Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Dia agitado para os mercados, com expectativa para as primeiras decisões de política monetária neste ano nos Estados Unidos e no Brasil. Na chamada “Super Quarta”, o consenso dos analistas é de que os juros subam 0,25 ponto percentual nos EUA e fiquem mantidos em 13,75% a nível local. Atenções dos investidores estão voltadas ao tom dos comunicados, que tendem a buscar ancorar as projeções dos agentes.
Juros: Com temor de recessão, mercado espera que Fed reduza ritmo de alta
Fed
O Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve, do Investing.com, indica que 99,4% dos analistas de mercado precificam uma taxa de juros indo para faixa entre 4,5% e 4,75%. Os olhares estão voltados ao comunicado e à fala de do presidente do Fed Jerome Powell após a decisão, tendo em vista que não será dia de divulgação dos “dot plots”, com projeções futuras a respeito da economia americana que embasariam a política monetária.
Após a primeira reunião do ano do Federal Open Market Committee (FOMC), o chairman deve tentar convencer os mercados que ainda é necessário adotar uma política rígida contra a inflação e não é a hora de relaxar, visando ancorar as expectativas. Na visão do Barclays (LON:BARC), o trabalho do Fed ainda não terminou, ainda que os últimos dados tenham dado uma trégua.
A meta de inflação nos EUA é de 2%. O Índice de Preços medido pelo PCE, indicador chave para o Fed, chegou a uma alta anual de 5% em dezembro, abaixo do resultado prévio de 5,5%.
Para o Goldman Sachs (NYSE:GS), o principal foco de atenção hoje é uma possível indicação sobre próximas altas neste ano. O banco projeta mais outros dois aumentos de 0,25 ponto percentual em março e maio. No entanto, pondera que a fraca confiança empresarial e outros indicadores que elevam o temor de uma recessão podem fazer com que altas menores sejam necessárias.
O banco Santander acredita que a taxa terminal deste ano chegará 5%. “A sinalização deve ser de que, apesar de uma desaceleração, o Fed deve se manter vigilante”, afirma o economista Mauricio Oreng em entrevista ao Investing.com Brasil.
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Copom
Para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os investidores vão verificar com atenção o balanço de riscos que deve apontar um ambiente de aumento da incerteza e de altas nas expectativas inflacionárias, conforme apontado pelo Boletim Focus. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, terminou 2022 em 5,79% no acumulado do ano, quando o centro da meta era de 3,5% e o limite de 1,5 ponto percentual.
A meta para inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2023 é de 3,25% em 2023, com a mesma margem de tolerância.
Essa é a primeira reunião de política monetária após a posse do governo eleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio à ruídos sobre a política econômica e expectativa para definição do novo arcabouço fiscal que deve substituir o texto de gastos.
O tom do comunicado do Banco Central também deve ser voltado a ancorar as expectativas novamente. Na visão de Fabricio Silvestre, economista do TC, enquanto não for anunciado o arcabouço fiscal, a autoridade monetária deve demonstrar cautela. “A possibilidade da queda deve estar de acordo com a credibilidade desse arcabouço”, acredita Silvestre.
Quer saber mais detalhes sobre o Regime de Metas de Inflação brasileiro? Confira o vídeo abaixo: