Investing.com – Em meio a um cenário de juros e inadimplência elevados, pressionando resultados financeiros e receitas, a temporada de balanços do terceiro trimestre chegou ao fim, mas analistas divergem se ela teria sido positiva ou negativa. Enquanto o Santander Brasil apontou uma visão mais pessimista, XP avaliou a temporada com dados fracos como relativamente neutra, enquanto Guide e Genial consideraram as informações financeiras de companhias listadas na B3 (BVMF:B3SA3) no período como positivas.
Banco Santander Brasil (BVMF:SANB11)
Na visão do Santander, os resultados das empresas brasileiras sob cobertura do banco foram afetados pelas condições financeiras mais restritivas novamente. O banco apontou uma diminuição anual de 23% no lucro líquido médio. Enquanto isso, a receita média apresentou queda de 4% e o EBITDA 8%.
“Comparando os números com as previsões das nossas equipas para as empresas sob a nossa cobertura, cerca de 31% das empresas reportaram EBITDA acima do nosso expectativas, enquanto cerca de 15% das empresas reportaram EBITDA abaixo das nossas expectativas. Em termos de lucro líquido, cerca de 50% das empresas superaram nossas expectativas, enquanto cerca de 29% ficaram aquém”, detalham as analistas Aline de Souza Cardoso e Luane Fontes, em relatório.
O Santander aponta que os setores de transportes, instituições financeiras, educação e construção relataram os maiores aumentos anuais na receita líquida, enquanto setores como Celulose e Papel e Petróleo, Gás e Petroquímica foram os destaques negativos.
Considerando o lucro, “os setores de varejo, construção residencial e educação relataram os aumentos mais fortes em relação ao ano anterior. Em relação ao desempenho do varejo, é importante salientar que o desempenho do sector foi geralmente visto como insatisfatório – em geral, o forte desempenho do sector foi alimentado por números favoráveis de apenas duas empresas”, recorda o Santander.
XP Investimentos (BVMF:XPBR31)
A XP Investimentos considerou os dados como fracos, como esperado, e a temporada seria, em geral, considerada mista.
De acordo com os estrategistas Fernando Ferreira e Jennie Li, entre as empresas que possuem cobertura pela XP, 35% registraram receitas superiores ao esperado, 20% abaixo e 45% em linha. Em relação ao Ebitda, 35% foram melhores do que o esperado, 50% em linha e 15% tiveram dados piores. Considerando o lucro líquido, 57% das companhias na cobertura apresentaram indicador maior do que o previsto, 27% menor e 16% conforme projetado.
“No geral, as receitas reportadas pelas empresas sob nossa cobertura vieram -1,1%, abaixo das estimativas da XP, enquanto o número agregado do Ebitda foi praticamente em linha e a surpresa do lucro líquido foi de +5,3%”, destacam.
Genial Investimentos
A Genial Investimentos possui uma visão de contraponto. Em seu entendimento, os dados da temporada de balanços ainda demonstram ambiente macroeconômico difícil, mas sinalizam perspectiva de melhora por vir.
“A temporada de balanços do 3º trimestre de 2023 mostrou um panorama animador para as empresas, com a maioria dos resultados estando em linha ou acima das expectativas do mercado. Um aspecto notável foi o aumento significativo das surpresas positivas relacionadas às receitas, destacando a capacidade das empresas de superar previsões”, avaliou a Genial.
De acordo com a Genial, haveria uma tendência positiva, com eventual ponto de inflexão para receitas, EBITDA e lucro por ação, além da diminuição no nível de alavancagem.
“A combinação de resultados corporativos fortes com um cenário de juros decrescentes pode criar um ambiente favorável para o crescimento e a valorização das empresas, potencialmente impulsionando os mercados de ações nos próximos anos”, conclui o analista Filipe Villegas.
Guide Investimentos
A Guide Investimentos também avalia a temporada como positiva. "Os números ficaram um pouco acima do esperado e trouxeram algumas melhoras em diversos setores, como financeiro, varejo e educação. Com a queda dos juros, os lucros devem continuar crescendo em 2024”, aponta Fernando Siqueira, head de research da Guide.
Siqueira elenca como destaques positivos o setor financeiro, principalmente Itaú (BVMF:ITUB4) e Santander, enquanto Bradesco (BVMF:BBDC4) novamente foi o destaque negativo.
“No varejo, os números também mostraram melhora, principalmente em algumas empresas que vinham sofrendo com a concorrência externa e demanda interna fraca, como vestuário (C&A (BVMF:CEAB3), Soma e Centauro (BVMF:SBFG3) foram os destaques positivos). O ponto fraco do varejo foi o e-commerce mais uma vez. Os shoppings também mostraram bons números. Outro destaque positivo foi Totvs”, conclui.
Para a Guide, os dados trimestrais ajudam a explicar o bom desempenho do Ibovespa em novembro até agora."