A ata do FOMC acabou levemente mais dovish do que o esperado, sem sinalizações de um aperto monetário mais rigoroso a partir de março, não mais em 0,50, mas talvez em 0,25 pp. Os diretores do Fed preferem aguardar os indicadores e com isso, ir adotando medidas.
Isso acabou gerando uma “reprecificação” geral dos ativos, com o enfraquecimento do dólar, queda dos yelds dos treasuries de dois anos e recuperação da bolsa de NY.
No Brasil, o mesmo ocorreu, com o dólar “rompendo” R$ 5,13 ao fim da tarde, no menor patamar intraday desde agosto, depois de atravessar R$ 5,14, um “ponto técnico” relevante. O Ibovespa operou em boa alta, com Petrobras (SA:PETR4) pontuando, pelo petróleo acima de US$ 90, e no mercado de juros futuros, os longos recuaram, enquanto que os médios e curtos operaram quase estáveis.
Por fim, nesta “batalha de narrativa” que se transformou o “não conflito Rússia Ucrânia”, seguem os russos estacionados com tropas na fronteira, não retirando-as totalmente, mas sim acrescentando, segundo assessores do Departamento de Estado dos EUA. Isso significa que o “pior cenário” ainda não está afastado e muito ainda precisa evoluir para que ambas as partes estabeleçam alguma relação de confiança mais consistente.
Sobre a ata do FOMC
Possível que em março, na reunião do FOMC dos dias 15 e 16, o Fed autorize a elevação do Fed Funds em 0,25 pp, 0,25% a 0,50%, e não mais intenso, em 0,50 pp. As próximas elevações, no entanto, devem depender das condições econômicas. Não dá para afirmar se serão cinco, seis ou sete. Como disse Harker, diretor do Fed, “precisamos fazer o que precisamos para conter a inflação, mas sem exageros”.
As condições do mercado de trabalho indicam estar próximas do “pleno emprego”, faltando mão de obra para certas atividades, o que eleva o salário hora como um todo. O que se tem aqui, no agregado, é o aumento do salário real acima da produtividade, o que tende a gerar mais inflação pelo lado da espiral preços-salários.
Os diretores do Fed não descartam uma piora da pandemia, com riscos negativos, possibilidade de escalada das tensões geopolíticas ou aperto significativo nas condições financeiras. Aqui, prevalece a leitura de um “estouro de bolha”, uma ruptura no mercado imobiliário, ou outra crise financeiro no horizonte.
O timing para a redução do balanço fica para as próximas reuniões. Acham os diretores, também, que terão que rever a faixa-alvo para as taxas em breve.
Nas previsões, muitos não descartam a taxa de juros acima de 2% ao fim de 2024, com a inflação, pelo PCE, prevista em 2,6% em 2022 e 2,0% em 2023.
Projeto dos combustíveis
Parece-nos claro que um dos obstáculos para aprovar este projeto de isenção aos preços dos combustíveis se encontra na resistência dos “entes federativos;’. Os Secretários de Fazenda Estaduais reagem a possíveis mudanças do ICMS. São contrários, portanto, à alíquota única, que, aliás, pela reforma tributária, já deveria ter sido aprovada. Todo este imbróglio tende a “embaralhar” ainda mais a já tensa relação do ministro da Economia Paulo Guedes com o Centrão, estes querendo desonerar mesmo e aumentar despesas, enquanto que Guedes já pensa num mega pacote de crédito para o setor produtivo. Este, de R$ 100 bilhões, deve ser anunciado na semana que vem. Há claramente aqui uma disputa de poder entre Economia e Centrão.
Pesquisas eleitorais
Na mais recente, PoderData, Lula tem 40% em primeiro turno, e Bolsonaro 31%. A distância entre ambos recuou cinco pontos. Em meados de janeiro estava em 42% a 28%. A justificar isso, os auxílios emergenciais aprovados, dentre outras medidas para agradar o eleitorado de baixa renda. Em terceiro, seguem Sergio Moro com 9% e Ciro Gomes, 4%.
INDICADORES
Nos EUA
Vendas de varejo deram uma boa reagida entre dezembro e janeiro, crescendo 3,8%, acima da previsão de 2,1%, depois de recuarem 2,5% em dezembro. Sem automóveis, alta foi de 3.3%.
