Os mercados acionários de Nova York fecharam sem sinal único, nesta sexta-feira. As bolsas chegaram a exibir ganhos no início do dia, mas perderam fôlego e prevaleceu em boa parte do dia o quadro de cautela recente, o que fez com que o índice S&P 500 chegasse a entrar em parte do pregão no chamado "bear market", caracterizado por queda de 20% em comparação com o pico mais recente, de 4 de janeiro. Na reta final do dia, porém, parte dos índices ainda conseguiu reagir e exibir ganho modesto.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,03%, em 31.261,90 pontos, o S&P 500 subiu 0,01%, a 3.901,36 pontos, e o Nasdaq recuou 0,30%, a 11.354,62 pontos. Na comparação semanal, o Dow Jones registrou queda de 2,90%, o S&P 500 cedeu 3,05% e o Nasdaq teve baixa de 3,82%.
O início dos negócios teve tom mais otimista, com as bolsas europeias apoiadas pela decisão do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) de cortar juros, apoiando a economia da potência asiática. Logo, Nova York voltou a repetir o quadro recente de cautela e venda de ações, com investidores preocupados com questões como a elevada inflação, o aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para conter a escalada dos preços, a perda de fôlego de empresas varejistas e outras incertezas, como os desdobramentos da guerra na Ucrânia. Nos minutos finais do pregão, houve ainda tempo para nova reviravolta, resultando no fechamento misto.
A Oanda diz em relatório que o "bear market" do S&P 500 não seria algo previsto no início do ano. Para ela, a inflação persistente, "erros" na política monetária do Fed e os temores de recessão afetam investidores. No nível atual, a Oanda acredita ainda que pode haver mais pressão de baixa sobre as ações, com vendas por fatores técnicos. Ela diz também que os mercados devem continuar a mostrar pouco fôlego até que o Fed comece a mostrar sinais de que se preocupa com as condições financeiras e dizer que "pode parar de conduzir um aperto de modo tão agressivo".
O CIBC, por sua vez, destaca o fato de que balanços de varejistas motivaram a onda de vendas de ações nesta semana. Segundo o banco canadense, o maior risco atual para o mercado acionário é que o crescimento e a inflação não mostrem resposta suficiente às etapas iniciais do aperto monetário. Isso poderia fazer o Fed apertar ainda mais sua política e aumentaria o risco de uma recessão, diz o CIBC.
Papéis ligados ao consumo não tiveram sinal único nesta sexta. Entre alguns setores, o financeiro, o industrial e o de serviços de comunicação caíram, mas tecnologia, energia e saúde estiveram entre os que subiram. Entre ações em foco, Tesla (NASDAQ:TSLA) caiu 6,42%, após a Bloomberg noticiar que um fundo deixou de ter o papel como sua principal aposta e também com preocupações sobre a economia da China, mercado importante da empresa de Elon Musk - que nesta sexta visitou o Brasil.
Amazon (NASDAQ:AMZN) subiu 0,25%, Apple (NASDAQ:AAPL) avançou 0,17%, Microsoft (NASDAQ:MSFT) caiu 0,23%, e Alphabet (NASDAQ:GOOGL) teve baixa de 1,34%. Entre as montadoras, General Motors (NYSE:GM) fechou em baixa de 1,99% e Ford (NYSE:F), de 2,72%. Boeing (NYSE:BA) registrou queda forte, de 5,07%, enquanto entre os bancos JPMorgan (NYSE:JPM) caiu 0,82% e Bank of America (NYSE:BAC), 1,71%.