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Momento é Delicado

Publicado 01.10.2021, 08:47
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Nos EUA, se aproxima o momento do tapering, dada a inflação “persistente” no horizonte; no Brasil, o risco é fiscal, mas também político e institucional, dada da polarização Lula Bolsonaro. Uma boa notícia, talvez, seja a entrada de Sergio Moro no game das eleições de 2022, o que deve esvaziar outras candidaturas inviáveis de “terceira via”. Todo o tabuleiro eleitoral deve mudar se Moro se candidatar a presidente. Outras alternativas são ele ser vice do Mandetta ou de João Dória ou mesmo Senador da República. 

O terceiro trimestre acabou com o mercado em elevado estresse, dados os impasses no precatório, reforma do IR parada e “prorrogação do auxílio emergencial”, talvez para abril de 2022. Na equipe econômica, a resistência a esta última possibilidade é grande, com o secretário especial do Tesouro, Bruno Funchal, ameaçando pegar o boné. O presidente Bolsonaro, “trator de sempre”, quando os temas lhe dizem respeito, não parece preocupado e deve forçar a barra pela prorrogação, não importando quais custos fiscais ou desgaste no mercado. 

Nos tradicionais ajustes técnicos de virada de mês e trimestre, quinta-feira foi de volatilidade forte. No câmbio, na disputa pelo PTAX e nas rolagens de contratos no mercado futuro, o dólar foi a R$ 5,4758 na máxima da tarde e o BACEN anunciou um swap extra de 10 mil contratos, todos absorvidos. Isso acalmou o mercado, com o dólar fechando a R$ 5,4462 (+0,29%), ganho mensal de 5,30%. No mercado de juro, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, disse que deve levar a Selic “até onde for preciso” para trazer o IPCA para a meta em 2022. Assim, a curva de juro se manteve inclinada ontem, com prêmios adicionais. Já o Ibovespa teve mais um mês de queda, -6,57%, a 110.979 pontos, o segundo pior trimestre desde o início da pandemia, só superado por jan-mar de 2020.

No exterior, como já vem sendo dito neste espaço, a retirada dos estímulos pelo Fed se aproxima, mas em paralelo, se aproxima também uma crise global de oferta de energia, com a China, por exemplo, limitada. Na Europa o cenário é muito delicado, devendo haver um choque de oferta no custo da energia elétrica. O gráfico do salto no custo de energia na Alemanha reforça isso. Em NY, as bolsas fecharam o mês no vermelho, em quedas superiores a 4% e as curvas dos treasuries se inclinaram. Momento global é delicado.   

Preço de Energia - Alemanha

  1. Relatório Trimestral de Inflação. Pelas projeções do BACEN, a economia brasileira deve crescer 4,7% neste ano e 2,1% em 2022. Pelo RTI, a economia deve continuar evoluindo bem na retomada, já em “V”, como “quer” Paulo Guedes. Sobre a inflação, previsão é de 8,5% para o IPCA, indo a 3,7% em 2022. O IPEA, por outro lado, trabalha com crescimento de 1,8% no ano que vem, dado o cenário persistente de inflação elevada. 

  2. Na política. Muitos achavam que ele já havia desistido da política, mas variados apelos o fizeram reconsiderar e reingressar no “jogo político”. Só não se sabe para qual posição. Sergio Moro pode ser candidato a presidente, vice ou Senador. São estas as hipóteses aventadas. O partido deverá ser o PODEMOS. Aliás, são vários partidos interessados. Muitos o colocam como inviável politicamente, mas isso se dá por “nobres razões”, visto que foi ele a tentar desmontar os maiores esquemas de corrupção da história Republicana (pelo grande trabalho do MP de Curitiba). Muitos, mas muitos, para o nosso desalento, estão envolvidos nestes esquemas. Boa parte da classe política (Centrão), grande parte do judiciário, envolvendo inclusive grandes autoridades de instâncias mais elevadas, muitos empresários etc. Chegou-se ao paradoxismo de muitos acharem estes variados esquemas de “propinagem”, disseminados pelo ciclo petista, algo “normal”. É a governabilidade de coalizão, ou de cooptação, colocada à prova. Agora, o homem que teve coragem de denunciar tudo isso, junto com o MP de Curitiba, volta, e eu acho muito difícil que grande parte da sociedade organizada não embarque neste projeto. Será como um “tsunami a varrer este País”. Vivemos nestes desatinos pelo poder desde 2013/14, desde o errático governo de Dilma Roussef. O BRASIL merece algo melhor, um “freio de arrumação”. Vamos acompanhando.  

  3. Teto da dívida nos EUA. Como sinalizado ontem, a Câmara aprovou um projeto de lei provisório de financiamento – jà aprovado no Senado – estendendo a destinação de recursos ao governo até o dia 03/12. Deve ser assinado por Joe Biden hoje. É o que chamam “resolução contínua”, evitando a paralisia da máquina pública, mas não resolvendo o impasse em torno do teto da dívida americana. Em paralelo, o PIB do segundo trimestre nos EUA cresceu pela taxa anualizada 6,7%, pela terceira e última leitura (esperado era 6,6%). Os gastos com consumo tiveram expansão anualizada de 12% e o núcleo do PCE 6,1% entre abril e junho, também pela taxa anualizada. 

  4. Preço dos combustíveis. Bolsonaro considera criar um fundo regulador nos preços dos combustíveis. Estes viriam dos dividendos da Petrobras (SA:PETR4), repassados à União. Arthur Lira já havia cogitado esta possibilidade, só chamando-o de “fundo de estabilização”. 

  5. Precatórios. A PEC dos precatórios deve possibilitar a extensão do auxílio emergencial até abril do ano que vem. Embora o tema não seja consensual, parte do governo e do Congresso quer evitar discutir duas PEC em simultâneo, a dos precatórios e esta do auxílio emergencial. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira e do Senado, Rodrigo Pacheco, no entanto, são contrários. Querem priorizar o Auxílio Brasil e os R$ 300 por família. 

  6. Indicadores Econômicos

Taxa de desemprego. Pela PNAD Contínua foi a 13,7% da PEA, no trimestre encerrado em julho, desacelerando frente ao trimestre encerrado em junho (14,1%). Mesmo assim, o número de desempregados ainda é elevado, 14,1 milhões. A justificar esta queda, então, o aumento de pessoas ocupadas, tendo avançado 3,6% de um trimestre a outro, 3,1 milhões de pessoas a mais, levando o contingente a 89 milhões. Com isso, o nível de ocupação aumentou 1,7 ponto percentual, a 50,2%, acima de 50% pela primeira vez desde abril de 2020. Isso significa que mais da metade da população apta a trabalhar está ocupada no País. 

MERCADOS

Todos os mercados no “vermelho” neste primeiro dia de outubro. 

O Ibovespa fechou quinta-feira em queda, reforçando mais um mês no vermelho (setembro). No pregão, recuou 0,11%, a 110.979 pontos, no mês recuando 6,57%. Já o dólar engatou o sétimo pregão em alta, ao final do dia valorizando 029%, a R$ 5,4462.

Nesta madrugada do dia 01/10, na Europa (04h05), nos futuros os mercados operavam em FORTE QUEDA. DAX (Alemanha) recuando 1,71%, a 15.000 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -1,29%, a 6.994 pontos; CAC 40 (França), -1,52%, a 6.420 pontos, e EuroStoxx50 -1,54%, a 3.985 pontos. 

Nesta madrugada do dia 01/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram em FORTE QUEDA. Nikkei (Japão) recuando 2,31%, a 28.771 pontos; S&P/ASX (Austrália), -2,00%, a 7.185 pontos; Kospi (Coreia), -1,62%, a 3.019 pontos, Shanghai (China) +0,90%, a 3.568 pontos, e Hang Seng (Hong Kong), -0,36%, a 24.575. 

Nos EUA, no futuro as bolsas operavam com perdas neste 01/10: Dow Jones recuando 0,60%, a 33.520 pontos, S&P 500, -0,56%, a 4.273 pontos, e Nasdaq -0,58%, a 14.604 pontos. No mercado de Treasuries, US 2Y recuando forte -3,32%, a 0,2794, US 10Y -2,94%, a 1,482 e US 30Y, -2,24%, a 2,044. No DXY, o dólar +0,09%, a 94,323, e risco país, CDS 5 ANOS, a 203,8 pontos. Petróleo WTI, a US$ 74,83 (-0,27%) e Petróleo Brent US$ 78,09 (-0,28%). Gás Natural em alta de 0,32%, a US$ 5,886. 

Na agenda desta sexta-feira (dia 01/10), destaque para o Deflator do Gasto Pessoal do Consumidor (PCE), usado pelo Fed nas metas de inflação. Saem também os índices de gerente de compras PMI, das indústrias americanas e europeias e o dos gerentes de compra de suprimentos (ISM) dos EUA, de setembro. Temos ainda o CPI de agosto da zona do Euro. No Brasil estejamos de olho na balança comercial e nos dados da Fenabrave. Na China, tem início o feriado de uma semana do Partido Comunista. Uma breve trégua deve nos dar fôlego diante da crise da grande imobiliária Evergrande (OTC:EGRNY). Em dois vencimentos de dívida, nestes dias, grande parte dos lotes não foram pagos. E aí??  

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