Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com - Os índices futuros dos EUA operavam com leve alta nesta quarta-feira, após os mercados acionários se estabilizarem na sessão anterior, recuperando-se das quedas acentuadas no início da semana provocadas pelo lançamento de um novo modelo de IA na China.
Os investidores aguardam a divulgação dos balanços trimestrais de grandes empresas de tecnologia após o fechamento do pregão, enquanto monitoram o anúncio da taxa de juros pelo Federal Reserve.
Paralelamente, a fabricante holandesa de chips ASML (AS:ASML) apresenta forte demanda no quarto trimestre, enquanto a gigante do setor de luxo LVMH revela crescimento abaixo do esperado nas vendas.
No Brasil, o Copom define taxa de juros nesta quarta.
1. Nasdaq e S&P futuro sobem
Os contratos futuros do Nasdaq 100 e do S&P 500 apresentam leve alta nesta quarta-feira, com investidores de olho nos balanços de gigantes do setor de tecnologia e na decisão de juros do Federal Reserve, enquanto ainda avaliam os impactos da forte liquidação no início da semana, desencadeada pelo lançamento de um modelo de IA de baixo custo da startup chinesa DeepSeek.
Às 7h57(de Brasília), o Nasdaq 100 subia 0,37%, o S&P 500 se valorizava 0,08%, e o Dow perdia 0,03% no mercado futuro.
Os três principais índices fecharam em alta na terça-feira. O Nasdaq Composite, em especial, subiu 392 pontos (+2,0%), recuperando parte das perdas da véspera, quando investidores temeram que o modelo da DeepSeek pudesse tornar desnecessários os elevados investimentos em IA por parte das big techs.
Entre os destaques do Nasdaq, as ações da Nvidia (NASDAQ:NVDA) saltaram 8,9%, após uma forte queda na segunda-feira que eliminou um recorde de US$ 593 bilhões em valor de mercado da empresa em Wall Street.
Segundo analistas da Vital Knowledge, "a narrativa predominante reagiu fortemente contra o pessimismo associado à DeepSeek, com alguns descartando a relevância do produto e suas potenciais implicações negativas para os investimentos do setor, enquanto outros enxergaram o avanço como um catalisador para uma aceleração na demanda".
O foco agora se volta para os balanços trimestrais de gigantes da tecnologia, que vêm ditando os rumos do mercado nos últimos meses.
A Microsoft (NASDAQ:MSFT), a Meta Platforms (NASDAQ:META) e a Tesla (NASDAQ:TSLA) divulgarão seus resultados após o fechamento de Wall Street nesta quarta-feira, seguidas pela Apple (NASDAQ:AAPL) na quinta-feira.
Essas empresas fazem parte do grupo conhecido como "7 Magníficas", que tem sido um dos principais motores da alta dos mercados nos últimos dois anos.
O tema IA deverá dominar as análises dos resultados, especialmente após a turbulência desencadeada pelo avanço da DeepSeek. Empresas do Vale do Silício já sinalizaram que pretendem investir bilhões de dólares no desenvolvimento de infraestrutura para IA, apostando no potencial de monetização dessa tecnologia emergente.
Contudo, a ascensão do modelo da DeepSeek, desenvolvido com chips menos potentes e um orçamento de apenas US$ 6 milhões, levantou questionamentos sobre a viabilidade desses investimentos em larga escala. Diante desse cenário, investidores estarão atentos às declarações das lideranças do setor sobre o tema, apontam analistas.
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2. Decisão do Fed
O Federal Reserve deve manter as taxas de juros inalteradas ao término de sua reunião de dois dias nesta quarta-feira.
Em relatório a clientes, analistas do ING afirmaram que o banco central precisaria observar uma "deterioração intensa" na economia dos EUA, além de uma inflação mais baixa, para justificar um corte nos juros, atualmente na faixa de 4,25% a 4,5%.
"Por ora, o mercado de trabalho e os salários estão desacelerando gradualmente, mas ainda não o suficiente para retomar o ciclo de afrouxamento", acrescentaram. Segundo a precificação dos mercados, as condições para um corte só devem ser atendidas em junho.
Dessa forma, o foco dos investidores pode se voltar à coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell. Analistas esperam que ele comente sobre a recente turbulência nos mercados acionários e sobre a independência da instituição diante das pressões políticas do presidente dos EUA, Donald Trump.
3. Balanços da ASML e LVMH
O humor dos investidores melhorou nesta quarta-feira após os sólidos resultados da gigante holandesa de semicondutores ASML, trazendo alívio após a liquidação do setor de tecnologia no início da semana.
As ações da ASML dispararam 10%, impulsionadas pela forte demanda no quarto trimestre por seus equipamentos mais avançados para fabricação de chips, superando as projeções do mercado, apesar das preocupações sobre os impactos do modelo de IA de baixo custo da DeepSeek nos investimentos do setor.
Por outro lado, os papéis da LVMH recuaram 4%, uma vez que o crescimento das vendas da gigante do setor de luxo frustrou expectativas, contrastando com os sólidos resultados de concorrentes e a recente valorização do setor.
As ações da Remy Cointreau também cederam, após a produtora francesa de destilados afirmar que agora prevê uma queda próxima de 18% nas receitas do ano fiscal de 2024/25, no piso de sua projeção anterior. A empresa citou a incerteza sobre a recuperação da demanda nos EUA e o agravamento das condições de mercado na China.
4. Petróleo recua
Os preços do petróleo se mantêm estáveis nesta quarta-feira, após o aumento nos estoques de petróleo bruto nos EUA pressionar as cotações, ampliando as preocupações sobre o crescimento global, que já vinham sendo intensificadas pelo possível impacto do amplo plano tarifário do presidente Donald Trump.
Às 8h01, os futuros do petróleo dos EUA (WTI) caíam 1,02%, para US$73,02 por barril, enquanto o contrato do Brent recuava 1,01%, para
Os estoques de petróleo nos EUA cresceram 2,86 milhões de barris na última semana, de acordo com dados do Instituto Americano de Petróleo (API), interrompendo uma sequência de nove semanas de queda. O aumento ocorreu em meio à maior demanda por aquecimento devido ao frio intenso e ao aumento da atividade de viagens durante as festas de fim de ano.
O relatório oficial da Administração de Informação de Energia (EIA), órgão estatístico do Departamento de Energia dos EUA, será divulgado ainda hoje.
Os contratos de referência do petróleo atingiram mínimas de várias semanas no início da semana, pressionados pelo avanço da produção nos EUA, pelos planos do governo Trump de impor tarifas comerciais a grandes economias e por dados econômicos fracos vindos da China.
5. Copom define juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide hoje o patamar da taxa de juros Selic, com a expectativa de mercado de um aumento de 100 pontos-base, conforme forward guidance da última reunião, que antecipou duas novas altas na mesma magnitude.
Para a reunião de maio, no entanto, o mercado está dividido, de acordo com pesquisa do BTG (BVMF:BPAC11) com gestores de carteiras, traders, economistas e estrategistas de instituições financeiras. O estudo mostra que haveria divisão entre uma alta de 50pb ou 75pb em maio, com predomínio ligeiramente para 75 pb.
Ciclos de ajuste de 100 pontos-base não tão muito comuns, de acordo com relatório do Itaú (BVMF:ITUB4), mas sim um ritmo médio entre 50 e 75 pb, com ritmo mediano em 50 pb.
“O comitê usualmente inicia com movimentos entre 25 e 50 pb., mesmo ritmo em que costuma encerrar os ciclos de afrouxamento ou aperto monetário”, esclarece o banco.
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