Investing.com - O foco do mercado na semana que se inicia estará em grande parte sintonizado com as próximas etapas da guerra comercial potencial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, em especial a China e a União Europeia.
Os temores relativos à guerra comercial estão em ebulição há meses, mantendo os ganhos do mercado limitados, já que investidores estão preocupados com as perspectivas de que uma nova escalada nas tensões tenha impacto no crescimento econômico.
A semana a seguir será a mais agitada da temporada de resultados do segundo trimestre em Wall Street, com muitos dos grandes nomes do setor de tecnologia dos EUA, como Alphabet (matriz do Google), Facebook e Amazon preparados para divulgar seus números nos próximos dias.
Também há dados importantes sobre o crescimento dos EUA no segundo trimestre nesta semana, que deverão mostrar que a economia expandiu em seu ritmo mais rápido em quatro anos no período de abril a junho.
Enquanto isso, com relação a bancos centrais, os mercados estarão de olho na reunião de política monetária do Banco Central Europeu para obter mais orientações sobre quando o banco central planeja aumentar as taxas de juros.
Antes da semana que está por vir, a Investing.com compilou uma lista com os cinco maiores eventos do calendário econômico com grandes chances de afetar os mercados.
1. Tensões comerciais entre EUA e China
A escalada na retórica comercial irá manter os investidores atentos uma vez que observam novos acontecimentos em meio a uma guerra comercial em formação entre EUA e China.
O presidente Donald Trump alertou na sexta-feira que estava pronto para impor tarifas sobre todos os US$ 500 bilhões em bens importados dos EUA da China; esses comentários ameaçaram intensificar um confronto comercial com o gigante da Ásia.
As duas maiores economias do mundo pareciam estar cada vez mais se dirigindo para uma guerra comercial depois que várias rodadas de negociações não conseguiram resolver as queixas dos EUA sobre a política industrial chinesa, o acesso ao mercado do país e um déficit comercial de US$ 375 bilhões.
Washington já impôs tarifas sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses, com outros US$ 200 bilhões de sendo examinados. Em troca, Pequim impôs sobretaxas sobre o mesmo valor em produtos norte-americanos.
Além disso, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse na sexta-feira que os EUA estão monitorando a recente fraqueza do yuan da China, e analisará se a moeda foi manipulada.
Os comentários de Mnuchin levantaram o espectro de designar a China como um manipulador de moedas pela primeira vez desde os primeiros dias da administração Trump em 2017.
O yuan perdeu 7,5% de seu valor em relação ao dólar desde o final do primeiro trimestre, provocando especulações de que os políticos chineses estão permitindo que sua moeda enfraqueça para compensar o impacto das tarifas comerciais dos EUA, fazendo suas exportações mais competitivas.
2. Reunião entre Trump e Juncker
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deve se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington na quarta-feira para discutir as relações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos.
A reunião acontece depois que os EUA impuseram tarifas sobre o aço e o alumínio da União Europeia e em meio às repetidas ameaças de Trump de estender essas medidas para os carros europeus.
O principal assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, disse na semana passada que esperava que Juncker viesse com uma oferta comercial "significativa".
No entanto, as autoridades da UE têm procurado reduzir as expectativas sobre o que Juncker pode alcançar e minimizaram as sugestões de que ele chegará com um novo plano para restaurar as boas relações.
O bloco anteriormente se ofereceu para abrir seus mercados mais amplamente para as importações dos EUA, incluindo carros, como parte de um acordo comercial recíproco, porém limitado, mas Washington rejeitou a proposta.
3. Google, Facebook, Amazon como destaque em semana cheia de resultados
Cerca de 170 empresas constituintes do S&P 500 e 11 empresas constituintes do Dow deverão divulgar seus resultados financeiros nesta semana que será a primeira grande semana da temporada de resultados do segundo trimestre.
A maior parte do foco estará sobre o grupo de ações FANG. Alphabet (NASDAQ:GOOGL), matriz do Google, divulga resultados após o fechamento de segunda-feira, seguida por Facebook (NASDAQ:FB) após o fechamento de quarta-feira e Amazon (NASDAQ:AMZN), que apresenta seus números na quinta-feira após o fechamento do mercado.
