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O Fim do Superciclo Que Mal Começou?

Publicado 21.06.2021, 11:39
Atualizado 09.07.2023, 07:32

“O senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o rúim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados… Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado…”

Perdido em suas próprias veredas, o mercado anda meio parecido com Riobaldo. Parece querer demarcar demais certas linhas, como se as coisas fossem, num dia, perfeitas a um determinado segmento; e, no outro, o exato oposto daquilo.

Como há dificuldade em se trabalhar com a imperfeição, a incerteza e a ambivalência…

As coisas são curiosas. Elas exigem o pensamento de segundo nível, tão defendido por Howard Marks.

Há exata uma semana, escrevi neste espaço texto de título “De volta às techs?”, em que apontava a possibilidade de exagero na penalização anterior às ações de tecnologia. Enquanto todos proclamavam a necessidade de se comprar commodities, diante da força da economia global, e de se expor à abertura doméstica com a aceleração da vacinação, argumentava sobre uma eventual atratividade de alguns nomes de tecnologia, excessivamente penalizado nos primeiros meses do ano e negligenciado pelas narrativas do momento.

Foram poucos pregões desde então, claro, mas, de fato, o mercado bateu a “velha economia”, na pior semana do Dow Jones desde outubro, para comprar casos de crescimento e tecnologia.

Talvez a dinâmica soe contraintuitiva num primeiro momento. Na quarta-feira, o Federal Reserve alertou para as chances de uma subida antecipada do juro básico norte-americano. De imediato, o yield (rendimento) dos Treasuries de dez anos saltou de 1,50% para 1,56%, penalizando ações de crescimento, valorizando o dólar e inibindo o fluxo para mercados emergentes.

Mas o movimento não parou por aí. A preocupação com a alta dos juros, junto aos esforços chineses em coibir especulações com commodities e à perspectiva de normalização das cadeias de suprimento globais, derrubou fortemente os preços das matérias-primas. Isso comprimiu as expectativas de inflação e derrubou as taxas de juro de mercado.

Enquanto escrevo estas linhas, o yield do Treasury de dez anos marca 1,447%, notadamente abaixo do 1,50% anterior ao anúncio do Fed.

De uma forma imagética simples e grosseira, é como se a sugestão de juros subindo pelo Fed tenha, por conta dos efeitos de segunda ordem, derrubado as taxas de juro de mercado, em especial a parte mais longa.

Hoje, as commodities voltam a sofrer. O minério de ferro chegou a cair 9%, ainda se ajustando à perspectiva de aperto monetário e aos esforços chineses de conter movimentos especulativos.

Deveríamos abandonar nossas posições em commodities?

Aqui gostaria de resgatar o conceito de conflation, de Nassim Taleb. Uma ação de uma empresa produtora de commodity não é propriamente a commodity em si. Podemos ter uma notícia negativa sobre o preço da commodity e, ainda que isso cause pressão vendedora de curtíssimo prazo sobre a respectiva empresa, a ação em questão ainda ser atrativa, porque há outros elementos a ela associados além do preço da matéria-prima subjacente, sendo talvez o valuation e as expectativas embutidas naquela ação os principais.

Veja o caso de Vale (SA:VALE3), por exemplo. O ponto não é se o minério vai ou não ficar acima de US$ 200 por tonelada — muito provavelmente não vai. A questão é que, mesmo se o minério caísse mais 35%, Vale ainda estaria barata, negociando a cerca de 3,5 vezes EV/Ebitda estimado para 2022.

Outro ponto é que, por mais que sejamos investidores de longo prazo (como de fato somos), ele nada mais é do que a soma de vários curtos prazos. A cada mês que o minério passa nos níveis atuais, Vale gera 3% de seu market share na forma de fluxo de caixa livre para o acionista. É uma aberração, que deve pagar dividendos próximos a 15% neste ano.

Argumento apenas em favor da seletividade com commodities e com o desenvolvimento da habilidade de se conviver com más notícias pontuais, capazes de trazer volatilidade de curto prazo às ações.

Em paralelo, a correção recente das matérias-primas pode trazer uma oportunidade muito interessante para as incorporadoras. O setor ainda está largado em Bolsa e o aço doméstico já está entre 15% e 20% mais caro do que aquele praticado na Turquia. O mercado bateu bastante nas homebuilders por conta de pressão de margens derivadas de preço de insumos. Se o fluxo de notícias se inverter e aumentar affordability nos próximos meses, isso aqui pode pegar bastante tração. Os centros urbanos são essencialmente economias de serviços e isso só começa a voltar agora. O segundo semestre pode ser bastante promissor. Até lá, faltam dez dias. Eu não vou perder esse trem.

Últimos comentários

Se o país não investe em tecnologia de ponta, só resta aumentar a eficiência do escoamento das commodities e na construção civil...
O que percebo é que os analistas não sabem muito bem o que estão falando, o que eles não falam pela manhã não para em pé a tarde.  Digo isso, na Casa de Researc que assino, já falei pros caras, poxo se você não tem sabe, então crava, não sai fazendo previsões como se fosse um gênio da lâmpada. Algumas pessoas tomam decisão baseado nessas suas indecisões.
A China sempre tenta de alguma forma impor alguns controles que o "senhor mercado de mão invisível" aceita enquanto lhe é conveniente, seja para gerar acumulação, ou simplesmente para realocar capital.
De fato a locomotiva já está em alta velocidade, EV EBITDA da VALE é boçal, desproporcional ao preço atual. Postura da China, "desespero" é natural, afinal, um salto de + de120% na matéria prima do aço estremece qualquer cliente. Os U$170 está de bom tamanho pra solidificar o super-ciclo. afinal quando acabar os vendidos não terão dó, então tem que aproveitar msm.
O Brasil ficou para trás na recuperação econômica Mundial, e de alguma forma a tendência é de avanço do mercado doméstico nos próximos meses.
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