Produção industrial cresceu 1,4% contra consenso de 0,4% e as vendas 0,2%. Estas parecem ter perdido fôlego, em função do clima, com forte demanda por energia das concessionárias. Por outro lado, a falta de trabalhadores pode ter influenciado, assim como a baixa produção de automóveis, pela ausência de componentes (microships).
Para o ano, a previsão é de produção industrial mais consistente, mas mais fraca do que em 2021. Acúmulo de entregas atrasadas deve manter o setor aquecido.
No Reino Unido
CPI de janeiro acelerou a 5,5% pela taxa anualizada, maior nível desde 1992, e acima das expectativas (5,4%). Diante disso, a inflação se distancia cada vez mais do centro da meta, não sendo surpresa se o BoE elevar o juro em 0,5 pp na próxima reunião do comitê de política monetária. Foi a quarta aceleração seguida, com as maiores contribuições de energia, combustível, alimentos e carros usados. Expectativa é de uma inflação de 7,25% anual em abril.
Na China
CPI de janeiro registrou 0,9%, em linha com as projeções. Já o PPI foi a 9,1% pela taxa anualizada, mais fraco do que em dezembro (10,3%). Enfraquecimento da inflação abre espaço para novos estímulos. A queda da inflação, no atacado e no varejo, se deu pelo enfraquecimento da demanda no setor imobiliário, novas restrições do Covid e esforço do governo de conter o aumento no custo de materiais. Isso configura que o Banco Popular da China deve manter uma política monetária acomodatícia no curto prazo.
MERCADOS
No Brasil, o Ibovespa fechou quarta-feira (16) em alta de 0,31%, a 115.180 pontos, maior patamar desde 14 de setembro de 2021. Foi o sétimo dia seguido em alta. Já o dólar fechou em queda de 0,99%, a R$ 5,129, retratando a oportunidade de aproveitar o spread entre juro interno e externo. É a menor cotação da moeda norte-americana desde 29 de julho ano passado, quando era vendida a R$ 5,079.
Nos futuros do dia 17 de fevereiro (5h11), o Ibov AVANÇAVA 1,64%, a 116.696 pontos e o dólar a R$ 5,137. No mercado de Treasuries, BR 2Y RECUANDO FORTE 5,39%, a 11,52, BR 5Y -0,28%, a 11,07, e BR 10Y, -0,43%, a 11,14. Ao fim, o “risco Brasil”, CDS 5 ANOS, a 222,3 pontos.
Na madrugada do dia 17/02, na Europa (05h12), os mercados futuros operavam MISTOS (AJUSTE): DAX (Alemanha) +0,39%, a 15.430 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,15%, a 7.592 pontos; CAC 40, +0,73%, a 7.015 pontos, e EuroStoxx50 +0,48%, a 4.157 pontos.
Na madrugada do dia 17/02, na Ásia (5h11), os mercados operaram em ALTA (maioria): S&P/ASX (Austrália), +0,16%, a 7.296 pontos; Nikkei (Japão) -0,83%, a 27.232 pontos; KOSPI (Coréia), +0,53%, a 2.744 pontos; Shanghai +0,06%, a 3.468, e Hang Seng, +0,04%, a 24.728 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY, NO MERCADO FUTURO, operavam em QUEDA neste dia 17/02 (05h12): Dow Jones, -0,18%, 34.787 pontos; S&P500 -0,32%, 4.455 pontos, e Nasdaq -0,18%, a 14.577 pontos. No VIX S&P500, +1,13%, 24,75 pontos.
No mercado de Treasuries, US 2Y RECUANDO 1,01%, a 1,5135, US 10Y -1,61%, a 2,0120, e US 30Y, -1,16%, a 2,3370. No DXY, o dólar EM ALTA DE 0,07%, a 95,77, e Petróleo WTI, a US$ 92,81 (-0,91%) e Petróleo Brent US$ 94,02 -0,83%); Gás Natural -1,72%, a US$ 4,64 e Minério de Ferro, -3,79%, a US$ 684.
Agenda. Destaque para os pedidos iniciais de seguro desemprego, as licenças de construção de janeiro e o Índice de atividade Industrial do FED da Filadélfia, todos indicadores dos EUA.