Alguns de outros nomes de alto perfil do setor de tecnologia que farão a divulgação nesta semana são Twitter (NYSE:TWTR), Intel (NASDAQ:INTC), Spotify (NYSE:SPOT), Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD), PayPal (NASDAQ:PYPL) e Qualcomm (NASDAQ:QCOM).
Entre os nome fora do setor de tecnologia, Boeing (NYSE:BA), McDonald’s (NYSE:MCD), 3M (NYSE:MMM), United Technologies (NYSE:UTX), Exxon Mobil (NYSE:XOM), Chevron (NYSE:CVX), Verizon (NYSE:VZ), AT&T (NYSE:T), Comcast (NASDAQ:CMCSA), Coca-Cola (NYSE:KO), UPS (NYSE:UPS), General Motors (NYSE:GM), Visa (NYSE:V), Mastercard (NYSE:MA), Ford (NYSE:F), e Starbucks (NASDAQ:SBUX) também estão em pauta nesta semana.
Até o momento, 87 empresas constituintes do S&P 500 divulgaram seus últimos resultados trimestrais, das quais 83% superaram o consenso das estimativas, segundo a FactSet.
4. PIB dos EUA no segundo trimestre
Investidores estarão de olho na leitura preliminar do crescimento dos EUA no segundo trimestre às 09h30 da sexta-feira na busca de mais indicações sobre quando e com que rapidez o Federal Reserve irá aumentar as taxas de juros.
O relatório deve mostrar que a economia expandiu a uma taxa anual de 4,1% no período de abril a junho, quase o dobro do resultado do primeiro trimestre. Seria a taxa mais alta de crescimento desde o terceiro trimestre de 2014.
Além do relatório do PIB, o calendário econômico desta semana, bastante leve, também apresenta dados sobre vendas de imóveis usados e encomendas de bens duráveis.
Jerome Powell, presidente do Fed, fez uma avaliação otimista sobre a economia dos EUA durante o seu depoimento ao Congresso dos EUA na semana passada, reafirmando as expectativas de dois aumentos adicionais dos juros do banco central neste ano.
No entanto, Trump lançou um ataque raro ao banco central dos EUA no final da semana passada, alegando que seus planos para elevar as taxas de juros corriam o risco de minar seus esforços para fortalecer a economia.
Ele também lamentou a força do dólar americano em postagens no Twitter e acusou a China e a União Europeia de manipulação de moeda e de taxa de juros que, segundo ele, colocou os EUA em desvantagem.
5. Reunião de política monetária do Banco Central Europeu
É praticamente certo que o Banco Central Europeu manterá as taxas de juros em seus baixos níveis recordes atuais na conclusão de sua reunião de política monetária às 08h45 de quinta-feira.
Mario Draghi, presidente da instituição, participará de uma entrevista coletiva 45 minutos após o anúncio da taxa de juros que será observada de perto uma vez que investidores buscam mais indicações sobre quando o banco central planeja começar a elevar os custos de crédito.
Em sua reunião anterior, em junho, o BCE se comprometeu a manter as taxas de juros nos níveis atuais até "pelo menos até o verão" de 2019.
Alguns decisores do BCE aparentemente ainda querem um aumento da taxa de junho de 2019, enquanto outros veem as tensões comerciais como um motivo para manter a política acomodatícia por mais tempo.
De acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, realizada de 10 a 18 de julho, o BCE aumentará as taxas no terceiro trimestre do próximo ano, antes que o mandato do presidente Mario Draghi termine em outubro de 2019.
O calendário desta semana também apresenta pesquisas sobre o PMI de julho sobre a atividade do setor da indústria e do setor de serviços, que devem dar alguma indicação de como a economia da região está lidando com conflitos comerciais globais, política italiana e negociações do Brexit.
Fique por dentro de todos os eventos econômicos desta semana acessando: http://br.investing.com/economic-calendar/