: -0,82% / $841,75
Milho: -0,96% / $362,25 $362,25
Café: -1,92% / $107,05
Açúcar: -3,25% / $11,32